terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Um ano para esquecer

Enfim, 2010 vai nos dando adeus. Para este que vos fala, foi um dos piores anos no âmbito pessoal com certeza absoluta. Nunca tinha conseguido reunir tantos fracassos, tantas frustrações e desperdiçar tantas chances incríveis como neste fatídico 2010.

Olho para trás e vejo que praticamente joguei um ano de vida fora. Não fiz nada de útil, e quando tentei, fracassei vergonhosamente, escancarando todas as minhas fraquezas, os meus medos, me obrigando a rever quase todos os meus conceitos que tinha sobre mim mesmo. Me acostumei com o gosto amargo da derrota, do escárnio dos próximos, com as indiretas e com toda a hipocrisia, que talvez seja o que mais dói.
2010 foi o ano em que as minhas neuroses foram mais intensamente atuantes, em todos os aspectos possíveis; foi o ano em que eu mais perdi tempo pensando com fervor, e lógicamente por isso foi o ano no qual mais me torturei e fiquei deprimido, já que o dom de pensar racionalmente é o maior provedor de sofrimento, de angústia, de tensão. Não sei se é uma frase de alguem que ouvi por aí, ou se brotou dos confins escuros da minha mente doentia, mas "Quem pensa sofre".

O alienado pode ser feliz com mais facilidade do que o que vê e pensa o mundo em escala maior. Ele não liga se alguém está morrendo de fome na Somália, de aids em Uganda, sendo morto nas guerras cívis do Oriente Médio ou perecendo em degradação na miséria das ruas das grandes cidades do Brasil. O alienado ignora as mazelas e vive no seu mundo, no qual tudo é perfeito e o único objetivo é se satisfazer, encaminhando assim felicidade, mesmo que seja falsa.
Eu jamais conseguiria ser assim, e muito menos depois de tudo pelo que eu passei nesse ano que está terminando. Aconteceram tantas tragédias pelo mundo, terremotos, erupções vulcânicas, furações, tempestades, genocídios, fome, doenças que carregaram embora milhões de vidas de pessoas que não tinham como escapar. Não se pode fechar os olhos quanto a isso. Esse tipo de coisa perturba demais quem pensa, quem é domindado pelas neuroses. Como qualquer ser humano com um mínimo de consideração por seu próximo, sempre senti um aperto na garganta ao ver desgraças tão grandes, onde a vida é desperdiçada em torrentes, mas depois de passar um ano de tormentos mentais, com tantas coisas me perturbando, passei a sentir ainda mais essas coisas, numa comoção mais intensa, com a sensação de que a vida ao mesmo tempo que é uma graça pode ser uma maldição, cruel e injusta.

Bem, tenho a impressão de que esse discurso todo não tem o menor sentido. E de fato creio que não deveria ter, já que o que eu mais quero agora é simplesmente falar e falar, sem me preocupar lá muito com coêrencia. Não sou nenhum portador da verdade, nem nínguem que dê conselhos ou tenha a fórmula para salvar o mundo; muito longe disso.

Desperdiçar chances foi o que eu mais fiz com toda a certeza. Não vou entrar em detalhes porque isso não vem ao caso, mas o que importa é que é muito causticante o remorso e a dúvida que ficam depois de não ter tentado, seja lá o que for.
Já me disseram que é um defeito meu muito sério achar que sempre a culpa é minha. Mas como eu não achar isso se é sempre mesmo minha? Eu estrago tudo o que eu consigo. Sou um perfeito idiota. Com amigos, com estudo, com trabalho, com tudo mesmo. Sou um fracassado completo e irrepreensível, cuja sina vai ser de amargar uma queda após a outra, e nos fim das contas acabar se conformando com tudo aquilo que queria evitar, fugir, deixar para trás. Dia após dia eu venho tendo mais certeza disso tudo.
Mas eu não vou desistir, se é para fracassar, que se facasse tentando, porque eu não consigo mais conviver com a sensação de ser um covarde.

Perdi de vez a confiança dos meus pais. Cada ato meu, cada coisa que eu digo, qualquer coisa, eles olham com desconfiança, com um pé atrás, me apoiando menos ainda do que antes. Me convenci de vez que a minha família me vê como um peso, como alguém indesejável e descartável.
Decididamente não posso prever como vou ser com os meus filhos um dia, mas o que eu sei, é que vou tentar ao máximo me esforçar para ser compreensivo, ouvir eles, tentar entende-los. Se nós não temos o apoio dos nossos pais, vamos ter o apoio sincero de mais quem?

Mas não posso afirmar que 2010 tenha sido de todo ruim. Fiz alguns novos amigos, e amigos incríveis eles. E junto com os já mais antigos, passei alguns bons momentos, que me deixaram alegre, e por menos tempo que essa alegria durasse, é uma sensação gratificante. Se vocês, meus caros, estiverem lendo essas linhas, saibam que são importantes demais pra mim.

E por fim queria agradecer a uma pessoa em especial. Não vou dizer nome, já que não sei se ela gostaria disso. Essa pessoa mudou minha vida, radicalmente. 2010 me fez mudar bastante, e grande parte disso deve-se a essa pessoa especial. Agradeço por ter feito acordar dentro de mim um lado que no fundo sabia que tinha, mas teimava em deixar de lado, soterrado sobre outras coisas, o lado mais sentimental. Passei tempo demais me achando um sujeito frio, sem entender os sentimentos mais acalorados da vida; só que agora, aos poucos, vou começando a compreender muitas coisas, e me descobrir alguém muito mais sentimental do que poderia supôr até um ano atrás.
Para essa pessoa parafraseo um agradecimento que vi em um episódio de Cold Case que mexeu bastante comigo: "Obrigado por me fazer sentir."

E mesmo que esses novos sentimentos que andam povoando minha cabeça sejam bastante pertubadores e inconvenientes, fico agradecido do mesmo jeito. Se você estiver lendo essas palavras tolas e sem muito nexo, eu te repito o que já tinha dito antes: eu te amo.
Eu não sei o que vai acontecer no futuro, que outras pessoas eu ainda vou encontrar, mas enquanto não encontrar outra pessoa que mexa comigo do mesmo jeito que você mexeu, eu vou continuar te amando, mesmo que isso seja algo que não deveria ser assim.

E pra terminar sobre isso, eu faço minhas as palavras do Paradise Lost em Grey:

"Calling out in shame
Silence engrained
Crying out your name
Something wrong but beautiful, so beautiful"
 
 
 
 
 
 
Enfim, espero que 2011 possa ser melhor. 

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Ser adulto

Ontem a tarde eu estava fazendo uma coisa que   meu pai tinha me mandado fazer. De onde eu estava podia ver perfeitamente o pátio da casa da minha avó, onde meus tios faziam o serviço deles. E numa certa hora chega lá um primo meu de segundo grau que tem a mesma idade que eu, cujo com o qual não troquei mais que três palavras nos últimos dois anos.
Na maioria das vezes eu acredito que o meu pai preferiria que ele fosse seu filho e eu não, já que ele já tirou carteira, trabalha como um escravo, bebe, fala alemão, caça e se sente adulto (inclusive forçando a voz querendo deixa-la mais grossa do que de fato é), enquanto que eu não me misturo bem com os mais velhos, saio pouco de casa, não bebo, sei falar mais inglês do que alemão e gosto de livros.

Bem, isso de fato não me incomoda, já que é habitual. Mas o que me intriga é o conceito que algumas pessoas tem sobre "ser adulto". Observando esse primo meu, o que eu vejo é um comportamento patético e ridículo, de alguém que se faz do que não é para agradar os outros.
Ser adulto por acaso é poder beber e se achar o sujeito mais incrível do universo por ficar de porre? É falar grosso (no caso masculino)? É conduzir veículos motorizados? É conviver e puxar o saco de pessoas mais velhas, mesmo que ela te achem um idiota? Creio que não.
Essas coisas que listei acredito que sejam consequências das suas escolhas na vida adulta, não sua essência. No meu ponto de vista, ser adulto e ter o pleno controle de sua vida, saber o que faz e por que faz, saber e ter como levar sua vida com dignidade.

Muitos adolescentes querem ser adultos apenas pelo lado bom, pelas "liberdades", pelas facilidades e afins. Mas no momento em que é preciso encarar a dureza da vida e as responsabilidades que ser adulto implica, muitos perdem o controle, e se veem perdidos e sem rumo, sem saber como reagir. Ser adulto é muito mais que as aparências, muito mais que a saciação das nossas vontades e prazeres.
Vejo muitos contemporâneos dessa forma, sentindo-se os adultos porque ganham algum dinheiro e com isso podem fazer o que querem, farrear, comprar roupas, celulares e todo o tipo de badulaque ostensivo.
Eu não acredito que a felicidade esteja nisso, já que ostentando bens aos outros você prova coisas para eles, mas o que você prova para si mesmo? Duvido muito que seja uma grande satisfação pessoal ter isso ou aquilo, mais vale que os outros saibam, vejam; mas ter em momento algum é ser, e esses meus contemporâneos que já se acham adultos aos 15, que fazem o que querem quando querem sem regras, infelizmente acabam sendo pessoas muito vazias.

Eu tenho 18 anos e não posso em hipótese alguma querer me considerar adulto. Por razão de minhas seguidas falhas, ainda não consegui dar começo ao meu projeto de vida, ao que eu quero para o meu futuro. faço pequenas coisas aqui e ali, ganho algum dinheiro com o qual posso comprar algumas coisas pequenas e insignificantes, mas que deixam contente. Só que isso não faz de mim um adulto; sou um nada, um moleque ainda, que não consegue ainda dar seus próprios passos sozinho no mundo. Mas ao menos sou sincero comigo mesmo, e não busco me mascarar e me fazer de outra pessoa que não sou para agradar a sociedade e seus costumes. E enquanto que a minha hora não chegar, não me incomodo de dizer que não passo de um mero adolescente.





Creio que estas linhas não tenham sido bem construídas, me soam um tanto confusas e vazias. Mas enfim, não queria ficar tanto tempo sem escrever nada aqui, e mesmo encarando dias bem complicados queria dividir alguma coisa com quem por ventura passe os olhos por aqui.

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Aborto

Realmente uma questão muito delicada, que envolve questões morias, éticas e vidas.
Nos últimos meses muito se comentou sobre esse tema, sendo ele usado como arma de persuasão eleitoral; levando muito mais para o lado da hipocrisia religiosa e conceitos ultrapassados do que para a lucidez e a forma como o mundo contemporâneo funciona.

