quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

Considerações impressionadas

Não é simplesmente mais um ano que está por acabar, mas também uma década inteira já se passou. É realmente impressionante a forma como esses dez anos passaram; com certeza tivemos imensos divisores de águas, e o mundo não é mais o mesmo terminada essa década inicial do século XXI. Terrorismo, guerras, explosão definitiva dos escândalos políticos, eleições controversas, um negro como homem mais poderoso do mundo, a aceleração absurda da tecnologia, gripes que acabaria com o mundo e não mataram quase nínguem... Foi de fato muita coisa.

O mundo foi moldado novamente pelos acontecimentos desses anos. A Era do Terror se instaurou pelo mundo, e a fracassada campanha militar americana no Iraque encabeçada pelo simíesco e completamente estúpido ex-presidente George Bush talvez tenha sido um dos melhores exemplos disso, onde os banhos de sangue são diários e milhões de vidas são jogadas fora como lixo. A "liberdade" ocidental mais uma vez se defrontou com os costumes repressivos do oriente médio e do mundo árabe, sendo retratado isso tanto em literatura com best seller que venderam milhares de exemplares pelo mundo, ou mesmo pela queda do regime talibã no Afeganistão, que se tornou apenas mais uma das ramificações do conflito dos EUA contra o resto do mundo. A liberdade trazida pelo ocidente jamias se concretizou, já que com ou sem regime opressor, a violência segue dia após dia, e nenhum escritor jamias vai conseguir retratar com total fidelidade o terror de ter a vida em risco todo o santo dia.

O nosso Brasil viveu anos conturbados, em meio a um governo que é absolutamente impressinante pela capacidade de fazer grandes coisas em todos os sentidos, bons e ruins. Ao mesmo tempo que o país vive um vistoso crescimento econômico e social, nunca houveram tantos escândalos de corrupção e ladroagem política e pártidaria, onde o Deus-Todo Poderoso-Dinheiro já passeou por cuecas e meias. Sim, isso não é novidade nenhuma, já queatualmente tudo isso se torna público pela liberdade que a mídias tem, coisa que simplesmente não existia no tempo da Ditadura Militar, um período tão corrupto ou até mais que o nosso. Porém, o que causa tristeza, é que mesmo com esse mar sem fim de notícias acerca do tema, o povo burro e alienado simplesmente não dá a mínima atenção para nada, contentando-se com a antiquíssima (E eficiente pelo visto) política do "Pão e Circo".

O mundo ficou mais alienado do que nunca. As duas grandes gripes da década estão aí para provar isso: aves e porcos se tornaram motivo de pânico ao redor do mundo, enquanto que alguns senhores barrigudos riam a valer em escritorios luxuosos dos países ricos vendo as cifras de suas empresas farmacêuticas subirem a níveis estratosféricos. E junto com eles riam os chefões de empresas de comunicações, que ganhavam sua fatia desse saboroso bolo epidemico ao propagar as predições mais aterradoras e catastróficas (quase apocalípticas) sobre as consequênciasan do espalho dos vírus infernais dessas gripes. E o povo alienado corria apavorado às farmácias comprar Tamiflu e máscaras.
E um fato curioso: a gripe comum mata em um ano normal muito mais pessoas do que o número total de óbitos ocasionado pelas gripes aviária e suína, respectivamente nos anos de 2005 e 2009.

E a alienação transcendeu os limites do plano sócio-plítico, entrando com tudo no mundo da cultura. Tristemente a música de massa da geração dos anos 2000 foi uma das piores de todos os tempos, onde mais do que nunca os olhos capitalistas de produtores rastreavam por bandinhas e cantoras que os fizessem enriquecer em pouquíssimo tempo. Letras vazias, temas banais, embelezamento estético acima de tudo, febres que sumiram tão rápidas quanto apareceram, dando lugar a novas que vão tendo seus minutinhos de fama até que seja sua vez de sair de cena. As crianças se sentem adultos aos onze, bebendo, fumando, se drogando, transando e engravidando, tudo pelo sentimento extremo de aproveitar a vida ao máximo, dando dinheiro a empresas que fabricam bebida, músicas e filmes ruins, escritores medíocres e televisões vazias e completamente abestalhadas. Lamentável.

Obama foi algo surpreendente, não tem como negar. Mas é dificil acreditar em revolução, pois creio que ele não passará de fantoche nas mãos de gente mais poderosa. Tomemos por exemplo o fiasco de Copenhague, o caro Barack seria o único com poder o suficiente para fazer algo realmente útil para a saúde do planeta, mas não o fez; ele mais seus coleguinhas capitalistas disfarçados de comunistas lá da China se recusam veementemente a reduzir suas emissões de poluentes, alegando que isso prejudicaria sua economia. Pessoalmente eu creio que um colapso climático prejudicaria bem mais a economia de todo mundo do que simplesmente reduzir emissões de poluentes.
Muito bem, e o clima é outro personagem importante dessa década. Furacões, terremotos, temporais, enchentes , destruição e calamidade pública como há muito tempo não se via igual. Como diz aquela frase velha e surrada, mas que não perde o valor, a natureza está começando a cobrar o preço dos atos dos homens...

Nosso futuro é incerto, muito incerto. Outra década se abre diante de nós, com desafios hérculeos a serem enfrentados, que de certa forma vão mais fundo do que questões econômicas, políticas, sociais ou ambientais, passam para um plano mais interior de cada pessoa, de cada indíviduo que seja capaz de fazer alguma coisa, por menor que seja. Alienação, insensatez, ganância, intolerância, ódio, ignorância, omissão, egoísmo.... todos esses, e infinitos outros, são os nossos piores inimigos, e cada um deles mora dentro de nós mesmos.

E vencer esses inimigos será a única forma de sermos capazes de poder tecer novas considerações no futuro.

quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

Como sempre, um natal depressivo

São Dez e Meia do dia 24 de Dezembro, véspera de natal. E cá estou eu escrevendo essas linhas pesarosas.

