quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

Considerações impressionadas

Não é simplesmente mais um ano que está por acabar, mas também uma década inteira já se passou. É realmente impressionante a forma como esses dez anos passaram; com certeza tivemos imensos divisores de águas, e o mundo não é mais o mesmo terminada essa década inicial do século XXI. Terrorismo, guerras, explosão definitiva dos escândalos políticos, eleições controversas, um negro como homem mais poderoso do mundo, a aceleração absurda da tecnologia, gripes que acabaria com o mundo e não mataram quase nínguem... Foi de fato muita coisa.

O mundo foi moldado novamente pelos acontecimentos desses anos. A Era do Terror se instaurou pelo mundo, e a fracassada campanha militar americana no Iraque encabeçada pelo simíesco e completamente estúpido ex-presidente George Bush talvez tenha sido um dos melhores exemplos disso, onde os banhos de sangue são diários e milhões de vidas são jogadas fora como lixo. A "liberdade" ocidental mais uma vez se defrontou com os costumes repressivos do oriente médio e do mundo árabe, sendo retratado isso tanto em literatura com best seller que venderam milhares de exemplares pelo mundo, ou mesmo pela queda do regime talibã no Afeganistão, que se tornou apenas mais uma das ramificações do conflito dos EUA contra o resto do mundo. A liberdade trazida pelo ocidente jamias se concretizou, já que com ou sem regime opressor, a violência segue dia após dia, e nenhum escritor jamias vai conseguir retratar com total fidelidade o terror de ter a vida em risco todo o santo dia.

O nosso Brasil viveu anos conturbados, em meio a um governo que é absolutamente impressinante pela capacidade de fazer grandes coisas em todos os sentidos, bons e ruins. Ao mesmo tempo que o país vive um vistoso crescimento econômico e social, nunca houveram tantos escândalos de corrupção e ladroagem política e pártidaria, onde o Deus-Todo Poderoso-Dinheiro já passeou por cuecas e meias. Sim, isso não é novidade nenhuma, já queatualmente tudo isso se torna público pela liberdade que a mídias tem, coisa que simplesmente não existia no tempo da Ditadura Militar, um período tão corrupto ou até mais que o nosso. Porém, o que causa tristeza, é que mesmo com esse mar sem fim de notícias acerca do tema, o povo burro e alienado simplesmente não dá a mínima atenção para nada, contentando-se com a antiquíssima (E eficiente pelo visto) política do "Pão e Circo".

O mundo ficou mais alienado do que nunca. As duas grandes gripes da década estão aí para provar isso: aves e porcos se tornaram motivo de pânico ao redor do mundo, enquanto que alguns senhores barrigudos riam a valer em escritorios luxuosos dos países ricos vendo as cifras de suas empresas farmacêuticas subirem a níveis estratosféricos. E junto com eles riam os chefões de empresas de comunicações, que ganhavam sua fatia desse saboroso bolo epidemico ao propagar as predições mais aterradoras e catastróficas (quase apocalípticas) sobre as consequênciasan do espalho dos vírus infernais dessas gripes. E o povo alienado corria apavorado às farmácias comprar Tamiflu e máscaras.
E um fato curioso: a gripe comum mata em um ano normal muito mais pessoas do que o número total de óbitos ocasionado pelas gripes aviária e suína, respectivamente nos anos de 2005 e 2009.

E a alienação transcendeu os limites do plano sócio-plítico, entrando com tudo no mundo da cultura. Tristemente a música de massa da geração dos anos 2000 foi uma das piores de todos os tempos, onde mais do que nunca os olhos capitalistas de produtores rastreavam por bandinhas e cantoras que os fizessem enriquecer em pouquíssimo tempo. Letras vazias, temas banais, embelezamento estético acima de tudo, febres que sumiram tão rápidas quanto apareceram, dando lugar a novas que vão tendo seus minutinhos de fama até que seja sua vez de sair de cena. As crianças se sentem adultos aos onze, bebendo, fumando, se drogando, transando e engravidando, tudo pelo sentimento extremo de aproveitar a vida ao máximo, dando dinheiro a empresas que fabricam bebida, músicas e filmes ruins, escritores medíocres e televisões vazias e completamente abestalhadas. Lamentável.

Obama foi algo surpreendente, não tem como negar. Mas é dificil acreditar em revolução, pois creio que ele não passará de fantoche nas mãos de gente mais poderosa. Tomemos por exemplo o fiasco de Copenhague, o caro Barack seria o único com poder o suficiente para fazer algo realmente útil para a saúde do planeta, mas não o fez; ele mais seus coleguinhas capitalistas disfarçados de comunistas lá da China se recusam veementemente a reduzir suas emissões de poluentes, alegando que isso prejudicaria sua economia. Pessoalmente eu creio que um colapso climático prejudicaria bem mais a economia de todo mundo do que simplesmente reduzir emissões de poluentes.
Muito bem, e o clima é outro personagem importante dessa década. Furacões, terremotos, temporais, enchentes , destruição e calamidade pública como há muito tempo não se via igual. Como diz aquela frase velha e surrada, mas que não perde o valor, a natureza está começando a cobrar o preço dos atos dos homens...