Eu pessoalmente não acho que o aborto seja a melhor saída para uma gravidez indesejada, e portanto não sou favorável ao ato em si que consiste o aborto. Mas por outro lado, sou sim, e muito, favorável pela discrminalização dele. É uma bobagem enorme querer criminalizar a prática abortiva, já que sendo proíbido ou não, a mulher que estiver decidida a faze-lo (Ou mesmo quem obrigue ela a isso) vai fazer, indo atrás das famosas clínicas clandestinas (Aliás, semânticamente o termo 'clandestina' é desnecessário, já que sendo uma prática ilegal, todas são), pondo suas próprias vidas em risco. Além de tirar o direito de viver de uma criança, óbviamente.

Porém, é preciso às vezes colocar-se na posição de quem pensa em abortar. Talvez tão injusto quanto tirar o direito da vida de uma criança, seja despeja-la numa vida miserável, num mundo que não dá oportunidades justas e iguais, onde existe preconceito e segregação de todos os tipos. Com certeza que uma mulher aborta com uma dor enorme no peito, mas talvez para ela, isso seja melhor que não conseguir dar uma vida digna ao seu filho. Claro que esse não é o argumento dos mais concretos e válidos, já que exisitriam outras possibilidades de tal criança ter uma vida melhor, como a adoção, por exemplo; só que em muitos casos a desinformação e a ineficiência das instituições públicas que cuidam disso acabam levando mulheres desperadas a recorrem a esse método.

Acaba sendo muito mais uma questão de saúde pública, já que é possível imaginar quais são as condições das clínicas que fazem abortos. Sujas, mal equipadas, infectas, pondo em risco a vida da mãe também. Com a descriminalização e a criação de uma legislação que regulamente a prática do aborto, o risco para as mães despencaria, obrigando as clínicas a seguirem um padrão de limpeza, higiene e profissionalismo.
Seria melhor assim, mas há um porém nisso. De certa forma há o pensamento: "Em vez de morrerem dois morre um só". Infelizmente essa é a realidade do Brasil, onde apenas se remedia, nunca se previne.

Muito antes de se preocupar sobre aborto, os governantes deveriam se engajar em campanhas massivas de conscientização. E muito além do hipócrita sentido religioso da valorização da vida, que valoriza a reprodução como algo demasido importante, e que parece ignorar toda a quantidade de necessidades que ter filhos implica.
Já disse e não me incomodo em repetir: não sou moralista nem nada, mas vejo o mundo libertino demais. As pessoas fazem o que querem sem se preocupar com as consequências de seus atos. Falta cosnciência, responsabilidade. No dia que o simples ato de usar preservativo numa transa for compreendido e virar algo normal e corriqueiro, já teremos dado um passo gigantesco para acabar com essa conversa toda de aborto.

A vida é o nosso bem mais valioso, e pessoalmente acho errado privar outros seres humanos dela. Mas como existe livre árbítrio e cada um que se entenda com sua consicência mais tarde, precisamos encarar o aborto com mais lucidez e racionalidade do que a partir de dogmas pré-moldados por religiosos, pois a vida é muito mais complexa do que simplesmente viver.

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Perspectivas





Baixei o disco que tem essa música mais ou menos um ano e meio atrás. Sempre foi a minha preferida do disco, mas não gostava muito da letra, que me soava forçada na época. Porém com o passar do tempo fui mudando de opinião acerca de dela.

Desde dezembro do ano passado venho lidando com alguns sentimentos que até então me eram absolutamente obscuros, e que sempre me faziam ter profunda desconfiança de textos e letras de músicas em tom afetivo, sobre amor, relacionamentos e afins.
De certa forma foi algo chocante para mim me ver começando a entender o que aqueles autores sentiam e pensavam sobre as coisas que escreviam. Me dei conta de que racionalismo e sentimentos não são coisas que conseguem conviver em harmonia, já que tudo o que se passou na minha cabeça durante esses últimos meses me deixou confuso, perturbado e muito mais neurótico do que de costume já era.

Mas essa música em especial se tornou reveladora definitivamente para mim há apenas algum tempo, depois de descobrir uma coisa que sacudiu de vez com todas as minhas convicções, com o que eu achava sobre mim mesmo; e num momento em que eu estava completamente mergulhado numa depressão corrosiva por causa do meu fracasso mais amargo.
Bem, dizer abertamente o que foi creio não ser certo e nem necessário, já que é algo que não compete só a mim, envolvendo outras questões de outras pessoas, cujas quais eu respeito.

E confabulando sobre isso tudo hoje pela manhã, fiquei pensando sobre perspectivas e pontos de vista. Eu tinha uma perspectiva sobre sentimentos completamente diferente há um ano atrás, me baseando apenas nas minhas meditações pessoais e observações do mundo que me circundava, mas sem ter alguma experiência concreta que me fizesse comprovar essas ideias. E no momento que essa experiência aconteceu, se é que posso chamar o que se passou disso, lenta e gradativa, me obriguei a rever todos os meus conceitos, pensar melhor minha condição emotiva. Tentando não soar piegas, eu acredito que acabei achando uma parte de mim que passou quase toda a minha vida escondida num canto escuro do meu ser.
Então chego na conclusão de que a verdade pessoal de alguem (não uma verdade universal e inquestionável, mas sim algo que essa pessoa acredite e confie piamente) depende do seu ponto de vista, suas ideias e sua vivência, sendo essas características inerentes umas as outras.

Uma pessoa não vai poder mudar de ideia sobre alguma convicção sem que vivencie algum fato que o faça refletir sobre suas crenças, seja sobre alguma coisa ou sobre si mesmo. Eu aprendi isso da pior forma, e ainda aliado com todas as minhas angustias e incertezas, acabou me proporcioandno tempos bem complicados.
Sim, tempos complicados, mas que eu não iria quer apagar da minha vida. Tento ao máximo entender a maioria das coisas difíceis que me acontecem como formas de evoluir como ser humano, e todas as perturbações pelas quais passei (e ainda passo, não vou mentir) aos poucos me fazendoa entender melhor a vida, e me mostrando caminhos melhores a seguir. Claro que muitas vezes ( maioria delas, eu diria) fico pra baixo tem a certeza que vou fracassar em tudo na vida, que sou um fraco sem correção e que nunca vou poder me considerar "um homem de verdade". E eu de fato não sei o que vai ser de mim no futuro.

Mas apesar dos fracassos anunciados não vou deixar de tentar, e vou na onda do Dream Theater na bela música 'Learning to Live' do clássico "Images and Words:"

"I'm learning to live
I won't give up
'Till I've no more to give"








Bônus: confiram o post novo da minha amiga Vânia
no Tem espaço na Van
Tá bem legal!

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Os Servos de Deus

Volta e meia estou eu aqui criticando religião. Mas assim como critico, preciso prestar respeito a exemplos verdadeiros de boa fé e bons sentimentos para com quem consegue fazer algo realmente concreto dos ensinamentos de alguma religião.
Nas linhas a seguir quero comentar sobre um dos livros mais belos e sensíveis que eu já tive a oportunidade de ler: "Os servos de Deus" da autora anglo-americana Taylor Caldwell.

O livro começa com uma mulher contando ao seu marido sobre uma noite de sua infância na casa de sua avó, que oferecia um jantar a onze sacerdotes (católicos, anglicanos, presbiterianos e afins). E em meio a esse jantar, os sacerdotes contam suas histórias; e nisso gira toda a ideia do livro.
São todas histórias de superação, redenção, preconceitos, de amor ao próximo, de como os preceitos cristãos podem ser aplicados sem distorções, sem mesquinharias e que ainda podemos ter esperança (mesmo que eu considera esta última algo bem complicado em alguns casos, mas isso é uma outra história que não vem ao caso).

Histórias singelas, em paisagens britânicas melancólicas, perdidas nas entranhas cinzas daquelas terras; de homens verdadeiros, que mesmo com todos os seus defeitos, empecilhos, barreiras, dificuldades e medos são capazes de fazer o possível e o impossível (literalmente) para ajudar quem precisa.
O que mais me tocou nessas histórias, é a completa falta de apologia a essa ou aquela religião. Em momento algum se tenta convencer o leitor a seguir alguma doutrina, de que religião X é a correta e Y é a errada. Não, muito pelo contrário.

Uma das histórias mais marcantes é a talvez mais curta, e que se não estiver enganado, se chamava "O Gueto". Num trem estavam um padre católico e  um pastor presbiteriano, discutindo amigavelmente sobre suas doutrinas. Nisso entra um tipo que ambos consideram muito estranho, de barba longa, que não conseguia falar direito inglês e tentava atrapalhadamente pedir informações a eles. Existem mais alguns detalhes no decorrer do causo sobre o homem falando sobre Deus que infelizmente eu não consigo me recordar. Porém o desfecho tenho em mente como se tivesse lido aquilo ontem a noite: quando o homem estranho desce do trem os outros dois ficam a falar mal deste, dizendo que aquele que mais parecia um mendigo não poderia saber nada sobre Deus. Porém, logo eles descobriram que o estranho homem que não sabia falar inglês era na verdade um  importante rabino, logo, um homem de Deus assim como eles.

O livro não promete nada. Não é revelador, cheio de verdades contundentes ou vai mudar radicalmente sua vida. Não, não mesmo. São apenas história de fé, e como a fé pode fazer coisas incríveis, independentemente de qual religião você segue (ou não). Best-Seller's do tipo "A Cabana" podem ser bons livros até, mas são megalomaníacos, exagerados, e que querem forçar o leitor a seguir alguma coisa como se esta fosse a grande e misteriosa verdade da vida. Porém, estes jamais terão a sensibilidade e a profundidade de histórias de homes e mulheres de verdade, de carne e osso, que choram e tem medo como os quais cruzamos nas ruas todos os dias (digo isso na questão de como lidar com a vida, as angustias mais profundas, os medos mais primários, já que não seria certo comparar nossa sociedade com a onde essas histórias se passaram).

Enfim, tento nunca generalizar quando faço críticas a instituições religiosas, e sempre lembro desse livro nisso. As pessoas do mundo real, do dia-a-dia, longe dos grandes, ricos e luxuosos centros religiosos podem dar os exemplos mais reais de como ser um cristão, por menores que sejam, sem brilho nem fama, mas que de fato são as coisas que poderiam mudar o mundo.