Antes de mais nada preciso preciso dizer que gosto da minha família, não odeio nínguem, e não nutro nenhum desafeto profundo. Logo, não passa por questões de brigas familiares ou não as razões destes escritos.
O natal me deprime. Mesmo gostando da minha família, e ela não ser o maior motivo disso, de alguma forma ela colabora. Provavelmente seja algo inconsciente e remoto, já que de tanto ver na televisão famílias comemorando o natal, acharia-se natural que a própria também o fizesse. Mas minha família não é como as da televisão. Aliás, nenhuma é.

Nós não temos ceia, amigo secreto o qualquer coisa deste tipo. Não é por miséria financeira, não mesmo, nem tenho do que reclamar de nossa condição financeira. Acaba sendo alguma forma de inércia, de falta de vontade, sentimentos endurecidos e que não se abrem para esse tipo de sentimentalismo vago. Isso pode soar estranho, tendo-se em vista toda a simbologia dessa época do ano, mas se eu analiso friamente, vejo que acaba tendo sentido. O natal é uma piada.

É uma piada mesmo. Começa por ser historicamente hipócrita: o cristianismo precisava dar um jeito de fazer com que os romanos pagãos aderrisem a doutrina de Cristo; pois bem, os "cabeças" do culto cristão tiveram um ideia brilhante: associaram o nascimento de Jesus com um muito comum feirado pagão da época, o Dia do Deus Sol, que muito por acaso vem a ser o nosso tão adoro 25 de Dezembro. A hipocrisia cretina reside no simples fato de mais tarde toda a doutrina católica desmerecer o paganismo que fez com que ele crescesse e ficasse "popular", assim digamos.
aí se nota que muito do espírito da coisa foi inventado por conveniência, e com o passar do tempo essa conveniência exigiu mais algumas adaptações.

Não entro no mérito de dizer se Jesus existiu ou não, já que isso não vem ao caso. Mas o que vem ao caso é citar que tudo que sua cultua hoje em dia tem um único e inegável motivo: dinheiro.
Não adianta negar, isso é uma verdade. O natal é um negócio, que visa exclusivamente o lucro (prejuízo para outros), onde o imperialismo capitalista se reveste de bons sentimentos de solidariedade e caridade para faturar somas estratosféricas em cima da vaidade e egoísmo da sociedade civilizada. Me deprimo em ver aqueles verdadeiros formigueiros humanos que são os Shoppings ou centros populares de compras nessa época do ano, atrolhados de pessoas que precisam com uma gana ensandecida gastar para manter aparências fúteis.

Eu gostaria de acreditar na ideologia de paz e amor dos símbolos natalinos. Em alguns momentos eles podem ter sido sinceros e de fato importantes, mas hoje não são, não passam de distorções descaradas de bons valores, mergulhando toda a sociedade num mar obscuro e brumoso de cinismo e hipocrisia.
Reuniões familiares são hipócritas e cínicas por natureza, maquiadas de união e alegria, mas que tem por baixo raiva, necessidade de aparecer e manter aparências. Esquece-se por alguns dias as desavenças, como se nunca existissem, para que logo após cada um ir para seu lado os murmúrios fervilhem uns contra os outros novamente, sem que tivesse acontecido nenhuma mudança concreta em relacionamento nenhum. Mais motivos para não entender essa "tradição" e acabar ficando deprimido.

E o Papai Noel? Pergunte ao dono da Coca-Cola dos anos 30, que foi quem o inventou, baseado na lenda de São Nicolau para alavancar a venda da bebida nessa época tão fria do ano e que não é convidativa para se tomar refrigerante.

Sinceramente, eu queria poder crer nesses valores pregados. Mas não dá.

O fato de minha família não ser lá muito ortodoxa para comemorar essa data não tem nenhum valor redentório perante a sociedade falida, não tem mesmo. É apenas mais uma no meio da massa, que passa desapercebida e não tem poder de mudança. Temos nossas pequenas farsas, pequenas mentiras e pequenas hipocrisias, já que disso nínguem está livre.

quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

2012, Fim do Mundo, bobagens e afins

Alguns dias atrás estive na biblioteca da minha escola e por acaso acabo me deparando com uma revista "Mundo Jovem" de 1997 com a seguinte matéria de capa: "Ano 2000, será o fim do mundo?"

Não tive como não achar graça. Coicidência curiosa com o que vivemos nos nossos dias atualmente, só pensando neste profético 2012. Em 1997 eu tinha 5 anos, e ouvia histórias tenebrosas sobre o fim do tempos e via um monte de gente desesperada. E em 2000, aos 8, não vi nada ade anormal acontecer (Bem por isso talvez esteja escrevendo isso agora). Pois bem, e parece que vejo o mesmo filme de novo: escuto histórias assustadoras, teorias, possibilidades e muita especulação sem fundamento.

Obviamente que dou boas risadas disso tudo. Mas por outro lado paro para pensar o que leva as pessoas a se apegarem tão fortemente a essa ideia quase mórbida de fim de mundo. Não entendo muito bem o motivo disso. Na Idade Média o aspecto religioso foi um excelente motivo, já que a alienação católica medieval foi algo muito profundo na sociedade daquela época, aliada a interpretações dúbias da Bíblia (Um livro dúbio por natureza e que é cheio de mistérios mas profundos do que os pregados pelos pseudo-sacerdotes de todas as religiões contemporâneas). Sim, isso na antiquada Idade Média, mas hoje, o que leva a essa fobia absurda?

Vá se saber. Bela pergunta sem resposta. Mas mesmo sem encontrar respostas, nós podemos nos dar ao luxo de divagar quanto às questões e chegar a ideias verossímeis porém sem provas concretas.

Um fato inegável é que o ser humano é místico. Muito místico, querendo ou não. Desde seus primórdios mais ancestrais, o homem vem se vendo de frente com coisas que vão além do seu conhecimentos, temendo-as e respeitando-as (a ideia de sagrado e divindade, de certa forma). Esse misticismo acompanhou todas as sociedades, vertendo-se em religião ou antítese a ela, essa última possibilidade seria mais relacionada a interesses pessoais nada transcendentais. E como nos povos antigos a religião era uma das partes inerentes da sociedade, todas as previsões e observações que envolviam astronomia, astrologia e misticismo, eram muito levadas à sério.

