sábado, 30 de maio de 2009

Nós não precisamos de Heróis

Heróis. Todo mundo gosta deles, é impressionante. Mas eu não gosto.

Essa figura curiosa idealizada lá pelos fins do século XVI deixa entender uma porção de coisas a respeito de nós mesmo e das inúmeras gerações que nos antecederam por cima desta miserável terra.

Bem, é óbvio que os tais de heróis existem a tempos imemoráveis. Certamente todas as culturas já tiveram (ou ainda tem, vai se saber) os seus heróis. Mas por que diabos nós precisamos deles? Sinceramente não sei.
Mesmo não sabendo o motivo real, nutro uma teoria. É muito provavél que essas ideias nem da minha cabeça tenham realmente brotado, mas sim moldadas a partir de ideias de outras pessoas captdas ao léu na imensidão do mundo literário. Mas isso pouco importa; seria mais ou menos assim:
O homem é fraco. Muito fraco. Disfarça sua fraqueza com a intelectualidade que desenvolveu ao longo dos séculos, defendendo assim sua superioridade em relação as demais criaturas que andam por aí. Muito bem, são fracos, medrosos, apavorados e sem motivação desapegada para com nada, e exatmente por isso, estando conscientes disso tudo, ineventam figuras daquilo do que queriam ser: fortes, corajosos, valentes e destemidos. Sua única virtude transforma-se em sua arma: a inteligência. Logo, não conseguindo obter esses ideais, ele os cria em criaturas imaginárias que propaga aos quatro ventos como sendo o modelo de homem de verdade. O Herói.
Pode até se imaginar que isso não tenha nada demais, que seja natural e irrisório. E por um lado até que é mesmo, só que na maioria das vezes o único que sabe quer isso não passa de umas invecionice de um covarde é o próprio autor. Enquanto o idealizador se conforma com a ignobilidade, iludindo-se com suas imaginações, os que ainda mais mundanos e fracos levam aquilo á sério, transformando a figura do herói como sua meta maior da existência.
E eis que é aí que mora o maior de todos os ledos enganos: todos querem serem heróis; mas sua natureza abobada e covarde nunca permitirá, levando de uma frustração a outra, num ciclo eterno de desilusões e fracassos.
Triste, deverás triste.
Mas o maior dos divertimentos humanos é se enganar. Fechar os olhos para a realidade se apegar ferozmente às idealizações, imaginadas por pessoas tão fracas quanto. Idealizações, idealizações e mais idealizações..... Durante quase toda sua história o ser humano não passou de um produto de produção em série, que se obriga a seguir modelos para tudo, de conduta, aparência, posses e ideais. A origininalidade que o intelecto poderia trazer nunca nem existiu.
Estamos todos agrilhoados num mundo sem saída ou escapatória. Quem não é igual ou é louco ou perdedor, um relés idiota, um verme insignificante que não é digno de qualquer atenção ou respeito. Como diria o Metallica: "Sad but true".
Toda essa patavina ainda por cima é mergulhada numa incoerência sufocante. Ora pois, nessa sociedade falida e pútruida, todos tem a obrigação cívica e moral de serem iguais, meras cópias em preto e branco uns dos outros; mas como então se explica a necessidade dos seres superiores, fortes e corajosos? Os heróis? Certamente a única resposta que qualquer um chegaria é: "Sei lá".
Uma campanha de televisão diz que o que move o mundo não são as respostas, mas sim as perguntas. E não vejo nada mais verdadeiro que isso, pois sempre que se encontra uma resposta, brotam outras tantas questões a partir dela. E se por acaso se acha-se um motivo para aquela questão acima, surgiriam mais e mais perguntas, tentando se entender a piada da existência.
Um sujeito chamado Tobias Sammet escreveu uma letra que dizia assim: "We are falling - falling to rise /Pain is the guide out of the wastelands / We don't need a hero" . Mais adiante fala-se em que não precisamos de charlatões que nos mostrem a luz. Por essas e por outras que eu adoro esse cara.
Não, não precisamos de heróis. Se por um acaso do imprevisível destino a humanidade abrir seus olhos há muito lacrados, se verá o quanto eles são estúpidos.