Eu diria que trata-se um leitura obrigatória para quem é leitor mais seletivo e não se deixa impressionar com histórias mirabolantes sobre Deus.



Taylor Caldwell

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Caixinha mágica

A televisão decididamente não para de me surpreender com suas vasta gama de inútilidades.
Ontem em mais um corriqueiro momento de insônia me vejo diante ao aparelho acompanhando o Jornal da Globo. Na volta de um intervalo a apresentadora começa dizendo algo mais ou menos assim: "Depois da eleição de Dilma Roussef, a primeira mulher a vencer uma eleição para presidente no Brasil, ficou uma dúvida no ar que deixa muitas pessoas curiosas: se diz 'a presidente' ou 'a presidenta'?". Na sequência passou uma reportangem com opiniões de populares, professor de português e até o nosso velho amigo dicionário foi chamado para sanar tão primordial questão meta-linguística.

Tendo visto isso me perguntei o que diabos isso interessa para o futuro da nação?

É verdade que o nosso belo português é absurdamente mal tratado por todos os lados, e que os meios de comunicação tem por dever passar algo cultural, que enriqueça o intelecto de seus telespectadores, e gramática podia ser sim algo muito útil. Mas a forma como essa informação foi passada, com um argumento tão estúpido, vazio, parecendo que estavam chamando quem via de idiota.
Talvez eu esteja sendo exagerado, admito, mas realmente tal demonstração de falta de interesse de passar alguma informação realmente importante me deixou devéras descontente.

A industria televisa é um negócio altamente lucrativo. Mexer com massas, moldar seus pensametos, suas personalidades pode trazer um retorno fincanceiro enorme, além aliena-las para crerem que isso ou aquilo é o correto por que eles dizem, não por ser uma conclusão cuja na qual o indíviduo chegou após PENSAR. Pensar. Essa é a apalvra chave.
Até algumas décadas atrás o principal meio de comunicação era o rádio, com seus pomposos musicias, noticiários grandiosos, novelas apenas narradas e várias outras coisas. Tendo apenas o som, as pessoas eram obrigadas a imaginar as cenas descritas, usar sua imaginação, botar o cérebro para funcionar no intuíto de obter algo mais que simplsmente a informação passada. Mas com o advento da televisão nos anos 50 essa relação mudou. Onde havia uma ideia "moldável" passada pelo rádio onde o ouvinte deveria completa-la com a imaginação, passa a haver um produto pronto, enlatado e de fácil consumo dado pela televisão.
A junção de imagem e som com temas fúteis e vagos de gosto das massas pouco intruídas (espero que isso não soe preconceituoso, que não é o caso) foi o maior alienador do século passado. Tudo ficou fácil, acessível, era apenas absorver o que dito e mostrado, não era mais necessário pensar para obter alguma conclusão, já que eles eram nos dadas já prontas.

Realmente me assusto quando me deparo com algumas coisas. Um exemplo recente: terça-feira agora, no intervalo de um jogo de basquete que assistia, fiquei zapeando os canais, e no sensacional programa Superpop da PHD em física astro-química Lucinana Gimenez estavam duas funkeiras, uma atriz pornô, um pastor adventista, um padre e um "comentarista" de televisão discutindo eleições e a validade da pornografia como arte. A cena me pareceu no mínimo escatológica. Fiquei observando aquilo por alguns minutos, sentindo meus poucos neurônio irem derretendo de tantos absurdos ditos.
Não consigo entender como alguem consiga assistir àquilo e achar bom.

E o nteressante é que dois canais acima é a TV Escola, que no momento passava um documentário sobre literatura brasileira bastante interessante. Me dá desgosto ver canais tão bons como a Tv Escola, Futura, Tv Brasil, Cultura serem simplsmente ignorados por uma parcela muito grande da sociedade.
Já perdi as contas de quantos filmes maravilhosos vi na Sessão Cine Conhecimento do Futura, quantos documentários incríveis da Tv Escola, quantas entrevistas reveladoras no Roda Viva da Cultura e por aí vai...
E enquanto isso pessoas ouvem funk e discutem se pornografia é arte.

Provavelmente não seja só interesse das corporações midiática, mas também governos (uso o plural, já que não acuso apenas um, mas todos) acham melhor que o povo seja ignorante e alienado, para serem mais facilmente enganados, iludidos e explorados para seus fins gananciosos.

E além de toda essa questão prática, a teoria que ocorre na cerne pessoal, na mente, no íntimo, também me faz crer que a Tv seja um mal. Muitas vezes me pego pensando que o meu pior defeito é pensar demais, e que a porta para ser feliz é a alienação. Sou um deprimido neurótico que não para de pensar um minuto. Mas sinceramente, acho melhor ser assim, cheio de complexos e corroído por dúvidas cruéis, mas que enxerga com os próprios olhos e que usa a própria cabeça, do que ser um fantoche tolo e feliz nas mãos de seres baixos, mesquinhos e que sustentam um sistema pútrido e decadente que se tornou a civilização humana, esquecendo que existe um mundo gigantesco ao seu redor.

A magia desta caixa é um feitiço perigoso, que pode a qualquer momento uma maldição muito pior do que não ser "feliz".

E faço meu o conselho daquele canal musical em seus tempos áureos (que jazem num passado distante):



quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Estado Laico

Segundo a Constituição Federal de 1988 o Estado brasieliro é laico, ou seja, não tem qualquer vinculação com entidade religiosa ou assume alguma religião como sendo "oficial" da nação, também garantindo liberdade de culto religioso sem discriminação a todos os cidadãos.
Na teoria isso até que de fato acontece, porém no cotidiano das pessoas comuns e dos poderosos com intenções políticas, não é exatamente assim.

O pensamento do brasileiro médio ainda é colonial. E sendo desta forma, é fortemente ligado à religião, em sua grande maioria a católica. Mas como nas últimas décadas os movimentos tidos por evangélicos, pentecostais, ou qualquer uma das inúmeras definições que existem, creio ser mais correto e coerente então me usar da nomeclatura "cristã" para abordar a ideia destas linhas.
Mas como dizia, vivemos em uma época onde o pensamento persiste em ser colonial, baseado em preceitos morais e religiosos que ditaram regras durante séculos. Isso se nota perfeitamente na nossa prieira constituição, promulgada em 1824 pelo Imperador D. Pedro I, onde a Igreja Católica era vinculada e subordinada ao Estado, tendo o monarca plenos depoderes de indicar religiosos aos cargos mais elevados na hierarquia da Igreja. E mesmo da suposta modernização promovida pela nova constituição no já referido ano de 1988, muitos governantes se utilizam da influência de líderes religiosos para obter suas áreas de poder, isso quando os próprios líderes religiosos não tem pretensões de assumirem cargos públicos.

E o debate sobre a laicidade do Estado se acentuou de maneira bastante intensa nas últimas semanas. A campanha eleitoral de ambos os candidatos que disputam o segundo turno tem batido muito na tecla da legalização do aborto e do casamento homesexual, duas questões que são tabus para uma considerável parcela da população, justamente a que se prende em todo o moralismo religioso e que tem pensamento colonial.
Mas o problema de verdade é a volatilidade dos candidatos para agradar essa parcela nada laica; em certo ponto dos discursos para o prmeiro turno muito se falou na possibilidade de ser aprovada a lei do aborto e de permitir que pessoas do mesmo sexo possam se casar. Mas observando que a hipócrita indignação dos moralistas foi intensa, e que a candidata que vinha mais atrás nas pesquisas estava arrebanhando aqueles eleitores, o discurso tratou de mudar no primeiro instante após o pleito do dia 3 deste mês.

Isso não é democracia. O Brasil não tem democracia. O que se entende por isso neste nosso paraíso tropical não passa de instrumento de dominação e de obtenção de poder. Agradar um segmento em detrimento a outro, tendo em vista fins eleitoreiros, é simplesmente segregatório, já que se tem em mente que um grupo (o que me dá apoio e mefaz vencer a eleição) é superior ao outro (minoria que não me faz diferença); e princpipalmente se isso for por causa religiosa, pois fere profundamente o ideal de laicidade do estado.

Nossos políticos são completamente desprovidos da nobre arte da dialética. Campanhas são feitas de acusações e calúnias, ao mesmo tempo que vemos debates onde os dizeres são pobres, mal construídos e vazios de profundidade ideológica. Desta forma, sem ter a maneira intelectual de convencer eleitores de suas "propostas" eles muito espertamente se utilizam dos mais diversos artifícios corruptivos, que englobam as antiquíssimas trocas de favores materiais e nosso caso atual a manutenção de legislações baseadas em preceitos morais que partiram da Igreja em algum momento da história. (NOTA: mesmo esse tal de crisitianismo não costumando dar lá muitos exemplos de moralidade. Curioso, não?)

Essa minha ladainha toda vai do nada ao lugar nenhum, bem sei. Essas palavras todas não vão surtir o menor efeito se não houver uma revolução em todo o modo de ensino nesse país (certa feita li um livro de filosofia e me dei conta que doze anos de escola foram completamente inúteis), que cause uma mudança drástica de mentalidade nas novas gerações, que não se deixem iludir por conversas vazias e que tenham autonomia intelectual de poderem pensar e decidir quais o melhores representantes para gerirem nossa nação.




Um adendo: piadas de internet podem ser infames em muitos casos, mas quase sempre tem algum fundo de verdade.
Li essa e achei uma obra:

É CONTRA O ABORTO? Não aborte
É CONTRA O CASAMENTO HOMOSEXUAL? Não case com alguem do mesmo sexo.
E AGORA PARA DE ENCHER O SACO!

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Sexo e álcool

Dia desses vi um filme assaz curioso na tv. De fato, o nome eu nem lembro, mas a história do mesmo era tão clichê que o enredo é fácilmente lembrado: adolescentes querendo comprar bebida alcóolica para levar a uma festa, para que em troca disso supostamente conseguissem sexo. A típica comédia americana besta, que se apega em clichês muito verdadeiros sobre os adolescentes contemporâneos.