NOTA: Me refiro a sociedades e povos antigos porque as religiões modernas (entendesse judaísmo , cristinanismo e islamismo) se utilizam dos conceitos místicos da forma mais errônea possível, distorcendo seus valores e pensando mais em interesses meramente humanos, enquanto que mas civilizações mais antigas e distantes disso, a religião tinha um papel mais próximo das pessoas, fazendo uma ponte muito mais estreita entre os homens e os deuses.

Portanto chego ao ponto que me interessa dissertar. Uma das sociedades mais notórias em previsões catastróficas é a Maia. Segundo seu calendário super tecnológico (para um civilização de 10 mil ano é) no ano de 2012 o mundo se acabaria. Bem, isso no imaginário popular e nos livros dos estudiosos sensacionalistas. O que de fato está registrado naquelas milenares escrituras e predições, é que esse ano seria tão somente o fim de um ciclo e o início de outro. E lá vamos nós de novo com a morbidade de logo associar isso a um fim dos tempos. Esse conceito maia de ciclos que se renovam faz todo o sentido, já que se observarmos com um mínimo de atenção o mundo que nos cerca, veremos que tudo é cíclico: as estações do ano, as fases da lua, um ciclo menstrual, os anos.... A vida se renova em ciclos, tudo é ciclíco, tudo é circular; e a morte, é tão somente uma consequência da vida.

Então temer a morte no fim do mundo é pura tolice, uma imensa bobagem. A alienação cristã se apoia na relação merecimento-salvação, que absolutamente distorcida em detrimento a mais uma vez interesses (De novo eles...) baixos e mesquinhos, manipula as pessoas a serem fantoches, plantando-lhes sementes de medo, arrebanhando fiéis pelo terror e falsas promessas de salvação.

E aliás, nem o nosso cristão e tradicional Apocalipse é corretamente interpretado. Nos ensinam nas aulas de catecismo que o Apocalipse é o fim dos tempos, o Julgamento Final onde os ímpios pagarão por seus pecados e os infiéis arderão no fogo do inferno e outros blá blá blás. mas o que pouca gente sabe, é que a palavra Apocalipse em grego significa revelação. Convenhamos, de fim do mundo para revelação temos uma distância interpretativa considerável.

Todos as culturas tem o seu fim do mundo. O Ragnarock nórdico é um exemplo interessante. E de certa forma, tudo isso tem um cerne comum: o fim de uma era e o começo de outra. Novamente essa ideia circular, que de tão repetida, em culturas diferentes e completamente isoladas umas das outras, não pode deixar de ter alguma coisa de verdadeira.

Esse nosso mundo e suas bobagens que povoam programas de televisão que querem bancar os intelectuais.... No fim das contas, rimos.

domingo, 15 de novembro de 2009

Um mundo de cegos

Bem, tenho me aproveitado descaradamente de trabalhos escolares para atualizar isto. Pode parece até falta de criatividade instantânea para escrever algo absolutamente novo, exclusivo para este espaço; mas não é não, são apenas circunstâncias.


Mas vamos aos fatos, abaixo vai uma análise sobre o Livro "Ensaio sobre a Cegueira", do autor português laureado com o Prêmio Nobel de Literatura de 1998 José Saramago, que tive que fazer para uma aula de literatura.








A relação do tema de “Ensaio sobre a Cegueira” com a situação do mundo moderno



Com certeza absoluta, “Ensaio sobre a Cegueira” é a obra-prima incontestável do escritor português José Saramago. Antes deste lançamento já havia traçado uma carreira sólida e recheada de polêmicas e sucessos editoriais. Porém, com este seu peculiar ensaio, atingiu o ápice de sensibilidade humana, indo muito fundo em questões que na maioria das vezes não queremos nos dar conta.
Este livro traz uma narração perturbadora, intrigante e que lança o leitor em meio a uma situação de caos absoluto, onde todas as regras sociais foram esquecidas e o instinto de sobrevivência é a única coisa que persevera. A tal cegueira branca, uma espécie de cortina leitosa que se derrama sobre as pessoas tirando-lhes a visão, de certa forma é um artifício do autor para levar o ser humano a sua substância mais primitiva, instintiva, reduzindo-o ao menor nível de lucidez que fosse possível. A insanidade da situação de não enxergar e estar enjaulado num mundo à parte onde precisa fazer atrocidades para ficar vivo, leva o leitor a refletir sobre o que é de fato enxergar.



As pessoas do mundo contemporâneo enxergam, mas não veem, não reparam. De alguma maneira, todos acabamos sendo uma grande bando de cegos que enxergam, presos em nossas próprias ideologias falhas e sem nenhum sentido, seguindo apenas o que outras pessoas afirmam estar correto. Somos cegos de pensamentos, não temos nenhuma luz do saber próprio, vivemos em alienação política, social e de pensamento, sendo reféns de convicções que sequer sabemos porque temos.



Toda a metáfora idealizada por Saramago redunda na completa cegueira em que vivemos; cada detalhe tem alguma relação com o mundo real, com as pessoas que de fato tem história, passado ou sonhos quanto ao futuro. Portanto, a ideia de usar pessoas sem nome, sem história, não é uma excentricidade do autor, mas sim uma forma de descompromissar aquelas pessoas pelo que acontece com elas, já que logo teríamos a seguinte ideia: "O que será que ele fez no seu passado para ser assim castigado?”. E também para fazer o leitor perceber que nem o mais puro e digno dos cidadãos está livre da insanidade devastadora desta curiosa cegueira social que aflige o mundo de hoje. Podemos ser todos, todos mesmo, vítima delas.



Pois bem, certamente que essa ideia de cegueira coletiva não aconteceria de fato. Trata-se tão somente de uma metáfora, um meio ilustrativo para demonstrar o quanto o homem pode ir baixo na luta pela sobrevivência. Uma maneira de fazer reparar que o homem apesar do intelecto evoluído, está muito mais próximo do irracional do que pode imaginar.



