sexta-feira, 3 de julho de 2009

Deus(es)?

Uma curiosa frase que li numa epígrafe de livro: "Deus é uma palavra que o homem inventou para explicar o mundo".

Me identifiquei com essa peculiar ideia da qual o autor nem lembro mais quem é. Uma mente doentiamente lúcida tem certa implicância em ter qualquer certeza a respeito de Deus. Sinceramente não tenho conclusão nenhuma para essa história. Me agrada o conceito de Deus; lucidez à parte, acredito que para quase todas as pessoas em cima dessa terra estar a frente de um enigma tão profundo como a origem do mundo e de si mesmo é algo completamente inquietante e até certo ponto assustador.
Uns defendem a ciência, de cálculos ou equações. Outros se apegam na fé, no Deus.
Pois bem, plantado no entre o ceticismo e a fé, eu me acho completamente sem rumo. Observo com muita convicção as descobertas da ciência, com as quais me obrigo a concordar, pois fazem sentido e tem uma lógica perfeita. Mas por um outro lado, é impossível me desligar da ideia de Deus. Um paradoxo, sim, um perfeito paradoxo. Pois o certo seria defender uma tese ou posição, ser de um lado ou outro, e não ficar se equilibrando em cima da borda do muro que divide as duas possibilidades.
Poderia muito bem isso ser alcunhado de covardia. Mas certas coisas me fazem discordar desse quase plausível argumento. Raciocínio frio e científico não mantém relações das mais estreitas com o sentimentalismo da fé. Dessa forma, podemos reparar que estamos entre extremos, ou se é cientista ou fiel.
Ora pois, não sou nem um nem outro.
Não tenho o profissionalismo nem a mente crítica de um cientista, e muito menos a emoção profunda pelo espírito religioso. Na grande, quase total, maioria das vezes, me posiciono como simplesmente mero observador sem conhecimentos profundos. Vejo, ouço, penso e não chego a conclusão nenhuma. E se chego, é uma conclusão que faz sentido tão somente para mim mesmo. Seria uma espécie da agnosticismo; afirmar que esse conhecimento superior, existencialista, está longe de mais de minha mente limitada.
Mas também não é por aí. Tenho sérias implicâncias com o agnosticismo, que em muitos e muitos casos serve para disfarçar uma verdadeira covardia, ou que também transforma o indivíduo num ser arrogante e que quer a todo custo se livrar das responsabilidades que uma posição dentro desse tema implicasse. Um falso discípulo socrateano, que anuncia que a única coisa que sabe é que não sabe de nada.
Tentar aliar as duas coisas é algo bem complexo. Admito que inúmeras vezes divaguei sobre isso, pensando como explicar os fenômenos científicos por uma ótica supostamente divina. Difícil, quase impossível. Eu sou um ninguem, e essas questões não me corroem tanto, mas outros homens de destaque e respeito na história consumiram suas vidas tentando encontrar respostas. Mas nisso surge a questão: para que respostas? Elas irão mudar nosso destino fúnebre?
Não, não vão. Mas o homem é o ser mais curioso que já andou por estas bandas do universo. E sente reduzido quando sabe que não entende algo, um tipo de desperdício de intelecto. Isso é estranho e confuso, mas me parece ser verdade.
Ao longo dos milênios deuses ascenderam e despencaram, nasceram e morreram, apareceram e sumiram.
No ocidente acreditamos em monoteísmo. Mas no oriente, na África, na Oceania,no mundo nórdico acredita-se numa enormidade infinita de deuses e divindades. Quem tem razão. A arrogância filosófica do ocidente ou a sabedoria milenar do oriente?
Óbvio que eu não tenho respostas. E ninguem as tem.
A existência não passa desse jogo sem fim de questões. Estamos todos fadados a buscar respostas para questões que muito provavelmente são apenas frutos de nossa prodigiosa imaginação.
Uma visão simplista e relativamente coerente: somos nossos próprios deuses. Deus vive em mim, ele é eu, e eu sou ele. O meu Deus não o mesmo que o seu ou o de ninguem. Deus então seria uma exclusividade, que nunca se repete, sempre diferente.
Sim, pelo visto Deus foi mesmo apenas uma palavra para explicar o mundo. Ele nasceu da imaginação, da capacidade de pensar. Logo, meu Deus será minha imaginação.
Acredito que minhas filosofias não tenham sentido, minhas ideias deem círculos e não vão a lugar nenhum.
Certo,sem problemas. Mas as de quem fazem sentido e levam a algum lugar?