Vendo as cenas deprimentes de um cara gordo de filosofia absolutamente machista e que crê piamente que sexo é o único motivoda existência, fiquei pensando sobre o porquê de tanta gente achar isso.
Nos últimos tempos venho me descobrindo mais romântico do que poderia supôr, mas mesmo muito antes disso jamais consegueria me imaginar saindo à noite atrás de sexo. Mesmo na minha frieza racional, sempre considerei sexo (o do mundo real, não me venham com pornografia, por favor) como algo que deva envolver não simplesmente a atração carnal, a vontade de saciar a lascícvia e um mero objeto de prazer, mas sim um mínimo de sentimento; amor, que seja.
Não quero bancar o moralista, o defensor dos bons costumes e caçador de hereges, óbviamente que não. Mas tanta libertinagem, prazeres efêmeros, banalizações de coisas belas e verdadeiras, faz com que algo que expresse amor e sentimento de afeto se torne vazio, sem sentido, um simples desejo primitivo, escancarando de vez o lado irracional do ser humano.

E de fato o álcool é o instrumento mais difundido para a conquista sexual. Pessoalmente, creio que isso denote a inerente fraqueza humana, de inteligência, de caráter e de evolução. Convenhamos, precisando deixar a garota de porre pra conseguir transar com ela, é porque não se tem a mínima capacidade de o conseguir com a mesma sóbria.
Álcool dá confiança, solta, faz as vergonhas se apequenarem (mentiras tão doces...). Essas convicções que endeusam a bebida são mais opressoras que qualquer senhor de escravos. Não creio que se sinta livre e feliz quem não vive sem beber ou sem estar constante atrás de uma transa descompriomissada; tudo isso não passa da escravidão da libertinagem (Como já escrevi por aí, liberdade não é a mesma cisa que libertinagem).

Muita gente reclama da juventude de hoje, querendo dela os mesmo ideias revolucionários de décadas passadas. Mas se formos analisar, o que as gerações de jovens do passado conseguiram? O amor livre não prosperou depois dos anos 70, a Guerra do Vietnã não teve fim por causa dos protestos, os caras pintadas brasileiros foram uma farsa deslavada.... Ou seja, o que é um ideal revolucionário na verdade? Buscar o que seja do seu interesse? Mudar o mundo? Contruir uma sociedade melhor? Na minha opinião inútil, simplesmente é utopia.

Não consigo ver em Woodstock nada mais que uma enorme festa de libertinagem, onde tudo e absolutamente tudo é permitido. Esse marco criou toda uma geração de tolos utópicos, que propagam ideias impensáveis e que jamais serão concretas. Infelizmente o mundo tem regras, e liberdade sem limites é um problema, já que nos tornamos escravos de nossos impulsos. Limites e regras são fundamentais para a felicidade (isso soa à Kant, mas enfim).

Minha faceta de velho fala muito mais alto quanto a essa história toda. Sexo casual é uma coisa que decididamente não me entra na cabeça. Não sei se isso é por pragamatismo metódico ou doses de romantismo recém adquiridas, mas o que de fato é verdadeiro, é que toda a minha geração de contemporâneos me aparecem como um enorme pandemônio de ode ao álccol, à luxúria e aos prazeres efêmeros, em completa detração ao que poderia trazer algo infinitamente mais forte e duradoura: felicidade de verdade.

Ah, e fo fim do filme foi sensacional: a garota com a qual o gordo queria transar (que deu a festa e pediu pra comprar bebida) disse que não gostava de beber e que não queria nada com ele.
Em mente me surgiu um enorme: TOMA!

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Nada é eterno

Me deparei com estas palavras do poeta romano Ovídio, em seu livro Metamorfoses, e depois de divagar sobre o tema do post anterior, faço minhas suas palavras:

"Não há coisa alguma que persista em todo o Universo. Tudo flui, e tudo só
apresenta uma imagem passageira. O próprio tempo passa com um
movimento contínuo, como um rio... O que foi antes já não é, o que não
tinha sido é, e todo instante é uma coisa nova. Vês a noite, próxima do
fim, caminhar para o dia, e à claridade do dia suceder a escuridão da
noite... Não vês as estações do ano se sucederem, imitando as idades de
nossa vida? Com efeito, a primavera, quando surge, é semelhante à criança nova... A planta nova, pouco vigorosa, rebenta em brotos e enche
de esperança o agricultor. Tudo floresce. O fértil campo resplandece com
o colorido das flores, mas ainda falta vigor às folhas. Entra, então, a
quadra mais forte e vigorosa, o verão: é a robusta mocidade, fecunda e
ardente. Chega, por sua vez, o outono: passou o fervor da mocidade, é a
quadra da maturidade, o meio-termo entre o jovem e o velho; as têmporas
embranquecem. Vem, depois, o tristonho inverno: é o velho trôpego, cujos
cabelos ou caíram como as folhas das árvores, ou, os que restaram, estão
brancos como a neve dos caminhos. Também nossos corpos mudam
sempre e sem descanso... E também a Natureza não descansa e,
renovadora, encontra outras formas nas formas das coisas. Nada morre no
vasto mundo, mas tudo assume aspectos novos e variados... Todos os seres
têm sua origem noutros seres. Existe uma ave a que os fenícios dão o
nome de fênix. Não se alimenta de grãos ou ervas, mas das lágrimas do
incenso e do suco da amônia. Quando completa cinco séculos de vida,
constrói um ninho no alto de uma grande palmeira, feito de folhas de
canela, do aromático nardo e da mirra avermelhada. Ali se acomoda e
termina a vida entre perfumes. De suas cinzas, renasce uma pequena fênix,
que viverá outros cinco séculos... Assim também é a Natureza e tudo oque nela existe e persiste."

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

O Vazio de Existir

Ao Fim De Tudo

Cidadão Quem

Composição: Duca Leindecker
 
 
Minhas lágrimas não caem mais,
Eu já me transformei em pó
E os meus gritos não se escutam mais
Estão na direção do Sol
Meu futuro não me assusta ou faz
Correr pra desprender o nó
Que me amarra a garganta e traz
O vazio de viver só...

Se alguém encontrou um sentido para a vida, chorou
Por aumentar a perda que se tem ao fim de tudo transformando o silencio que até então é mudo
Naquela canção,
que parece encontrar a razão
Mas que ao final se cala frente ao tempo que não para frente a nossa lucidez.


Decididamente o Duca Leindecker é o meu letrista favorito. Uso de novo uma letra sua como exemplo para uma ideia.
A primeira vez que eu ouvi essa música fiquei muito tempo refletindo sobra sua questão central. De certa forma senti meu estomago embrulhado, com uma enorme sensação de vazio. Pensar sobre a vida (frase esta num sentido muito menos retórico que o convencional) pode ser torturante, querer entender a razão de passarmos pelo mundo para simplesmente morrermos para depois de muitos anos sejamos esquecidos faz com que possamos nos achar reduzimos a simplesmente uma obra do acaso cósmico, da dança química dos aminoácidos e material genético.

Pode-se notar que não sou alguem apegado em religião, logo as "explicações" dadas por entidades religiosas para nossas existências mundanas não me satisfazem nem um pouco. Mas de qualquer forma, para muitas pessoas, essas respostas soam reconfortantes, como uma luz em meio a escuridão da falta de sentido de viver. E talvez seja esse "conforto" que não me satisfaça; parece simples demais, fácil demais, uma ideia demasiada mastigada. Uma verdade escondida, uma força superior que nos comanda, que se encarrega de nossos destinos. Não é algo que pareça concreto.

Mas pois bem, isso é um paradoxo. A ideia de resposta passa por algo que estaria supostamente escondido, de talvez algum motivo superior que esteja fora do alcance de nossas mentes arcaicas. Mas esses pressupostos eu nego na filosfia religiosa, como vazios e inconsistentes. Ao que parece, buscam-se verdades que não existem.
Mas como o homem é inquieto, e está sempre atrás de verdades, razões, motivos, a busca segue, incessante, interminável e que provavelmente nunca trará frutos que satisfaçam essa ânsia pela questão mais antiga que aflige os pensadores: "Qual o sentido da vida?"

Talvez a única resposta que se torne plausível seria a de que a razão da vida é ela própria. Faz sentido até, mas definitivamente não satisfaz.
Mas por outro lado, o verso da música que diz "Se alguém encontrou um sentido para a vida, chorou
Por aumentar a perda que se tem ao fim de tudo transformando o silencio que até então é mudo"
é absolutamente reveladora.
A vida pode ser boa, aproveitada de forma que possa ter valido a pena, mesmo não tendo o menor sentido. Então nós perdemos muitas coisas ao morrer, e seria ainda mais doloroso partir desse mundo se não conseguíssimos atingir o tal "motivo de viver", a perda seria ainda maior ao fim de tudo. Provavelmente a vida não necessite de uma razão específica de ser; talvez seja mesmo apenas um acaso, um resultado aleatório de fatores misturados ao longo das eras.

Então o que nos sobra para fazer? Ora, nada mais que viver. Procurar por respostas, mesmo que elas não existam, é uma sina humana, da qual jamais nos veremos livres. Mas tentando não levar isso tão a sério, não se torturando tanto, creio que se deva levar a vida até onde for possível, da melhor forma que der. A morte é inevitável, e sendo assim, seria interessante poder entregar-se em seus braços sem nenhum remorso da vida, com a sensação de a vida ter sido boa.

De fato, a vida tem tanto sentido quanto estas linhas. Ou seja: nenhum. 

NOTA:

Ando pensando demais em perguntas. Coisas da idade, provavelmente.

sábado, 4 de setembro de 2010

"E se...?"

Existem perguntas absolutamente pertubadoras. Já tinha escrito aqui que uma delas é "Quem é você?", talvez a mais complicada de responder e que causasse mais sufocamento e opressão.
Mas nos últimos dias (meses, dependendo do ponto de vista) venho me deparando com uma questão que seja tão opressora quanto: "E se..?". As reticências são um simples generalizador, já que existe uma especificidade que não vem ao caso comentar, e também porque para essa pergunta as especificidades são detalhes absolutamente pessoais.

Nossas escolhas podem ser cruéis; nem tanto pela opção em si, mas sim por causa da dúvida que elas nos provocam sobre como as coisas teriam acontecido se fossem feitas de modo diferente. E isso se enquadra em qualquer tipo de situação, em inúmeos campos da existência, mas causando uma sensação muito causticante.

Quero me ater num ponto mais concreto: o que se relacionada com a covardia.
No âmbito das escolhas pelo menos existe um amenizador, já que se teve a escolha, se tomou uma decisão que causou uma consequência; logo, não teve nadade covarde. Pode ter sido certo ou errado, resultou em bônus ou ônus, mas ao menos houve a personalidade de se tentar.
Mas quando o que impera é a covardia, o medo, a incerteza, a situação muda drasticamente de figura. A sensação de não ter TENTADO é torturante. E nisso, mesmo tentando ao máximo evitar, o "E se..?" surge amargo, cruciante e completamente pertubador.