Mas apesar de todo o absurdo caos da história, das situações degradantes que os personagens passam, do terror, do medo, do pânico que tudo isso causa, após o martírio pode haver redenção. Tão sem motivo como chega, a cegueira se vai, restituindo a dádiva de enxergar àqueles pobres coitados. Tanto os maus quanto os bons voltam a ver, dando-se conta do cataclismo com suas proporções reais que foi toda essa experiência completamente assustadora.



Em suma, “Ensaio sobre a Cegueira” é uma grande alusão ao que homem faz consigo mesmo, com o mundo e com seus semelhantes; um retrato obtuso e surrealista da falta de sentido que é civilização ocidental do século XX (Já XXI, no nosso caso).



Façamos como diz o Livro dos Conselhos:
“Se podes olhar, vê. Se podes ver, repara.”









Caso alguém se interesse em ler esta obra-prima da literatura em língua portuguesa, segue um link de download:








E se alguém puder adquirir o livro físico, pode faze-lo tranquilamente, porque vale muito a pena.
















sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Uma tarefa de Ensino Religioso

O texto a seguir foi um trabalho de Ensino Religioso. Nossa professora leu algumas matérias sobre pedofilia na Jordânia e a Mutilação Genital Feminina na África.




"Mutilações, pedofilia e tradições machistas sem sentido

Definitivamente o mundo não para de me surpreender. De fato já tinha tido ouvido falar vagamente destes temas, principalmente em programas de televisão ou documentários; porém tudo muito superficial, e que não entrava a fundo no cerne da questão. Mas nessa última aula quando ouvimos com uma riqueza absurdamente grande de detalhes histórias a respeito de pedofilia aceitada socialmente e a mutilação genital feminina, me senti caindo num vácuo de nojo e revolta, indo então fundo mesmo nessa conturbada cultura humana que se desmembra em tantas ramificações distintas. Além da revolta e do nojo, veio junto uma sensação pesada de pasmo, de incredulidade, de não conseguir acreditar que alguem fosse realmente capaz de fazer monstruosidades tão grandes contra seus semelhantes.

São costumes, defenderão-se eles. Mas que diabos de costumes são esses? Costumes que beneficiam tão somente o sexo masculino, que teria então o direito de ter uma esposa criança ou de uma esposa mutilada que proporcionaria-lhe mais prazer enquanto que esta não sente absolutamente nada de bom, tão somente a dor, a amargura e a tristeza de uma vida tão ruim. Tudo acaba se resumindo em machismo, a dita sábia cultura milenar não passa de uma invenção do homem, verdadeiramente mais forte fisicamente que as mulheres, para que pudesse satisfazer seus desejos mais baixos apoiados por uma lei irrevogável e inquestionável, herdada por antepassados e que por obrigação cultural deve ser mantida e perpetuada.

Eu não posso ir contra a cultura, em hipótese alguma, seria uma erro crasso e primário, idiota e que não levaria em consideração grandes feitos positivos da humanidade. O que me revolta são os costumes criados por interesse, por mesquinharia. O ser humano não faz por merecer o intelecto que desenvolveu ao longo das eras, pois se fizesse o uso adequado de suas faculdades mentais, jamais se rebaixaria a esse tipo de brutalidade que seria aceitável num animal que existe unicamente e exclusivamente seguindo seus instintos primários. O intelecto deveria levar a níveis altíssimos de consciência e humanismo; mas nunca foi isso que aconteceu, pois o raciocínio foi deturpado cretinamente, empurrado por caminhos tortuosos iniciados em conclusões errôneas. E talvez uma dessas conclusões infelizes tenha se dado no momento em que o homem descobriu que poderia ter prazer tirando proveito de outros semelhantes. E após isso, se deu uma interminável linha de abusos, violência e irracionalidades.

E uma outra coisa que me deixa pessoalmente entristecido, é ter a certeza de que nada disso irá mudar. Tantos os casamentos de homens adultos com meninas de não mais de onze anos, tanto a mutilação genital feminina, tem o aval tanto sócio-cultural quanto político. Esses ideais de dominação masculina estão tão enraizados na mentalidade destes povos, que nunca irá passar por suas cabeças a possibilidade tudo isso ser criminoso, atroz e bárbaro.

De certa forma, o abuso acabou se tornando uma instituição humana. O símbolo da virilidade, do macho dominador e da mão pesada que pune as transgressões. Foi através dele que povos ascenderam e caíram, sociedades tiveram apogeus e momentos de trevas, e a civilização se constituiu em cima de um único e irrefutável ideal, que não muda nas mais distintas culturas: O de que os homem é superior e merce todos os prazeres que quiser, enquanto que a mulher não passa de um animal um pouco mais desenvolvido que os demais e que deve zelar e cuidar dos assuntos domésticos e satisfazer seu homem.

Essas leis milenares não estão contidas em nenhum código ou constituição, mas fazem parte de uma legislação muda e apócrifa, que se sucede sem escancaramentos há muitas e muitas gerações. E exatamente por isso que esses casos tão extremos do oriente deixam nós ocidentais embasbacados de maneira tão profunda; pois tratamos mal nossas mulheres de um modo tão menos cruel, que uma barbárie dessas soa tão calamitosa. Bem, acredito nunca ter escrito uma frase tão estranha em toda minha curta vida como essa última, pois de fato é estranha, mas não deixa de ser verdade por causa disso: O homem ocidental também domina, tiraniza e diminui o valor da mulher, porém em níveis menos gritantes e absurdos. E ainda mais que nas últimas décadas a mulher do ocidente conseguiu grandes vitórias em vários campos da sociedade. Só que isso é um outro tema, e não cabe aqui.