Nosso futuro é incerto, muito incerto. Outra década se abre diante de nós, com desafios hérculeos a serem enfrentados, que de certa forma vão mais fundo do que questões econômicas, políticas, sociais ou ambientais, passam para um plano mais interior de cada pessoa, de cada indíviduo que seja capaz de fazer alguma coisa, por menor que seja. Alienação, insensatez, ganância, intolerância, ódio, ignorância, omissão, egoísmo.... todos esses, e infinitos outros, são os nossos piores inimigos, e cada um deles mora dentro de nós mesmos.

E vencer esses inimigos será a única forma de sermos capazes de poder tecer novas considerações no futuro.

quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

Como sempre, um natal depressivo

São Dez e Meia do dia 24 de Dezembro, véspera de natal. E cá estou eu escrevendo essas linhas pesarosas.

Antes de mais nada preciso preciso dizer que gosto da minha família, não odeio nínguem, e não nutro nenhum desafeto profundo. Logo, não passa por questões de brigas familiares ou não as razões destes escritos.
O natal me deprime. Mesmo gostando da minha família, e ela não ser o maior motivo disso, de alguma forma ela colabora. Provavelmente seja algo inconsciente e remoto, já que de tanto ver na televisão famílias comemorando o natal, acharia-se natural que a própria também o fizesse. Mas minha família não é como as da televisão. Aliás, nenhuma é.

Nós não temos ceia, amigo secreto o qualquer coisa deste tipo. Não é por miséria financeira, não mesmo, nem tenho do que reclamar de nossa condição financeira. Acaba sendo alguma forma de inércia, de falta de vontade, sentimentos endurecidos e que não se abrem para esse tipo de sentimentalismo vago. Isso pode soar estranho, tendo-se em vista toda a simbologia dessa época do ano, mas se eu analiso friamente, vejo que acaba tendo sentido. O natal é uma piada.

É uma piada mesmo. Começa por ser historicamente hipócrita: o cristianismo precisava dar um jeito de fazer com que os romanos pagãos aderrisem a doutrina de Cristo; pois bem, os "cabeças" do culto cristão tiveram um ideia brilhante: associaram o nascimento de Jesus com um muito comum feirado pagão da época, o Dia do Deus Sol, que muito por acaso vem a ser o nosso tão adoro 25 de Dezembro. A hipocrisia cretina reside no simples fato de mais tarde toda a doutrina católica desmerecer o paganismo que fez com que ele crescesse e ficasse "popular", assim digamos.
aí se nota que muito do espírito da coisa foi inventado por conveniência, e com o passar do tempo essa conveniência exigiu mais algumas adaptações.

Não entro no mérito de dizer se Jesus existiu ou não, já que isso não vem ao caso. Mas o que vem ao caso é citar que tudo que sua cultua hoje em dia tem um único e inegável motivo: dinheiro.
Não adianta negar, isso é uma verdade. O natal é um negócio, que visa exclusivamente o lucro (prejuízo para outros), onde o imperialismo capitalista se reveste de bons sentimentos de solidariedade e caridade para faturar somas estratosféricas em cima da vaidade e egoísmo da sociedade civilizada. Me deprimo em ver aqueles verdadeiros formigueiros humanos que são os Shoppings ou centros populares de compras nessa época do ano, atrolhados de pessoas que precisam com uma gana ensandecida gastar para manter aparências fúteis.

Eu gostaria de acreditar na ideologia de paz e amor dos símbolos natalinos. Em alguns momentos eles podem ter sido sinceros e de fato importantes, mas hoje não são, não passam de distorções descaradas de bons valores, mergulhando toda a sociedade num mar obscuro e brumoso de cinismo e hipocrisia.
Reuniões familiares são hipócritas e cínicas por natureza, maquiadas de união e alegria, mas que tem por baixo raiva, necessidade de aparecer e manter aparências. Esquece-se por alguns dias as desavenças, como se nunca existissem, para que logo após cada um ir para seu lado os murmúrios fervilhem uns contra os outros novamente, sem que tivesse acontecido nenhuma mudança concreta em relacionamento nenhum. Mais motivos para não entender essa "tradição" e acabar ficando deprimido.

E o Papai Noel? Pergunte ao dono da Coca-Cola dos anos 30, que foi quem o inventou, baseado na lenda de São Nicolau para alavancar a venda da bebida nessa época tão fria do ano e que não é convidativa para se tomar refrigerante.

Sinceramente, eu queria poder crer nesses valores pregados. Mas não dá.

O fato de minha família não ser lá muito ortodoxa para comemorar essa data não tem nenhum valor redentório perante a sociedade falida, não tem mesmo. É apenas mais uma no meio da massa, que passa desapercebida e não tem poder de mudança. Temos nossas pequenas farsas, pequenas mentiras e pequenas hipocrisias, já que disso nínguem está livre.

quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

2012, Fim do Mundo, bobagens e afins

Alguns dias atrás estive na biblioteca da minha escola e por acaso acabo me deparando com uma revista "Mundo Jovem" de 1997 com a seguinte matéria de capa: "Ano 2000, será o fim do mundo?"

