terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Um ano para esquecer

Enfim, 2010 vai nos dando adeus. Para este que vos fala, foi um dos piores anos no âmbito pessoal com certeza absoluta. Nunca tinha conseguido reunir tantos fracassos, tantas frustrações e desperdiçar tantas chances incríveis como neste fatídico 2010.

Olho para trás e vejo que praticamente joguei um ano de vida fora. Não fiz nada de útil, e quando tentei, fracassei vergonhosamente, escancarando todas as minhas fraquezas, os meus medos, me obrigando a rever quase todos os meus conceitos que tinha sobre mim mesmo. Me acostumei com o gosto amargo da derrota, do escárnio dos próximos, com as indiretas e com toda a hipocrisia, que talvez seja o que mais dói.
2010 foi o ano em que as minhas neuroses foram mais intensamente atuantes, em todos os aspectos possíveis; foi o ano em que eu mais perdi tempo pensando com fervor, e lógicamente por isso foi o ano no qual mais me torturei e fiquei deprimido, já que o dom de pensar racionalmente é o maior provedor de sofrimento, de angústia, de tensão. Não sei se é uma frase de alguem que ouvi por aí, ou se brotou dos confins escuros da minha mente doentia, mas "Quem pensa sofre".

O alienado pode ser feliz com mais facilidade do que o que vê e pensa o mundo em escala maior. Ele não liga se alguém está morrendo de fome na Somália, de aids em Uganda, sendo morto nas guerras cívis do Oriente Médio ou perecendo em degradação na miséria das ruas das grandes cidades do Brasil. O alienado ignora as mazelas e vive no seu mundo, no qual tudo é perfeito e o único objetivo é se satisfazer, encaminhando assim felicidade, mesmo que seja falsa.
Eu jamais conseguiria ser assim, e muito menos depois de tudo pelo que eu passei nesse ano que está terminando. Aconteceram tantas tragédias pelo mundo, terremotos, erupções vulcânicas, furações, tempestades, genocídios, fome, doenças que carregaram embora milhões de vidas de pessoas que não tinham como escapar. Não se pode fechar os olhos quanto a isso. Esse tipo de coisa perturba demais quem pensa, quem é domindado pelas neuroses. Como qualquer ser humano com um mínimo de consideração por seu próximo, sempre senti um aperto na garganta ao ver desgraças tão grandes, onde a vida é desperdiçada em torrentes, mas depois de passar um ano de tormentos mentais, com tantas coisas me perturbando, passei a sentir ainda mais essas coisas, numa comoção mais intensa, com a sensação de que a vida ao mesmo tempo que é uma graça pode ser uma maldição, cruel e injusta.

Bem, tenho a impressão de que esse discurso todo não tem o menor sentido. E de fato creio que não deveria ter, já que o que eu mais quero agora é simplesmente falar e falar, sem me preocupar lá muito com coêrencia. Não sou nenhum portador da verdade, nem nínguem que dê conselhos ou tenha a fórmula para salvar o mundo; muito longe disso.

Desperdiçar chances foi o que eu mais fiz com toda a certeza. Não vou entrar em detalhes porque isso não vem ao caso, mas o que importa é que é muito causticante o remorso e a dúvida que ficam depois de não ter tentado, seja lá o que for.
Já me disseram que é um defeito meu muito sério achar que sempre a culpa é minha. Mas como eu não achar isso se é sempre mesmo minha? Eu estrago tudo o que eu consigo. Sou um perfeito idiota. Com amigos, com estudo, com trabalho, com tudo mesmo. Sou um fracassado completo e irrepreensível, cuja sina vai ser de amargar uma queda após a outra, e nos fim das contas acabar se conformando com tudo aquilo que queria evitar, fugir, deixar para trás. Dia após dia eu venho tendo mais certeza disso tudo.
Mas eu não vou desistir, se é para fracassar, que se facasse tentando, porque eu não consigo mais conviver com a sensação de ser um covarde.

Perdi de vez a confiança dos meus pais. Cada ato meu, cada coisa que eu digo, qualquer coisa, eles olham com desconfiança, com um pé atrás, me apoiando menos ainda do que antes. Me convenci de vez que a minha família me vê como um peso, como alguém indesejável e descartável.
Decididamente não posso prever como vou ser com os meus filhos um dia, mas o que eu sei, é que vou tentar ao máximo me esforçar para ser compreensivo, ouvir eles, tentar entende-los. Se nós não temos o apoio dos nossos pais, vamos ter o apoio sincero de mais quem?

Mas não posso afirmar que 2010 tenha sido de todo ruim. Fiz alguns novos amigos, e amigos incríveis eles. E junto com os já mais antigos, passei alguns bons momentos, que me deixaram alegre, e por menos tempo que essa alegria durasse, é uma sensação gratificante. Se vocês, meus caros, estiverem lendo essas linhas, saibam que são importantes demais pra mim.