Ora pois, divagar e divagar não vai levar nínguem para qualquer lugar. Empilhar palavras e ideias não vai mudar em nada a situação enquanto se permanecer mudo diante de tantas atrocidades. E como eu não posso fazer mais nada do que simplesmente falar, me calo por aqui, esperando que em algum dia, alguem que realmente possa fazer algo, comece a mudar essa situação. "
Sobre casamentos pedófilos no mundo islâmico:
Sobre Mutilação Genital Feminina:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Mutila%C3%A7%C3%A3o_genital_feminina (Se procurarem fotos, vão achar imagens muito fortes.)
São questão delicadas, mas que pelo menos para mim causaram muita revolta.

domingo, 11 de outubro de 2009

Dias cinzas

Gosto muito dos dias cinzas. Me dão vontade de ouvir Paradise Lost e ler Edgar Allan Poe. Nesse exato momento, olhando pela janela do quarto, vejo um primoroso dia primaveril, com um belo sol e a natureza fervilhando de vida. Acho lindo, sim, muito agradável; mas mesmo assim ainda prefiro os dias cinzentos, com seus ventos sussurrantes, meias-luzes enigmáticas e silêncios reflexivos.

O mundo tem os ciclos das estações, com o apogeu no verão e o momento mais tenebroso no inverno. Bem, eu consideraria meu apogeu pessoal justamente o inverno, com sua tenebrosidade fria, as trevas (como isso piegas.... mas azar) e a incerteza do dia seguinte. Pessoalmente eu acredito que é nesse período que existe a produção mais refinada por parte de qualquer pessoa, já que de alguma forma foi herdado dos antepassados mais remotos o medo do inverno, a dúvida da sobrevivência, e com isso se quer deixar o melhor por esse tempo, pois nunca se sabe o que virá depois. Isso é uma teoria sem qualquer base concreta, que acabou de brotar dos pensamentos descoordenados e, portanto, creio que não deve ser levado muito em consideração. Nem sei dizer muito bem o real motivo dessa prefêrencia por dias frios, escuros e sem lá muita vida, é uma paixão inerente a mim, como se a aparência de um dia assim fosse uma espécie de reflexo da minha alma. De fato, muitas vezes me sinto cinzento, soturno, obscuro. Exatamente, algumas coisas de mim mesmo eu não conheço.


A instrospecção e o silêncio são sempre aliados. Em algum lugar ouvi dizerem que o pior dos solitários é aqueles que não consegue ficar sozinho. Ouvi isso e me identifiquei instantaneamente com a ideia, já que por motivos não dos mais significativos passei muitos, inúmeros, incontáveis, dias de solidão. Prefiro não ver isso como um exílio social, mas sim como um eterno exercício de auto-conhecimento . Existem pessoas que dispensam tanta atenção ao que as outras pensam a respeito delas, que acabam por esquecer de si mesmas, tornado-se um enigma ao próprio auto-conhecimento. Isso parece um tanto incoerente, mas é o que me ocorre, já que não foram poucas as vezes que me deparei com aqueles que conhecem mais os amigos do a si mesmos; de fato essa é uma histórinha batida, que quase todo mundo já viu em começo de ano escolar, mas de qualquer maneira é sempre algo que me surpreende, que faz se depara com os desertos interiores. E esses desertos, invariavelmente, são cinzentos.

E mais uma vez deparamo-nos com as dualidades existenciais. Não há o colorido da felicidade sem os contornos sóbrios e melancólicos do cinza. Sim, isso é um fato, vemos isso seguidamente e é sempre bom levar tudo isso em consideração. Bom, existem excessões, como sempre. Existe ambiguidade, e muita, circundando tudo o que o mortal e passageiro ser humano faz. Transcender os limites do natural é comum, e transformar uma das formas em única é o primeiro passo à loucura doentia. Ser feliz demais é erro, e se martirizar eternamente por motivo algum é tão errado quanto. As duas situações são doentias, mórbidas e denotam o vazio e o medo enrustidos em cada um.

Anoitece, sopra uma brisa forte, mas não fria. Um belo dia primaveril chega ao fim. Pelo que parece a noite será bastante sombria, já que as finas nuvens do horizontes vão se amontoando lentamente, para que amanhã seja um dia cinza.

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Raiva

Enraged and full of anger.

Sábias palavras proferidas, ou melhor, cuspidas, por Rob Halford no clássico dos clássicos Painkiller.

Nos últimos tempos tenho me sentido assim. Bem, eu não sou meio homem - meio máquina, nem devasto planetas e muito menos cuspo fogo e fumaça. Mas de qualquer jeito ando furioso e cheio de raiva. E isso me impressiona, já que na maioria das vezes, sempre fui quase um monge tibetano quase atingindo o Nirvana (certo, isso é um exagero cretino). Na verdade, como qualquer mortal comum, tenho meus momentos de raiva. E o que me intriga nisso é a forma como tudo ocorre. Perturbadoramente silenciosa.

É algo quase cientificamente comprovado (ou que qualquer um com um pouco de senso de lógica pode reparar por conta própria): Os sentimentos de raiva e ira servem como válvula de escape para as pressões que se acumulam, misturadas a medos, frustrações e tristezas. Botar tudo para fora num grito raivoso é a coisa mas natural do mundo. E bem por isso que fico até com medo dessa minha raiva muda.

O pequeno universo que e cerca a cada dia se mostra mais e mais nojento. A épica e monstruosa guerra de egos com a qual eu (e convenhamos, quase todo mundo) se depara todo o dia vai tomando proporções devastadoras, e que me deixam absolutamente decepcionado. Detalhes são irrisórios nessas horas, o senso comum inconsciente indica para qualquer um que tipo de exemplos tomar, e por isso nomes e fatos são tão inúteis quanto tentar derreter ouro com um fósforo.

