quarta-feira, 20 de julho de 2011

A hora de buscar ajuda

Eu já fui um bocado estúpido nessa vida. Não tenho um mísero pingo de auto-estima faz muitos anos, mas mesmo assim não dava o braço a torcer sobre algumas coisas.

Uns bons anos atrás minha mãe ameaçou me levar num psicólogo. Sim, ameaçou, é a palavra certa. Isso por causa do meu jeito meio fechado de lidar com o mundo na época, de eu ser bastante desleixado e diferente demais do "modelo" qu eu deveria seguir. Eu respondi para ela, no alto da minha arrogância dos 11 anos, que eu até iria, mas que provaria para o piscólogo em cinco minutos que o problema era com ela e não comigo.
Muito bem, lembro dessa cena com uma vivacidade dolorosa.

Os anos foram passando e as coisas ficaram mais complicadas. O crescimento intelectual em seus inúmeros viéses mudaram profundamento os fundamentos do que eu sentia sobre mim mesmo. A insegurança que eu trago comigo desde quando consigo me lembrar se atenuou intensamente, descambando numa baixa auto-estima que chega a limites doentios.
Quando eu era menor ficava irritado quando me perturbavam por causa do meu jeito. Mas pouco a pouco fui perdendo isso, começando até certo ponto a concordar com as críticas, mas sem condição nenhuma de mudar. Deixei de sentir orgulho dos meus pequenos feitos escolares. Uma nota boa aqui, um elogio ali, menções honrosas acolá, nada disso me fazia sentir bem. Aliás, por muito tempo a escola me fora um refúgio, uma espécie de válvula de escape para as frustrações que eu causava em casa; mas como eu disse, isso acabou se perdendo.

A o tempo da escola chegou ao fim, e com ele mais uma baque emocional pesado.
Eu já tinha escrevido aqui alguma vez que comecei a ir extremamente mal em química no final do terceiro ano, e isso foi um choque que eu não consigo exprimir completamente. Eu nunca fora um aluno brilhante, longe disso até, mas quando derrapava em alguma matéria, conseguia me esforçar e recuperava bem os pontos perdidos. Mas dessa vez eu não consegui, estudei como um condenado e só afundava cada vez nas provas. Só me formei por boa vontade da direção da escola.
Essa situação me fez ver o quanto eu era uma farsa, alguem que conseguia enganar os outros com seus dotes intelectuais levemente desenvolvidos.
Foi a época que começaram meus fracassos. Tentativas de tocar adiante o estudo, relacionamentos, emprego, enfim, viver. E fracassei miseravelmente em tudo.

E nessas últimas semanas onde eu voltei mais uma vez a estaca zero, sem pespectivas, perdido e apenas com a rotina sem sal da minha vida depois de mais um fracasso gigantesco me dei conta que estava na hora de procurar ajuda. Mas pra falar bem a verdade já deveria ter ido fazer isso faz muito tempo.
É nessas horas onde tu se reduz ao nada existêncial, onde o mundo é apenas um amontoado de obrigações sem sentido, que toda a arrogância some, as máscaras caem e as convicções desmoronam.

No fim das contas a minha mãe estava certa e eu, como sempre, fui só um completo idiota.


Nada disso aqui faz sentido, eu sei. Mas nareal nada na vida faz.


E pra terminar só deixo um verso de uma música de uma grande banda:

"I have no lies or truth in what I say
there is no meaning
the words are numb and I am so afraid
there is no meaning"