E por fim queria agradecer a uma pessoa em especial. Não vou dizer nome, já que não sei se ela gostaria disso. Essa pessoa mudou minha vida, radicalmente. 2010 me fez mudar bastante, e grande parte disso deve-se a essa pessoa especial. Agradeço por ter feito acordar dentro de mim um lado que no fundo sabia que tinha, mas teimava em deixar de lado, soterrado sobre outras coisas, o lado mais sentimental. Passei tempo demais me achando um sujeito frio, sem entender os sentimentos mais acalorados da vida; só que agora, aos poucos, vou começando a compreender muitas coisas, e me descobrir alguém muito mais sentimental do que poderia supôr até um ano atrás.
Para essa pessoa parafraseo um agradecimento que vi em um episódio de Cold Case que mexeu bastante comigo: "Obrigado por me fazer sentir."

E mesmo que esses novos sentimentos que andam povoando minha cabeça sejam bastante pertubadores e inconvenientes, fico agradecido do mesmo jeito. Se você estiver lendo essas palavras tolas e sem muito nexo, eu te repito o que já tinha dito antes: eu te amo.
Eu não sei o que vai acontecer no futuro, que outras pessoas eu ainda vou encontrar, mas enquanto não encontrar outra pessoa que mexa comigo do mesmo jeito que você mexeu, eu vou continuar te amando, mesmo que isso seja algo que não deveria ser assim.

E pra terminar sobre isso, eu faço minhas as palavras do Paradise Lost em Grey:

"Calling out in shame
Silence engrained
Crying out your name
Something wrong but beautiful, so beautiful"
 
 
 
 
 
 
Enfim, espero que 2011 possa ser melhor. 

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Ser adulto

Ontem a tarde eu estava fazendo uma coisa que   meu pai tinha me mandado fazer. De onde eu estava podia ver perfeitamente o pátio da casa da minha avó, onde meus tios faziam o serviço deles. E numa certa hora chega lá um primo meu de segundo grau que tem a mesma idade que eu, cujo com o qual não troquei mais que três palavras nos últimos dois anos.
Na maioria das vezes eu acredito que o meu pai preferiria que ele fosse seu filho e eu não, já que ele já tirou carteira, trabalha como um escravo, bebe, fala alemão, caça e se sente adulto (inclusive forçando a voz querendo deixa-la mais grossa do que de fato é), enquanto que eu não me misturo bem com os mais velhos, saio pouco de casa, não bebo, sei falar mais inglês do que alemão e gosto de livros.

Bem, isso de fato não me incomoda, já que é habitual. Mas o que me intriga é o conceito que algumas pessoas tem sobre "ser adulto". Observando esse primo meu, o que eu vejo é um comportamento patético e ridículo, de alguém que se faz do que não é para agradar os outros.
Ser adulto por acaso é poder beber e se achar o sujeito mais incrível do universo por ficar de porre? É falar grosso (no caso masculino)? É conduzir veículos motorizados? É conviver e puxar o saco de pessoas mais velhas, mesmo que ela te achem um idiota? Creio que não.
Essas coisas que listei acredito que sejam consequências das suas escolhas na vida adulta, não sua essência. No meu ponto de vista, ser adulto e ter o pleno controle de sua vida, saber o que faz e por que faz, saber e ter como levar sua vida com dignidade.

Muitos adolescentes querem ser adultos apenas pelo lado bom, pelas "liberdades", pelas facilidades e afins. Mas no momento em que é preciso encarar a dureza da vida e as responsabilidades que ser adulto implica, muitos perdem o controle, e se veem perdidos e sem rumo, sem saber como reagir. Ser adulto é muito mais que as aparências, muito mais que a saciação das nossas vontades e prazeres.
Vejo muitos contemporâneos dessa forma, sentindo-se os adultos porque ganham algum dinheiro e com isso podem fazer o que querem, farrear, comprar roupas, celulares e todo o tipo de badulaque ostensivo.
Eu não acredito que a felicidade esteja nisso, já que ostentando bens aos outros você prova coisas para eles, mas o que você prova para si mesmo? Duvido muito que seja uma grande satisfação pessoal ter isso ou aquilo, mais vale que os outros saibam, vejam; mas ter em momento algum é ser, e esses meus contemporâneos que já se acham adultos aos 15, que fazem o que querem quando querem sem regras, infelizmente acabam sendo pessoas muito vazias.

Eu tenho 18 anos e não posso em hipótese alguma querer me considerar adulto. Por razão de minhas seguidas falhas, ainda não consegui dar começo ao meu projeto de vida, ao que eu quero para o meu futuro. faço pequenas coisas aqui e ali, ganho algum dinheiro com o qual posso comprar algumas coisas pequenas e insignificantes, mas que deixam contente. Só que isso não faz de mim um adulto; sou um nada, um moleque ainda, que não consegue ainda dar seus próprios passos sozinho no mundo. Mas ao menos sou sincero comigo mesmo, e não busco me mascarar e me fazer de outra pessoa que não sou para agradar a sociedade e seus costumes. E enquanto que a minha hora não chegar, não me incomodo de dizer que não passo de um mero adolescente.





Creio que estas linhas não tenham sido bem construídas, me soam um tanto confusas e vazias. Mas enfim, não queria ficar tanto tempo sem escrever nada aqui, e mesmo encarando dias bem complicados queria dividir alguma coisa com quem por ventura passe os olhos por aqui.