É uma espécie de dor, num sentido menos intenso da palavra. Vem a tona todas fraquezas, as incertezas e medos se escancaram gritantemente, a auto-estima despenca e ideias depressivas se tornam companheiras corriqueiras. Levando em consideração as individualidades comuns aos seres humanos, as reações para esses sentimentos variam muito; existem aqueles que se consomem, que se culpam demais e acabam  perdendo a vida para suas incertezas. Há aqueles que conseguem de alguma forma mascarar, mas que estão se enganando. Alguns se culpam, se deprimem e se acham completos idiotas, mas que de alguma forma tentam seguir em frente, encarando a amargura das dúvidas com uma espécie de aprendizado.
Eu tento ao máximo me enquadrar neste último tipo.

Nos últimos meses minha vida vem se resumindo a empilhar frustrações, angústias, remorsos e essas dúvidas recorrentas da covardia, e exatamente por isso tento encarar cada rasteira que levo de minhas escolhas como uma lição, uma aprendizado a ser levado para a vida. Entrego minhas horas de insônia diárias a refletir sobre essas coisas, me deixando consumir, me culpando enormemente, isentando qualquer outra pessoa de responsabilidades por tantos fracassos além de mim mesmo. Tudo isso é factual e inegável, mas eu acabaria realmente louco se não tivesse um mínimo de confiança que isso tudo serve como prova, para que quando a maturidade chegar de fato, eu consiga ser um homem melhor que esta adolescente tão diferente dos outros (que tem os mesmo problemas dos demais, só que refletidos em outros espelhos), cheio de remendos no espírito.

O jeito é tentar seguir o conselho que o Angra nos dá em Carry On:

"So, carry on,
There's a meaning to life
Which someday we may find...
Carry on, it's time to forget
The remains from the past, to carry on"

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Liberdade?

Dias difíceis. Uma espera longa vai chegando no final, mas o caminho tem sido árduo, doloroso. Aos poucos vou conseguindo vislumbrar os contornos do semblante da liberdade, e cada dia que passa vou vendo mais longe todos os fantasmas que me atormentaram ao longo dos anos. Mas alguns deles continuam sem descanso, buscando me perseguir até o último instante. E o pior deles, sem sombra de dúvida, é a rejeição da família.

Eles nunca conseguiram me enganar com os elogios por ser bom aluno, por não causar problemas aos meus pais, por ser comportado e educado com as pessoas em geral. Tudo isso nada mais fora do que mentiras convenientes, bases da sólida e eterna hipocrisia que envolve essa instituição chamada família.
Olhares entregam muito mais sobre opiniões do que palavras. E foram tantos os olhares atravessados por causa de frases absolutamente simples, do tipo "Não obrigado, eu não gosto de beber". As palavras diziam "Tu tá certo" mas os olhos bradavam "Que viado idiota, nunca vai ser homem". Já há bastante tempo  tenho a convicção que não só os vizinhos da minha idade acham que sou homosexual, mas como também meus pais, meus tios, avós e primos. Nunca tiveram a honratez de me dizer isso na cara, mas seus pequenos gestos e códigos são mais claros que água cristalina. É duro dizer tudo isso, mas infelizmente é verdade.

Eu não diria que nasci no lugar errado. Não, estaria sendo injusto. De certa forma acredito que sou fruto desse meio, já que o fato de ser daqui aliado a várias pequenas circunstâncias moldou  minha personalidade eo meu jeito de ser; e por isso, dou é graças a Deus por ter nascido aqui. Em outro lugar, acho que não seria o que sou. E apesar de todos os meus defeitos, gosto do que sou.
Não posso dizer que meus familiares sejam pessoas ruins, muito pelo contrário, são pessoas que tem índole, caráter, mas que se deixam dominar por preceitos culturais que entendem como verdades absolutas, e que acabam tendo um preconceito intrínseco com o que é diferente do que entendem ser o certo. Essa ideia toda soa um tanto incoerente, mas é assim mesmo, o preconceito de quem vive praticamente isolado em pequenas colônias germânicas parte muito mais por inércia cultural do que por maldade.

Mas bem, isso não significa que não machuque. Passei minha vida inteira sendo recriminado por coisas fúteis, nunca tive apoio para nada e quase sempre recebia risadas ou olhares de deboche quando dizia que queria ir além nos estudos. Muito mais de uma vez que ouvi conselhos para esquecer essa coisa de estudar e ficar na roça, que eu iria era mesmo me quebrar a cara e voltar pra casa com o rabo no meio das pernas, que me toranria um igual a eles.
No dia que fico sabendo que consegui entrar na Universidade Federal de Pelotas recebo mil parabenizações, grandes elogios; nenhum sincero. Meu pai não disse nada, me enganei achando que ele tinha me olhado com orgulho, já que o que eu entendi por orgulho era um tipo estranho de inconformação. Ele  nunca tentou me desmotivar, mas também jamais me deu uma palavra de incentivo. Alguns dias atrás estava indo para o centro com ele, quando passou na estrada um cara um ou dois anos mais velho que eu, o perfeito colono, que se acaba na roça, comprou uma moto aos 17, não terminou o ensino médio e que passa o fim de semana de porre. Meu pai então buzinou, gritou, um verdeiro carnaval, com um grande sorriso no rosto. Uns dois minutos depois fiz um pergunta qualquer, e de resposta ganhei grosseria e uma cara fechada. Bem, não é difícil imaginar quem ele preferiria como filho.

Mas domingo eu vou embora. Vou deixar tudo isso para trás. Óbvio que vão continuar falando mal de mim, mas só o fato de eu ir pra longe, de ter conseguido o que nínguem aqui conseguiu, de ter provado que era capaz, já me tem sabor de vitória.
Saudade vai ser algo presente, claro que sim, não vou ser doente mental de afirmar que não sentiria saudade. Mas o sentimento de poder começar um vida nova, sem precisar sair dizendo por todo lado "sou o filho do fulano", "primo do siclano" e afins, sendo eu mesmo, é algo que vai compensar qualquer falta que uma família que não gosta de mim virá a fazer.
Saudade mesmo eu vou sentir dos meus poucos mais verdadeiros amigos. Amigos no sentido pleno da palavra. Pessoas que me aceitaram, que me ouviram, que me entendem, que não me julgam. De vocês, meus caros, a saudade será crucidante.

Enfim, só espero que essas palavras todas não soem como choradeira, não foi essa a intenção. No máximo um desabafo, de coisas que eu andava guardando dentro da cabeça há tempo demais, e que vinham sendo pesadas demais.

Não sei se será uma liberdade plena, mas de qualquer modo, começo a traçar meu próprio caminho.

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Romances ingleses

Romances ingleses: esses dias cheguei a conclusão de que exagerei neles.

Fiz uma pergunta qualquer para o meu pai, e por seu comum jeito irritadiço me respondeu um tanto grossamente. Quando ele fez isso acabei me lembrando de uma passagem de um romance inglês onde um distinto nobre sacaneia enormemente um americano um tanto idiota. A forma como ele falava era polida, cínica, fria e absolutamente intimidadora, mas sem mostrar qualquer coisa parecida com algum resquício de irritação. Fiquei imaginando por que é tão complicado para a maioria das pessoas ao menos parecer ser educada, tendo um mínimo de polidez e calma. Eu tento ser assim.

Ontem passei algumas horas de ócio na biblioteca pública da Feliz, e reli uma boa parte de um ótimo romance inglês chamado "Os Senhores de Cashelmara", de Susan Howatch. Um grandioso épico familiar que passa por 50 anos e três gerações de uma importante família da corte britância. Li esse livro em 2006, tinha o achado maravilhoso, e continuei achando quando vi ele de novo parado na mesa estante tanto tempo depois. E relendo algumas passagens acabei me dando conta de uma coisa: sou quase um britânico. Peu jeito polido, um tanto frio, fleumático de certa forma. No exato momento não me dei conta do porquê, daí fiquei fantasiando sobre o tema.  Reparando nisso parei para pensar na quantida enorme de romances de origem inglesa que eu já li.

Já me perguntei algumas vezes por que diabos sou tão frio pra vida desde que comecei a me preocupar com isso. Pensava, pensava e pensava e não conseguia chegar a nenhuma conclusão. Mas então, ontem, relendo aquele livro, tudo ficou claro como água cristalina: romances ingleses. Li dezenas deles, muita coisa mesmo, tantos que por osmose acabei absorvendo o jeito de ser dos britânicos. Mesmo histórias de amor mais acaloradas acabam tendo uma dose pesada de fleuma, de dureza, de estoicismo. Acabei me vendo naquelas páginas amareladas.
Sem querer notei outra coisa: nunca gostei de histórias de amor tórridas, quentes, de "sangue-latino", assim digamos. Sempre tive uma atração maior por coisas que tivessem um cunho racional mais forte em evidencia, contrastando com o sentimentalismo. De certa forma, acredito que isso foi uma forma inconsciente de me identificar, me sentir mais próximo da trama, por nunca conseguir entender os meandros daquilo que os poetas costumam chamar de "coisas do coração".

De que me serviu isso? Provavelmente nada, porque teoricamente eu já deveria saber disso tudo, minha neurose incontrolável me obriga a achar que tenho a obrigação de entender tudo por conta própria. Mas enfim, como ultimamente ando sendo mais aberto a pensar em sentimentalismo e coisas do gênero, acabou sendo interessante essa descoberta de auto-conhecimento.

E no mais, eu adoro romances ingleses, e nem penso em larga-los.

domingo, 1 de agosto de 2010

O Abraço que Sufoca

Esse post terá por tema dois ítens: o marco histórico para a América Latina que foi a liberação do casamento entre pessoas do mesmo sexo na Argentina, e também a forma como uma antíquissima e poderosa organização vê este caso naquele país (E de certa forma no resto do mundo também).

O que aconteceu na Argentina foi um passo gigantesco para que algum dia se alcance a quase útopica igualdade de direitos civís para os homosexuais. O preconceito é uma chaga que acompanha o homem desde seus primórdios intelectuais, e que foi o estopim de muitas geurras, violência gratuita, maldades, sofrimentos, banhos de sangue e um sem fim de atrocidades protagonizadas pela humanidade. E isso não se aplica unicamente no que diz respeito a homossexuais, englobando também religião, classe social, aparência, ideologias políticas, etc...
A homosexualidade (convenhamos, quem usa o termo 'homosexualismo' merece levar um tiro) é algo sim natural, e querer excluir quem seja assim da sociedade demonstra o quão baixo o ser humano ainda rasteja na sua primitividade intelectual. Pois bem, a Argentina merece todas as parabenizações, por ter dado um passo devéras importante rumo à civilidade verdadeira.

