domingo, 21 de junho de 2009

É sim, eu não bebo

Algumas vezes me causa espanto a reação da pessoa para quem eu digo isso.
Por algum motivo que me soa quase como maçônico, é uma regra imprescindível da sociedade moderna ser um pingunço inveterado, e tirar onda de "bonzão" disso. Se o indivíduo sair para uma festa e voltar para casa sóbrio, estará cometendo um pecado dos mais graves do repertório da religião frívola-mundana.
Pessoalmente não consigo compreender qual a razão de se ficar de porre. Também me estranho observar como se pode gostar de uma coisa com gosto tão ruim como bebidas alcoolicas. Cerveja, vinho, chachaça, whisky, vodka.... tanto faz. Tudo tem o mesmo gosto ruim. Isso sem levar em considerações os efeitos dessa substância no organismo.
Uns me dizem que o alcool faz criar coragem. Outros que só porque é bom. E tem os que enchem a cara simplesmente para ficar de porre. Bem, não sei se o problema é com eles ou comigo. Se os estranhos são eles ou eu. O mais provável disso é que eu seja um ser estranho e incomum nesse mundo; mas levando em conta a quantidade de coisas absurdas que já pude observar pelo comportamento "normal" , fico muito bem sendo uma criatura estranha e bizarra que não gosta de alcool.
Certa feita li um livro chamado "Até o mais amargo fim", de uma cara austríaco chamado Johannes Mário Simmel. Nele se conta a história de um ator fracassado e alcoolatra que se usa das mais baixas artimanhas para reascender ao estrelato e ao sucesso. Esse homem é doente, extremamente doente, principalmente em decorrência do cosnumo exagerado de bebida. Ao longo da trama se desenrola as misérias desse viciado, até o momento em que ele se vê obrigado a se tratar. E é nesse ponto que me impressionei definitivamente com essa história. Na clínica onde o ator tenta se recuperar, o médico lhe dá sermões a respeito do que o alcool representava ara a sociedade do século XX.
Achei tudo simplesmente perefeito. De uma sensibilidade e realidade crua e direta. O alcool foi "O mal do século", e até os dias de hoje ainda ronda muita gente fraca e sem estrutura psicológica. Em minha singela, modesta e desprezível opinião, qualquer pessoa que se apegue demais nesse artifício de efêmera felicidade e auto-realização, é totalmente oca por dentro, perfurada por dúvdas, incertezas e frustrações, que se extravasam por esse meio tão pouco ortodoxo.
A inerente covardia da raça humana pode igualmente ser um fator significante. O alcool encoraja, como já mencionei, e faz com que os medos se apequenem, fazendo com que surja um sentimento de onipotência e intocabilidade, que na maioria das vezes é trágico. O alcool traz uma ilusão, que se acaba num certo espaço de tempo; então, o fraco quer sentir aquilo de novo, e se embebeda outra vez. Isso se torna um círculo, o vício nasce e se apodera do corpo e da alma. Um caminho sem volta.
Egocentrismo e vaidades à parte, tenho orgulho em dizer que nunca tomei um porre, e nem pretendo o fazer. Não me sinto superior a ninguem por cuasa disso, nem melhor nem pior, apenas tenho uma forma mais lúcida e crua de ver o mundo. Meus olhos são mais abertos, veem mais coisas, isso sim é uma virtude, mas que se não usada com parcimônia, também acaba como um problema: o problema da altivez.
Prefiro ser um capitalista, verme de sistema, e tomar Coca-Cola mesmo.