O cinismo e a hipocrisia nunca andaram tão próximos. É lamentável ver e ouvir coisas tão desagradáveis e não ter sequer estômago para tentar dizer algo em contra-partida; outro fator para minha raiva interior . Estar cercado de futilidade é um martírio, mesmo eu não querendo ter qualquer pretensão canônica, e por isso cada novo dia vem mais cheio de duras provações. O não-senso é enojante, viver alienado é tão comum que os conceitos coloniais, medievais até, prosperam sem serem questionados, endeusados como verdades irrevogáveis e dogmas eternos e monoliticamente postados sobre qualquer cultura. O horizonte dos olhos é o limite, não existe universo aquém de seus plexos solares e ebriedades sórdidas. Mundo atulhados de limitações, onde olhar para o céu, e imaginar algo além de tudo o que já foi visto, é um crime.
A decepção acaba sendo algo de todo corriqueiro. Ir fazer alguma coisa que já sabe que será frustrada, sem sentido, vazia e estúpida. O desânimo tem força, muita força; ele abre caminho para o espelho da alma. É no momento de decepção, de tristeza e melancolia que nos vemos melhor, meditamos, buscamos nossas respostas. E como tudo o que quero é antagônico ao que convivo, a decepção e o desalento andam sempre soturnas, por perto, rondando como um caçador experiente. E essa estranha raiva se desenha com contornos perigosos, já que não sei como ela vai acabar sendo expurgada um dia. A revolta silenciosa, repleta de ódio que borbulha discretamente no âmago, vai ficar por ali à espreita, apenas aguardando sabe-se-lá-o-que
Cada demonstração de ignorância, de futilidade, de vazio interior, faz com que mais um pouco da minha vontade seja derrubada. O ímpeto segue forte, meus sonhos e minhas metas são inatingíveis, mas o ânimo para lidar com os semelhantes de meio, ah, esse esmorece lentamente, até que chegue o dia que ele desmanchará por completo.
O mundo é absurdamente grande. E saber disso é um consolo igualmente grande. Só de imaginar a sensação de respirar novos ares, limpos e revigorados, a sensação de raiva diminui. Diminui, mas não some, como nunca, jamais, irá sumir.

sábado, 15 de agosto de 2009

O mestre dos marionetes


Sim, isso é Metallica. The Master of Puppets é uma música interessante. Mas para falar bem a verdade nem sei que diabos fala a letra, nunca parei para prestar atenção nem procura-la. O que me interessa de fato é a gama de possibilidades que um título desses pode proporcionar.


Marionete são figuras interesantíssimas. Que por meio da escravidão ganham vida. Essa é uma afirmação às vezes perturbadora, já que a escravidão é uma coisa que não se parece nem um pouco com qualquer sinônimo de vida. A escravidão reduz, humilha, faz desprezar e odiar. Mostra poder, força, submissão e terror. Um marionete é apenas um escravo da vontade alheia, dos interesses, de uma mente que tem planos. Sua vida não passa dos momentos em que é útil. E sempre que o espetáculo termina é mergulhado no mar da morte fictícia no qual ficam os seres inanimados. Deve ser uma existência muito triste a de um marionete, que alegra e encanta uns durante umas poucas horas, mas que não passa de um mero objeto nas mãos gananciosas (ou sofredoras, é preciso também ser visto por esse lado) de quem o apenas vê sendo somente um meio de faturar.

Seja um boneco de madeira ou seja uma pessoa, marionetes se veem por todos os cantos. São tão comuns que até mesmo podem nos passar completamente desapercebidos, isso quando nós mesmo não passamos de bonecos escravizados por terceiros. É verdade sim, muitas, muitas vezes são manipulados friamente por pulsos alheios que se aproveitam de nós. E quase sempre nínguem repara nisso. A escravidão de ser manipulado passa intermitentemente pela ilusão. A voz macia, sedutora, que promete os céus e a terra. Deparamo-nos mais uma vez com as intrínsecas fraquezas humanas. A ilusão é tão doce, com um sabor viciante, que mesmo depois de esmigalhada pela dura e crua realidade se mantêm firme, tornando-se uma necessidade doentia, de fuga do mundo físico. Por isso que é fácil ser tapeado, ser manipulado através dos fios invisíveis do sentimentalismo frio, cínico e mentiroso.

Pouquíssimas pessoas, ou quase nenhuma, conseguem se livrar por completo das tentações das ilusões escravagistas, que se tornam artifícios de outros para suscitar seus interesses (baixos ou não). E a probabilidade de que estas pessoas que manipulem outras também terem sido usadas de forma baixa e inescrupulosa é sensivelmente grande. Nisso, delinea-se uma tênue rede de fios, todos interligados, onde uns controlam e são controlados, formando o cenário e o elenco da triste comédia humana.

Mas nesse intrincada rede sempre haverá um Mestre. O Mestre de todos os marionetes. Ele é invisível, onipresente, onisciente e onipotente. Deus? Claro que não! Deus estaria muito além dessa mera dominação. O Mestre, então, é só um ideal, que os homens alimentaram durante todas as suas eras. Um tipo de cultura, de herança do trabalho, do raciocínio e do pensar. Da descoberta do prazer, de se dar conta que poderia se dar bem em cima dos outros. De certa forma, paradoxalmente, esse Mestre seria o próprio homem. Uma incoerência enorme, diga-se de passagem. Tentando corrigi-la, ou ao menos ameniza-la, é bem possível pensarmos então que o Mestre seja uma criação do homem. O homem é escravo de si mesmo, do seu modo de existir.

A peça continua, sem nunca parar. E um dia os marionetes adormecerão no esquecimento.

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

Alegre Melancolia Existencialista





Essa imagem ai do lado é a capa de um disco muito bom.O Opeth é uma banda de Death Metal Progressivo (ou Extreme Progressive, tanto faz), oriunda da Suécia, e figura no hall das minhas bandas preferidas. Este Blackwater Park é quase consensulamente a obra prima deles, e expressa com maestria um tipo de sentimento que levo muito em consideração: a melancolia.


Há alguns dias atrás me deparo cm um programa de TV onde uma sensitiva analisava vídeos sobre fantasmas. Em certo ponto, ela disse que uma pessoa melancólica,que é triste tem muita propenção a se tornar alvo de espíritos mal intencionados. Bem, depois de ouvir, fiquei imaginando o que deveria então fazer com meus discos de Doom Metal e Death progressivo. Obviamente não fiz absolutamente nada e deixem onde eles estavam (No PC, nesse caso). Assisti aquilo como um maravilhoso espetaculo de humor involuntário.