Segundo ponto (De fato será mais extenso e ácido): a Igreja Católica não merece muito respeito.
Mas antes de mais nada devo deixar clara uma coisa: jamais vou afirmar que todos os membros dessa instituição são crápulas e seres despresíveis; não, nunca faria isso, já que estaria sendo cego para vários atos de bondade e compaixão que pessoas decentes já prestaram  para seus semelhantes.
Mas se formos analisar mais friamente, acharemos dúzias de exemplos nos quais comprovaremos a completa decadência de tal instituição organizada. Os livros de história podem ser sim manipuláveis, mas o fato é que eles nos empilham dezenas de citações que dão alguma verossimilhança a essa tese, com exemplos de manipulação, extorsão, assassinatos, genocídios, estupros, e uma longa lista de atributos nada elogiáveis. 

"Nenhum reino nunca derramou tanto sangue quanto o reino de Cristo." Essa frase é de Montesquieu, um iluminista francês bastante desgostoso com os preceitos da igreja cristã em geral. Soa forte, para uns um tanto exagerada; mas não podemos negar que há muita verdade nela.Guerras Santas mataram um número gigantesco de pessoas inocentes, defendendo a bandeira da "salvação" promvida pela palavra de Deus e ensinamentos de Jesus escritos naquele grande livro de ficção, a Bíblia. Bandeira que nunca mais foi que um disfarçe indubitável diante das ameaças de danação no fogo do inferno, escondendo por trás de si unicamente o interesse de dominar valiosas rotas de comércio do oriente para o ocidente. 
No Evangelho de Mateus, Capítulo 6, versículo 24 diz: "Não podeis servir a Deus e ao dinheiro". Ora, como eu posso levar a sério uma instituição que prega uma coisa, mas que seu maior interesse é exatamente o oposto? 


Religião, como um todo (E que decididamente difere de religiosidade), é um abraço que sufoca. Ela te oferece conforto, calor, um alento nos momentos de dificuldade. Muito bem, nada de errado nisso, mas o problema é que as exigências para se ter esse conforto são sufocadoras e opressoras, você tem que se dedicar unicamente a louvar ídolos físicos ou não, entregar sua atenção (E muitas vezes dinheiros e bens) aos "intermediários" das doutrinas. Teoricamente, seguidndo fielmente uma religião você se torna um escravo, um tolo dançarino que diverte alguem. 


Como a igreja católica (Ou qualquer outra, aliás) tem a petulância e a altivez de querer falar por Deus? Apoiar-se numa colcha de retalhos histórica e étnica como a Bíblia não é um argumento. Esse livro é o resultado de mais de 4 mil anos de relatos de vários povos, que foi se modificando ao longo dos séculos, e e vou acreditar nisso até o dia em que alguem for capaz de me provar que Deus mandou-a para a Terra via fax. Portanto, acho o fato de essa instituição condenar a homosexualidade a mais grossa e doentia das hipocrisias. Não posso crer que um Deus anunciado como fonte infinita de bondade e que sempre irá perdoar seus filhos, seja esse ser vingativo e que queira punir suas criações com condenações e castigos terríveis. 
A pureza e a virgindade da religiosidade foram perdidas a muito tempo, transformando o silêncio eterno da opressão como via de regra. E o perdão está a venda....


Enfim, não defendo filosofias de alguma organização. Não quero matar Deus e muito menos provar que ele existe. Eu simplesmente quero um mínimo de lógica, de coerência, um facho de luz em meio à cegueira, que deixemos de ser animais estúpidos e nos tornemos realmente seres humanos livres e pensantes, acabando com os grilhões da ignorância e da opressão mesquinha. 

O título deste escrito é referência a saga "The Embrace The Smothers", composta pelo músico holandês Mark Jansen, em suas bandas After Forever e Epica.






Post dedicado a uma grande amiga minha.

sábado, 10 de julho de 2010

Filosofia Existecialista Barata

Música Inédita

Cidadão Quem

Não faço nada,
Que alguém não tenha feito não,
Não falo nada,
Que alguém não tenha dito então,
Não penso nada,
Nosso futuro é imprevisão,
Alguém me dê a mão,
Nessa calçada,
Vejo que os anos vão chegar,
E cada pegada,
Me mostra um jeito de encontrar,
todo esse nada,
Com medo de se machucar.
Porque tudo isso então?
Se não há nada,
Porque todos temem perder,
Todo esse nada,
Será vontade de viver,
Na mesma casa, na mesa que reparte o pão,
Por isso tudo então.
Quem é você?
Que se esconde, atrás de um nome qualquer,
Não aparece pra mim,
Estende a mão,
Trazendo a chuva,
Tocando o som do trovão,
será que vamos saber?

Adoro essa música, tem uma das letras mais legais que eu já ouvi. A pergunta central é algo que quase chega a me provocar uma certa agonia: "Quem é você? Que se esconde, atrás de um nome qualquer".
NOME. Está aí uma das palavras mais complexas no sentido filosófico. Como se dá nome para alguma coisa? O que é um nome? Qual o conceito mudo que existe por trás de um nome?
O mundo é o caos. De fato, esse é um pressuposto bastante duvidável, mas que para olhos mais atentos é perfeitamente plausível, já que desde sempre o universo que o homem observou foi uma profusão sem fim elementos misturados sem ordem nenhuma. No meu ponto de vista incongruente, toda a ciência desenvolvida para "dar ordem" ao universo não passa de uma forma de maquiar o caos. O caos é a força mais primitiva, que criou tudo, e ele é indissolúvel e eterno. O que o homem tenta é extrair algo, mais sua imensidão e complexidade vão muito além do que o pobre ser humano será capaz de imaginar.

Mas ora, que diabos essa balela toda tem haver com nomes? Pois bem, usei esse exemplo porque a melhor definição de nome que eu já ouvi foi de José Saramago (Descanse em paz mestre!) em uma entrevista: "Nomes nada mais são do que uma tentativa frustrada de se pôr ordem ao caos." Achei isso genial, e profundamente verdadeiro. Muitas vezes a essência das coisas é perdida em razão de uma denominação equivocada; isso soa metafísico e razoavlemnte sem sentindo, mas de alguma forma, um conceito perde seu sentido verdadeiro quando damos a ele um nome para nossa comodidade, para que não precisemos desenvolver uma tese mais completa e simplesmente usar uma única palavra catalisadora. Porém, essa catálise pode não ter o efeito desejado, pondo fim numa ideia toda.

Na minha opinião, a pergunta mais complexa de todos os tempos que o ser humano já fez é: "Quem é você?". Convenhamos, alguém conseguiria responder essa questão sem começar pelo seu nome? A ideia de nome é algo intrínseco no ser humano, que viveria até hoje em cavernas se não conseguisse da-los às coisas que o circundam. E ainda mais consigo mesmo, ter um nome é uma forma de ser único, de se diferenciar em meio à massa. Mas não sei até que ponto essa afirmação tem coerência e exatidão. A resposta para a questão de quem se é vai muito além do que simplesmente uma denominação, e portanto novamente chegamos ao ponto de que um nome pode acabar com um contexto, diminuindo a essência primária do ser e mascarando o que realmente possamos ser, algo que não pode ser visto por trás das aparências e das comodidades.

Nomes são importantes, obviamente, não seria idiota o suficiente para querer negar isso, já que viver em meio aos caos não seria a coisa mais interessante do universo. Mas de qualquer forma os nomes são usados da forma errada. O ser humano não conseguiu fazer de sua capacidade intelectual algo realmente concreto, que poderia analisar as coisas em geral mais profundamente; o que aconteceu foi apenas a mania de facilitar as coisas a níveis mínimos, que mal exigem esforço intelectual e sim apenas algo de boa memória.
O homem deveria sempre estar buscando conceitos que vão além do óbvio, que não sejam escancarados e limitados por designações inventadas e sem muito embasamento filosófico.

De alguma forma acabamos caindo naquelas antiquíssimas questão que permeiam a existência do homem: "De onde viemos?" "Para onde vamos?" e blá blá blá... mas a pior de todas, mais instigante e que provoca devaneios mais absurdos é a "Quem somos?". As possibilidades metafísicas, científicas, religiosas, esotéricas e místicas são praticamente infinitas. E todo esse universo sem fim que existe dentro da mente de uma pessoa não deveria ser tão condensado como é quando se usam nomes de forma errada.

sexta-feira, 11 de junho de 2010

Momentos de depressão

Como canta Tony Kakko em Replica:

"Nothing's what it seems to be
I'm a replica, I'm a replica
Empty shell inside of me
I'm not myself; I'm a replica of me..."
 
 Pois é, isso aí sou eu. Uma cópia cretina e miserável do que eu já fui. Até há algum tempo atrás eu não me importava em ser um sujeito insignificante, cínico e frio. Mas de um tempo pra cá venho me sentindo cada dia pior, e o fato de não ser absolutamente nada para nínguem começou a levar minha já costumeira insanidade por caminhos tão escuros quecomeçam ame assustar.
Eu com certeza não quero perder nenhuma dessas características, frieza, cinismo, acidez e afins.. isso jamais. Mas chegou um momento em que eu me deparei com coisas que se chocaram diretamente com isso, destroçando a carapaça na qual eu me enfiei para fugir dos meus medos. Eu descobri que só me fazia de desinteressado, que minha mente doentia tinha um invólucro muito frágil, que foi despedaçado por frutrações e sentimentos intensos de auto-depreciação.

A palavra "Frustração" se tornou vocábulo corriqueiro no meu vocabulário nos últimos meses. Fim do ano passado mesmo estudando como um condenado só me ferrava em química (quase tendo um síncope nervosa por causa desta), uma situação delicada relacionada a sentimentalismo que não falei para absolutamente nínguem, não ter conseguido entrar numa federal por uma única cretina questão e a pressão vinda por todos os lados. Muita coisa se acumulou em cima de mim em pouco tempo, e por causa disso vi o quanto sou irrisório, uma farsa, um idiota que o é por ter cohecimento dentro da cabeça, um mané que não consegue seus objetivos pela mais pura e genuína incompetência.