Não tive como não achar graça. Coicidência curiosa com o que vivemos nos nossos dias atualmente, só pensando neste profético 2012. Em 1997 eu tinha 5 anos, e ouvia histórias tenebrosas sobre o fim do tempos e via um monte de gente desesperada. E em 2000, aos 8, não vi nada ade anormal acontecer (Bem por isso talvez esteja escrevendo isso agora). Pois bem, e parece que vejo o mesmo filme de novo: escuto histórias assustadoras, teorias, possibilidades e muita especulação sem fundamento.

Obviamente que dou boas risadas disso tudo. Mas por outro lado paro para pensar o que leva as pessoas a se apegarem tão fortemente a essa ideia quase mórbida de fim de mundo. Não entendo muito bem o motivo disso. Na Idade Média o aspecto religioso foi um excelente motivo, já que a alienação católica medieval foi algo muito profundo na sociedade daquela época, aliada a interpretações dúbias da Bíblia (Um livro dúbio por natureza e que é cheio de mistérios mas profundos do que os pregados pelos pseudo-sacerdotes de todas as religiões contemporâneas). Sim, isso na antiquada Idade Média, mas hoje, o que leva a essa fobia absurda?

Vá se saber. Bela pergunta sem resposta. Mas mesmo sem encontrar respostas, nós podemos nos dar ao luxo de divagar quanto às questões e chegar a ideias verossímeis porém sem provas concretas.

Um fato inegável é que o ser humano é místico. Muito místico, querendo ou não. Desde seus primórdios mais ancestrais, o homem vem se vendo de frente com coisas que vão além do seu conhecimentos, temendo-as e respeitando-as (a ideia de sagrado e divindade, de certa forma). Esse misticismo acompanhou todas as sociedades, vertendo-se em religião ou antítese a ela, essa última possibilidade seria mais relacionada a interesses pessoais nada transcendentais. E como nos povos antigos a religião era uma das partes inerentes da sociedade, todas as previsões e observações que envolviam astronomia, astrologia e misticismo, eram muito levadas à sério.

NOTA: Me refiro a sociedades e povos antigos porque as religiões modernas (entendesse judaísmo , cristinanismo e islamismo) se utilizam dos conceitos místicos da forma mais errônea possível, distorcendo seus valores e pensando mais em interesses meramente humanos, enquanto que mas civilizações mais antigas e distantes disso, a religião tinha um papel mais próximo das pessoas, fazendo uma ponte muito mais estreita entre os homens e os deuses.

Portanto chego ao ponto que me interessa dissertar. Uma das sociedades mais notórias em previsões catastróficas é a Maia. Segundo seu calendário super tecnológico (para um civilização de 10 mil ano é) no ano de 2012 o mundo se acabaria. Bem, isso no imaginário popular e nos livros dos estudiosos sensacionalistas. O que de fato está registrado naquelas milenares escrituras e predições, é que esse ano seria tão somente o fim de um ciclo e o início de outro. E lá vamos nós de novo com a morbidade de logo associar isso a um fim dos tempos. Esse conceito maia de ciclos que se renovam faz todo o sentido, já que se observarmos com um mínimo de atenção o mundo que nos cerca, veremos que tudo é cíclico: as estações do ano, as fases da lua, um ciclo menstrual, os anos.... A vida se renova em ciclos, tudo é ciclíco, tudo é circular; e a morte, é tão somente uma consequência da vida.

Então temer a morte no fim do mundo é pura tolice, uma imensa bobagem. A alienação cristã se apoia na relação merecimento-salvação, que absolutamente distorcida em detrimento a mais uma vez interesses (De novo eles...) baixos e mesquinhos, manipula as pessoas a serem fantoches, plantando-lhes sementes de medo, arrebanhando fiéis pelo terror e falsas promessas de salvação.

E aliás, nem o nosso cristão e tradicional Apocalipse é corretamente interpretado. Nos ensinam nas aulas de catecismo que o Apocalipse é o fim dos tempos, o Julgamento Final onde os ímpios pagarão por seus pecados e os infiéis arderão no fogo do inferno e outros blá blá blás. mas o que pouca gente sabe, é que a palavra Apocalipse em grego significa revelação. Convenhamos, de fim do mundo para revelação temos uma distância interpretativa considerável.

Todos as culturas tem o seu fim do mundo. O Ragnarock nórdico é um exemplo interessante. E de certa forma, tudo isso tem um cerne comum: o fim de uma era e o começo de outra. Novamente essa ideia circular, que de tão repetida, em culturas diferentes e completamente isoladas umas das outras, não pode deixar de ter alguma coisa de verdadeira.

Esse nosso mundo e suas bobagens que povoam programas de televisão que querem bancar os intelectuais.... No fim das contas, rimos.