Não que eu tenha tendências suicidas, melancolia crônica ou prazer pela tristeza. Não, não, muito pelo contrário até. Mas como qualquer pessoa normal, preciso de momentos melancólicos, tristes, sombrios, soturnos e de solidão. A alegria em tempo integral não é totalmente uma problema, mas dependendo de como se lida com isso é bem provável que se acabe mergulhando num profundo mar de controvérsias pessoais. Se uma pessoa é feliz o tempo inteiro, está se enganando. Um humano não tem apenas um sentimento, não se limita a sentir tudo exatamente da mesma forma, em hipótese alguma. Somos um emaranhado de sentimentos que se entrelaçam no que se desenha como nossa personalidade. Tudo isso varia de formas abissais de indivíduo para indivíduo, e portanto a forma de encarar a melancolia é estritamente pessoal.

A felicidade extrema faz com que nos afastemos de nós mesmos. Quando somos felizes por completo, não o fazemos para nós mesmos, mas para mostrar aos outros. Seguindo essa linha, nínguem mostrar para os demais os seus podres, logo fecha os olhos para eles e os ignora. Só que ignorar não tem o mesmo significado de extirpar; as coisas ruins continuaram ali, num canto qualquer escondidas pela sombra do esquecimento. Ali, elas vão fermentar, espalhar influências silenciosas por todo o canto, em nuvens discretas, pairando sorrateiras pelos caminhos do espírito. Uma hora ou outra isso explode. E o pior, é que em vários casos isso não se externa. Um mar de ressentimentos inunda o âmago do ser, que se vê encurralado pelo sua imagem ideal e a verdadeira. A todo custo tenta se manter como quer, lutando contra inimigos invisíveis, mas que tem um poder devastador.

O fim disso eu não sei, outra coisa (só mais uma das incontáveis) que sempre, por toda a eternidade, vai variar. A loucura e a morte podem ficar a um passo uma da outra.

Exatamente por isso que a melancolia é uma parceira das mais confiáveis. Ouvi não sei de quem a seguinte frase: "A felicidade é efêmera, enquanto a melancolia é eterna" . Gostei dessa frase. Me faz muito sentido. A felicidade, a alegria são coisas tão frágeis que podem se perder com a maior das facilidades Enquanto a velha tristeza é sólida como um monolito.

Não, eu não vivo num mundo de trevas, de remorsos, sofrimentos. Isso seria burrice. O que eu penso, é que é muito fácil conciliar as duas coisas. Lidar com a tristeza é o meio de se manter equilibrado, e estando equilibrado, ciente de si mesmo, conhecedor dos próprios meandros, as felicidades virão. Também irão, inevitavelmente, mas de qualquer modo se estará pronto para abraçar novos contentamentos. Simples assim.

O lado obscuro do mundo. Quase todas as sociedades e culturas apregoam esse ideal de ambiguidade, de bem e mal, luz e sombra, vida e morte. E todos, sim, todos, tem razão. A existência é uma gigantesca ambiguidade, de contrapontos, de dualidades. Dia e noite, sol e lua, vida e morte, homem e mulher, alegria e tristeza, ignorância e sabedoria e uma infinidade de situações que se antagonizam eternamente.

Temos tudo isso dentro de nós. Temos a luz e a sombra, o bem e o mal; não há nínguem puro ou imune. Somos todos feitos da mesma carne, padecemos dos mesmo medos e dúvidas, temos potencialidades e defeitos semelhantes. Não há porque não ser triste e também não há porque não ser alegre.

Pessoalmente gosto do pequeno detalhe daquela capa em que se veem sombras, vultos, no meio de uma floresta escura, a frente de um lago. Creio ser uma analogia. A floresta escura é o próprio interior de cada um, o lago seria uma passagem para outros mundos, um portal turbulento e de difícil trato, e os vultos, os nossos fantasmas. Tenho uma quase convicção de que isso seja apenas uma alucinação de minha mente, mas essa alucinação me faz sentido.

A sombra existe para o sol, e vice-versa. Depois da noite vem o nascer do sol.

E também nínguem é triste para sempre.

sexta-feira, 3 de julho de 2009

Deus(es)?

Uma curiosa frase que li numa epígrafe de livro: "Deus é uma palavra que o homem inventou para explicar o mundo".