Meus pais queriam que eu fosse só mais um adolescente retardado que o único sonho que alimenta é o de ter uma moto; que nem me passasse pela cabeça a ideia de fazer faculdade; que arrumasse um emprego qualquer com carteira assinada para poder me aposentar aos 40; que me satisfazesse com uma vida colonial medíocre e sem o menor vestígio de perspectivas. Mas não sou assim, e mesmo com a série de fracassos que já acumulei, não pretendo ceder a isso. Tenho algum resquício de orgulho perdido dentro de mim, que nem a mais famigerada depressão consegue dissolver.

Mas essa insistência não me ajuda muito no quesito auto-estima. Me sinto um nada, um 'looser', um pária que vive à parte da humanidade. Eu rio um monte, de várias bobagens e situações do cotidiano, mas sempre (Sempre mesmo) acabo sentindo de novo o gosto amago de ser um fracassado. Isso não some, não esqueço, é um fantasma que me atormenta todo santo dia. 
Já escrevi sobre tristeza e melancolia, dizendo que eram importantes para se manterum equilibrio. Pois bem, mas o meu equilibrio se foi; a balança pesa constantemente para o lado escuro e a minha insanidade vai ficando irremediável....

Nunca vou deixar de ser um cínico frio, um pensador desequilibrado que busca verdades inventadas, mas depois de tanto tomar pancada da vida, passei a vero mundo uma forma um tanto quando diferente. 


Isso foi um desabafo? Talvez. Como sempre, não tenho a menor ideia.

quarta-feira, 5 de maio de 2010

Pirralho reacionário

Inicialmente pensei em inserir o que se segue no post anterior. Mas achei mais interessante dedicar um unicamente a uma ideia que me ocorreu por esses dias, que diz respeito à forma como este alienado ser vê o universo controverso a sua volta.

Muito bem, pulei a adolescência. Cheguei a essa conclusão depois de tanto observar meus contemporâneos e tentar entender o porquê de eu ser tão antagonicamente diferente destes. Tenho 18 anos, e nunca fiz nem metade do que meus amigos de 16 já fizeram. Vamos por partes: Nunca tomei um porre; nunca fui numa balada; os termos "pegar" e "ficar" são absurdamente abstratos e complexos para minha mente primitiva; as regras de comportamento quando o assunto são garotas parecem leis jurídicas do século XI escritas em latim num pergaminho. Em fim, um mundo à parte que não compreendo.

Não sei se estou certo, mas vejo a juventude atual completamente promiscua. Relacionamentos são efervescentes, começam e acabam num piscar de olhos, sem medos, sem culpas e sem nenhum perspectiva sobre futuro. Tudo é banalizado, o que interessa é o agora, o prazer e o falso sentimento  de realização que entregar-se às vontades dá.
O que se defende com unhas e dentes é a liberdade. Muitos argumentos se apoiam no que diz respeito aos tempos de pais e avós, onde haviam normas rígidas e respeito imposto à força, dizendo que atualmente o mundo não é mais assim, que a sociedade atual não pode mais seguir esse padrão de comportamento. No meu ponto de vista isso é um engano profundo, já que essa tão ferrenhamente defendida liberdade é falsa, mentirosa, uma doce ilusão da qual se faz a maior questão de seguir.
Se confunde liberdade com libertinagem, que são conceitos infinitamente distantes e distintos. Se entregar aos vícios da existência, satisfazer cegamente todas as vontades, não é ser livre. Ser livre é estar solto de todas as amarras, de correntes invisíveis que te obrigam a seguir caminhos e ter atitudes que fazem mal, que te subjugam, que te reduzem a ser um simples boneco nas mãos dos vícios. Um libertino é um escravo de si mesmo; um escravo que se sente obrigado a aproveitar tudo, da forma mais intesna que se possa ter, mesmo que para isso ele termine por acabar consigo mesmo.

Eu não quero que isso tudo soe como um manifesto moralista de extrema-direita defensor da moral e dos bons costumes. Não sou hipócrita a esse ponto. Moralismo é perda de tempo, assim como qualquer mortal dessa terra maldita tenho um caminhão de defeitos nas costas, e não sou nínguem para sair dando conselhos. Mas também não sou completamente idiota e cego, posso muito bem observar e meditar sem ser um direitista remoendo um passado rígido que nunca teve. Mas mesmo assim acabo me sentindo um velho ranzinza à vezes, que tem um receio imenso da "modernidade" e dos rumos que os jovens vem seguindo.

Pais não entendem filhos e vice-versa. É assim desde que o mundo é mundo, inegavelmente. Os jovens tem uma característica que atravessou gerações: o ideial que terão um futuro completamente diferente dos que vieram antes deles.
Bem, na teoria isso é uma maravilha. O ímpeto jovem de revolucionar o mundo até certo ponto funciona, no que diz respeito à avanços tecnológicos e afins; mas o que de fato interessa aos jovens, o estilo de vida, os ideias, os pensamentos a filosofia de existência, isso é um assunto mais complexo.
A vida é cruel. Muito. Mas nessa nossa idade, com hormônios em combustão constante, com a sede de prazer a mil por hora, essa crueldade é translúcida, parece apenas uma miragem. As reclamações dos pais sobre como as contas vem caras e de como comprar comida ficou mais caro parecem coisas distantes, que não nos preocupam ainda. AINDA. Essa é a palavra chave. Mais cedo ou mais tarde essas responsabilidades mundanas vão cair sobre nossos ombros. Seremos adultos responsáveis, se não por uma família, no mínimo por nós mesmos. E então a ilusão da vida se desfaz. As cortinas caem e sai de cena a alegria a libertinagem, dando lugar as durezas de se manter num mundo de selvageria, onde se manter vivo e com alguma dignidade custa muito, muito mesmo.

É um choque. Um verdadeiro tapa na cara. Toda uma idealização se vai por água abaixo.
E quando isso acontece, temos duas possibilidades mais concretas:

PRIMEIRA: Ser alguem triste, chato, resignado com a decadência e que então entende tudo que os seus pais diziam;

SEGUNDA: Insistir na ilusão. Se enganar continuando com farras, libertinagens e entregando-se aos prazeres mundanos achando-se sem culpas. Pois bem, achando-se, tentando provar a si mesmo que não há culpas para ter. Mas o que acaba se tornando uma tarefa ingrata e complicada, já que um caminhão de culpas se amontoa na consciência.

Possivelmente exista uma terceira possibilidade: encarar as cretinices da vida com algum senso de humor. Nãose deseperar. Olhar todas as encrencas que viver implica, resolve-las e ainda rir de tudo, sabendo que existem coisas piores no mundo e que por menos interessante que seja, a vida é muito boa. Como eu tentei nunca ter ilusões românticas sobre a vida, sem me deixar enganar por comodidades passageiras, acho que vou conseguir trilhar esse caminho.

Vejam bem, tudo isso não pode ser tratado como verdades. Em hipótese alguma . São pontos de vistas que tenho a partir de muita observação do pequeno universo que me circunda. Cheguei a essas ideias vendo como os jovens de 20 e poucos anos agem, e tentando me lembrar de como eram uns 10 anos atrás. E constatei essas impressões.
Logo, são exemplos do meu ambiente, que não podem ser aplicados como via de regra. Mas mesmo assim, de alguma forma acredito que isso possa se aplicar (em graduações bastantes distintas) nas pessoas em geral, pois indo um pouco além, analisando coisas vistas em meios de comunicação, tenho a sensação de estar vendo um filme repetido....

Mas em fim, qual experiência de vida tem um moleque de ridículos 18 anos, que passou maior parte da vida enfiado em meio à livros e fantasiando coisas absurdas, para tecer tais comentarios? Claro que nenhuma. Pode soar arrogância da minha parte, mas creio que eu tenha um tipo de mentalidade diferente da média dos meus conteporâneos. Não melhor nem maior, apenas diferente. Sou um sujeito frio, analista e que tem algo parecido com medo de sentementalismos; e por isso, tenho a impressão que essa mente doentia consiga desenvolver ideias que mais parecem de um quarentão deprimido e sem fé num futuro melhor.

Talvez eu sem querer tenha criado ao reacionismo juvenil. Sim, isso é idiota, mas tem um ligeiro quê de fundamento.
Acabo sim sendo um reacionário. Mas um reacionário paradoxalmente de mente aberta....

sábado, 24 de abril de 2010

É sim, eu não bebo [versão 2.0]

Me obrigo novamente a escrever sobre esse tema, mesmo que pouco, mas mesmo assim um complemento inerente ao que já foi dito anteriormente.

Nos últimos dois finais de semana ocorreu aqui na minha cidade o "Festival Nacional do Chopp", uma tradicional festividade que remonta aos costumes de nossa tradição germânica. Em suma: são duas noites de sábado dedicadas a se encher de chopp, ficar completamente bêbado, perder a dignidade e passar provavelmente o maior ridículo da vida.

Pois bem, em fevereiro último completei dezoito anos, e já me perguntaram se eu iria ir no Festival. Como pelo menos tento parecer educado, disse que não do jeito mais elegante que pude. Óbvimente me olharam torto com cara de "Que retardado...".
Ótimo, sou um retardado. Ao que me parece, ser o que convencionalmente se entende por normal, legal, descolado, e saber aproveitar a vida ao máximo, é bancar o idiota e sacripanta, se rebaixar a glutonices etílicas para depois pôr tudo para fora num belíssima fonte de regozijo podre. Sim, eu sou um retardado, e o retardado mais feliz do mundo.

quarta-feira, 24 de março de 2010

Músicas

A música é uma das artes mais intensas que o o homem foi capaz de criar. Seja ela como for (Óbviamente que excetuando-se exemplos medonhos de mau gosto e caráter únicamente lucrativo) a música tem o poder de fazer uma pessoa sentir ou pensar coisas que para estas acabariam passando despercebidas. A música é um instrumento de comunicação poderoso, é uma língua cujas palavras são entendidas em qualquer lugar; acordes, arranjos, melodias fazem com que pessoas abissalmente diferente entre si se comuniquem e se entendam, trocando sentimentos, ideias,sensações. É uma eficaz língua universal.

Minhas atenções músicais se baseiam principalmente em dois segmentos: Música clássica/Erudita e Heavy Metal. Isso parece quase incoerência, mas acreditem, não é. Esses dois estilos tem muito mais incomum o que se pode imaginar. Uma peça de Schubert me deixa tão emocionado quanto algum dos refrões épicos do Blind Guardian. É uma sensação quase inexplicável. Em geral a música erudita não apresenta letra, e isso acaba fazendo com a experiência de apreciar a música unicamente no quesito sensorial seja ainda mais intesa, e é aí que se descobre quem é gênio é quem é medicore, se vê quem é capaz de passar sentimentos unicamente em notas extraídas inicilamente dos confins do pensamento para depois serem apurados em instrumentos, tanto num surrado violino de um artista de rua quanto nos portentosos instrumentos cristalinos de alguma orquestra gigantesca. E o Heavy Metal não é muito diferente disso; levando para o lado mais intenso e pesado (Mas quase sempre tendo as belas e bem vindas escapas para baladas repletas de leveza e feeling) ele também traz o poder de sentir uma ideia através de riffs de guitarra, linhas de baixo e bateria e vocais que vão dos agudos aos guturais. E a letra é o diferencial, mais um atrativo, que faz pensar, sentir, imaginar e se questionar sobre seu significado (NOTA: Isso tem excessões, e várias). O Metal é estigmatizado e mutas vezes mal interpretado, de formas tão absurdamente hipócritas que chega a ser incompreensível. Beethoven em seu tempo passava por algo semelhante, já que fazia um tipo de música revolucionário, e que os desegradava os defensores dos paradigmas. E eis que temos mais um ponto em comum...

Mas o mundo é impensavelmente grande, e se apegar unicamente a esses dois estilos seria estupidez. É incrível sair pela internet e pesquisar música dos quantro cantos do planeta, passando por batuques africanos, ritmos latinos, flautas celtas, os sons indígenas que representam a natureza, a mística música oriental que hipnotiza por algo que soa quase como uma complexida que é ao mesmo tempo simples... Poderia ser listado um sem fim de possibilidades musicais.
Mesmo nossos estilos ocidentais são infinitamente segmentados, como Blues, Jazz, Eletrônico, Bossa Nova, e afins. E isso é algo maravilhoso, ter uma gama tão grande variedades de sons e estilos faz com que tenhamos discernimento de conhecer o mundo em suas minúcias, com seus pequenos detelhas que passam despecebidos pelos livros de história e documentários do National Geographic.

Fico tão efusivo quando saio pensando nesse tema, que acabo me tornando confuso, e acho que foi isso que aconteceu aqui. Mas de qualquer jeito, enumerei algumas ideias aí que creio serem coerentes cada uma em seu núcleo.
E só mais uma coisa: Não sejamos cegos, abramos os olhos para tudo de incrível que o mundo da música tem para nos oferecer.

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Shakespeare e o covarde

Pequena inserção cretina na célebre questão shakespeariana imortalizada na voz enlouquecida do sanguinário príncipe Hamlet: "Ser ou não ser um perfeito covarde? Eis a questão."

De fato essa foi uma heresia imperdoável para com o o grande e sábio dramaturgo britânico. Mas tomei essa abusada liberdade poética (?) tão somente para abordar um tema que tem me tomado um tempo relativamente grande de sessões inútei de meditação e análise: covardia.
O motivo que me leva a escrever sobre isso no momento é irrisório, mesmo algumas pessoas sabendo do que se trata; mas de qualquer jeito, não interessa.

Medo e covardia são conceito bastante distintos um do outro. O medo fez com que a humanidade prosperasse sobre a terra, já que o medo de ser devorado por bestas selvagens fez com que os homens pré-históricos não saíssem de noite de suas cavernas. Medo é primitivo, instintivo, vai além do mero entendimento filosófico ou intelectual. Mas a nossa tão cotidiana covardia é algo mais complexo, que se embrenha no mais íntimo dos compatimentos do intelecto que unicamente os humanos desenvolveram. Óbviamente que uma coisa está ligada a outra, de forma bastante inerente e alguns caso quase que onirica. Um covarde sem medo seria um paradoxo dos mais peculiares.

Mas podemos imaginar que a covardia mundana, que não é a mesma coisa que o medo primitivo e natural, se apoie em fraquezas. Fraquezas ideológicas, morais, espirituais e afins. Somos todos fracos, uns mais outros menos.E é esse nível de fraqueza que compõe nosso cosciente de covardia.
Não vou considerar covardia como medinho de fazer alguma coisa; isso seria frívolo demais. Prefiro imensamente mais imaginar a covarida do relacionamento interpessoal, tanto em ordem física (leia-se violência) quanto de falar e ser. Portanto, gostaria de me ater um pouco na coisa mais difícl para todo o ser humano: lidar com o próximo.

Egoísmo é o carro-chefe da existência, inegavelmente. E Infelizmente, todos os discursos de amor fraternal, disponibilidade ao próximo, desprendimento e humanismo são balela (Salvo rarísimas excessões). Portanto, é mais fácil se isolar no próprio mundo, lidando somente consigo mesmo (E quantas vezes isso é feito de modo errado...) e deixando de lado esse tal de "próximo". E eis que aí reside muito da covardia. Somos covardes uns com os outros, não chegamos a ser ruins ou de mau caráter, somente covardes de se abrir ou ao menos ceder, deixando de lado o EU e caminhar pelos campos desconhecidos dos outros.
Digo tudo isso por experiêcia própria. Não tenho como negar que sou um perfeito egoísta em muitos momentos, e a desconfiança de ir em frente com algum tipo de compartilhamento de sentimentos soou atemorizante e absurdamente perigoso, e me fez trancar diante de oportunidades impressionantes, caracterizando-se como incomensurável covardia.

Creio que este amontoado de ideias soe bastante confuso e razoavelmente sem nexo. De forma inconsciente creio que tenho sido essa minha ideia inicial, já que é mais ou menos assim que me sinto ultimamente.
Mas embromar não adianta nada, e por isso deixo a palavra para aquele que deu título a este confuso escrito:


"Nossas dúvidas são traidoras e nos fazem perder o que, com freqüência, poderíamos ganhar, por simples medo de arriscar."
William Shakespeare. 

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

O Roteiro do meu Réquiem

Lá vou eu de novo parodiar títulos de músicas. Mas estou nem aí, adoro fazer isso.

Réquiem é uma palavra que me é muito interessante. Tem uma sonoridade única e representa com simplicidade toda uma vasta gama de sentimentos relativos à morte, luto e pesar. É pesada, sombria, e remete mais do que simplesmente um velório, onde uma família mantém acesa a chama constante da hipocrisia civilizada da sociedade huamana.

A morte é a única certeza que temos em vida. Parece mórbido e deprimente, mas é verdade. Paremos para pensar e chegaremos a essa conclusão. O futuro é um mistério absolutamente indecifrável, e simplesmente não temos como saber se continuaremos a viver amanhã, depois ou até quando for.
De fato não tenho como entender o medo tão profundo que se tem da morte, que é algo sublime, apoteótico (Sim, um exagero, já que o significado dessa palavra não ter absolutamente nada a ver com essa história toda, mas azar) e porque não, dependendo da situação, glorioso.

A passagem da imensa maioria das pessoas sobre a terra é irrisória, insignificante e que passa despercebida. Por isso morrer não deveria significar nada de horrível, já que vivendo ou não nunca seremos nada de relevante. Ponto de vista totalmente pessimista esse, eu bem sei. Mas nessas horas não adianta em nada aquelas histórias de cada um é importante, que tem seu papel, seu destino, seu motivo de existir e afins.Na hora de morrer viramos tão somente mais um na multidão. E bem por isso creio que a morte deveria ser a coisa mais esplendorasamente pessoal  que possa existir. Nossa irrelevâcia perante é história é factual, porém nós mesmo sabemos que existimos e que fizemos alguma coisa em vida, logo, poderemos sem pesar na consciência, glorificar nossa própria extinção física.

E entrando nessa seara, fico fantasiando um roteiro para o meu próprio réquiem. Não serei santo, Papa, Presidente, ou mesmo alguém importante, e por isso não imagino uma multidão chorando minha irreparável perda. No máximo meia dúzia de amigos fiéis, familiares que restarem e um e outro curioso que sempre aparece nessas horas.
Tudo começa com os pressentimenrtos. Depois os conformismos e os primeiros sentimentos de saudosismo.E quando a inefável hora vem, nada a de se fazer se não entregar-se aos braços frios da morte. Sem velórios demorados, uma breve vigília e nada mais. Eu sou um nínguem, e como nínguem desaparecei num sepultamento discreto num cemitério charmoso de algum fim de mundo.

Devaneios absurdos, com certeza. Mas são devaneios reconfortantes, que me põe diante da incontestável verdade da insignificância perante a existência. Sou apenas mais um que enfrenta suas batalhas buscando a utópica Terra Sagrada da realização. Somente mais um dos cruzados dos tempos modernos que sai por aí sem saber o porque de fazer isso, que age tentando entender as razões, mas no fim das contas não passa de um mero caçador de sombras, sombras essas que pairam por mundos irreais querendo ser verdades. Muitas vezes a redenção vem tardia, onde pedaços do tempo se espalham pelos meandros da memória  empurrados pelo soturnos ventos de qualquer ideia parecida com destino.
Mas convenhamos, quem não se engana durante a vida, não passa por remorsos quando se está perto do fim. Aproveitemos a vida para mais tarde morrer de consciência leve.

A vida é bela para quem sabe viver. Pensar em deixar a vida não é simplesmente morbidez, é apenas encarar a verdade sem ressentimento ou culpa. Nada é eterno, os ciclos se renovam, e o tempo de cada coisa se esvai, para dar lugar a outra. Talvez a única coisa eterna seja o tempo, com toda sua metodologia mística e criptográfica, que nos submete a seus caprichos sem dar qualquer chance.

Conformismo não é o fim do mundo. Nunca se sabe a hora que ela vem, mas deve-se viver o melhor possível, para quando a senhora morte vier, simplesmente sorrirmos e pegarmos em sua mão e ir para a eternidade.

domingo, 3 de janeiro de 2010

Sobre Dio e câncer

Apenas uma nota rápida: Já foi veiculado há algum tempo que um dos maiores ícones do Heavy Metal, Ronnie James Dio, está lutando contra um câncer de estômago.

Sou um grande fã do trabalho dele, admirando-o como artista e ser humano, e por isso peço que qualquer um que por acaso ler isto, lhe faça uma oração ou mande qualquer tipo de desejo de melhora.

Força Dio! Todo nós temos certezaque você vencerá essa luta!