Me identifiquei com essa peculiar ideia da qual o autor nem lembro mais quem é. Uma mente doentiamente lúcida tem certa implicância em ter qualquer certeza a respeito de Deus. Sinceramente não tenho conclusão nenhuma para essa história. Me agrada o conceito de Deus; lucidez à parte, acredito que para quase todas as pessoas em cima dessa terra estar a frente de um enigma tão profundo como a origem do mundo e de si mesmo é algo completamente inquietante e até certo ponto assustador.
Uns defendem a ciência, de cálculos ou equações. Outros se apegam na fé, no Deus.
Pois bem, plantado no entre o ceticismo e a fé, eu me acho completamente sem rumo. Observo com muita convicção as descobertas da ciência, com as quais me obrigo a concordar, pois fazem sentido e tem uma lógica perfeita. Mas por um outro lado, é impossível me desligar da ideia de Deus. Um paradoxo, sim, um perfeito paradoxo. Pois o certo seria defender uma tese ou posição, ser de um lado ou outro, e não ficar se equilibrando em cima da borda do muro que divide as duas possibilidades.
Poderia muito bem isso ser alcunhado de covardia. Mas certas coisas me fazem discordar desse quase plausível argumento. Raciocínio frio e científico não mantém relações das mais estreitas com o sentimentalismo da fé. Dessa forma, podemos reparar que estamos entre extremos, ou se é cientista ou fiel.
Ora pois, não sou nem um nem outro.
Não tenho o profissionalismo nem a mente crítica de um cientista, e muito menos a emoção profunda pelo espírito religioso. Na grande, quase total, maioria das vezes, me posiciono como simplesmente mero observador sem conhecimentos profundos. Vejo, ouço, penso e não chego a conclusão nenhuma. E se chego, é uma conclusão que faz sentido tão somente para mim mesmo. Seria uma espécie da agnosticismo; afirmar que esse conhecimento superior, existencialista, está longe de mais de minha mente limitada.
Mas também não é por aí. Tenho sérias implicâncias com o agnosticismo, que em muitos e muitos casos serve para disfarçar uma verdadeira covardia, ou que também transforma o indivíduo num ser arrogante e que quer a todo custo se livrar das responsabilidades que uma posição dentro desse tema implicasse. Um falso discípulo socrateano, que anuncia que a única coisa que sabe é que não sabe de nada.
Tentar aliar as duas coisas é algo bem complexo. Admito que inúmeras vezes divaguei sobre isso, pensando como explicar os fenômenos científicos por uma ótica supostamente divina. Difícil, quase impossível. Eu sou um ninguem, e essas questões não me corroem tanto, mas outros homens de destaque e respeito na história consumiram suas vidas tentando encontrar respostas. Mas nisso surge a questão: para que respostas? Elas irão mudar nosso destino fúnebre?
Não, não vão. Mas o homem é o ser mais curioso que já andou por estas bandas do universo. E sente reduzido quando sabe que não entende algo, um tipo de desperdício de intelecto. Isso é estranho e confuso, mas me parece ser verdade.
Ao longo dos milênios deuses ascenderam e despencaram, nasceram e morreram, apareceram e sumiram.
No ocidente acreditamos em monoteísmo. Mas no oriente, na África, na Oceania,no mundo nórdico acredita-se numa enormidade infinita de deuses e divindades. Quem tem razão. A arrogância filosófica do ocidente ou a sabedoria milenar do oriente?
Óbvio que eu não tenho respostas. E ninguem as tem.
A existência não passa desse jogo sem fim de questões. Estamos todos fadados a buscar respostas para questões que muito provavelmente são apenas frutos de nossa prodigiosa imaginação.
Uma visão simplista e relativamente coerente: somos nossos próprios deuses. Deus vive em mim, ele é eu, e eu sou ele. O meu Deus não o mesmo que o seu ou o de ninguem. Deus então seria uma exclusividade, que nunca se repete, sempre diferente.
Sim, pelo visto Deus foi mesmo apenas uma palavra para explicar o mundo. Ele nasceu da imaginação, da capacidade de pensar. Logo, meu Deus será minha imaginação.
Acredito que minhas filosofias não tenham sentido, minhas ideias deem círculos e não vão a lugar nenhum.
Certo,sem problemas. Mas as de quem fazem sentido e levam a algum lugar?

domingo, 21 de junho de 2009

É sim, eu não bebo

Algumas vezes me causa espanto a reação da pessoa para quem eu digo isso.
Por algum motivo que me soa quase como maçônico, é uma regra imprescindível da sociedade moderna ser um pingunço inveterado, e tirar onda de "bonzão" disso. Se o indivíduo sair para uma festa e voltar para casa sóbrio, estará cometendo um pecado dos mais graves do repertório da religião frívola-mundana.
Pessoalmente não consigo compreender qual a razão de se ficar de porre. Também me estranho observar como se pode gostar de uma coisa com gosto tão ruim como bebidas alcoolicas. Cerveja, vinho, chachaça, whisky, vodka.... tanto faz. Tudo tem o mesmo gosto ruim. Isso sem levar em considerações os efeitos dessa substância no organismo.
Uns me dizem que o alcool faz criar coragem. Outros que só porque é bom. E tem os que enchem a cara simplesmente para ficar de porre. Bem, não sei se o problema é com eles ou comigo. Se os estranhos são eles ou eu. O mais provável disso é que eu seja um ser estranho e incomum nesse mundo; mas levando em conta a quantidade de coisas absurdas que já pude observar pelo comportamento "normal" , fico muito bem sendo uma criatura estranha e bizarra que não gosta de alcool.
Certa feita li um livro chamado "Até o mais amargo fim", de uma cara austríaco chamado Johannes Mário Simmel. Nele se conta a história de um ator fracassado e alcoolatra que se usa das mais baixas artimanhas para reascender ao estrelato e ao sucesso. Esse homem é doente, extremamente doente, principalmente em decorrência do cosnumo exagerado de bebida. Ao longo da trama se desenrola as misérias desse viciado, até o momento em que ele se vê obrigado a se tratar. E é nesse ponto que me impressionei definitivamente com essa história. Na clínica onde o ator tenta se recuperar, o médico lhe dá sermões a respeito do que o alcool representava ara a sociedade do século XX.
Achei tudo simplesmente perefeito. De uma sensibilidade e realidade crua e direta. O alcool foi "O mal do século", e até os dias de hoje ainda ronda muita gente fraca e sem estrutura psicológica. Em minha singela, modesta e desprezível opinião, qualquer pessoa que se apegue demais nesse artifício de efêmera felicidade e auto-realização, é totalmente oca por dentro, perfurada por dúvdas, incertezas e frustrações, que se extravasam por esse meio tão pouco ortodoxo.
A inerente covardia da raça humana pode igualmente ser um fator significante. O alcool encoraja, como já mencionei, e faz com que os medos se apequenem, fazendo com que surja um sentimento de onipotência e intocabilidade, que na maioria das vezes é trágico. O alcool traz uma ilusão, que se acaba num certo espaço de tempo; então, o fraco quer sentir aquilo de novo, e se embebeda outra vez. Isso se torna um círculo, o vício nasce e se apodera do corpo e da alma. Um caminho sem volta.
Egocentrismo e vaidades à parte, tenho orgulho em dizer que nunca tomei um porre, e nem pretendo o fazer. Não me sinto superior a ninguem por cuasa disso, nem melhor nem pior, apenas tenho uma forma mais lúcida e crua de ver o mundo. Meus olhos são mais abertos, veem mais coisas, isso sim é uma virtude, mas que se não usada com parcimônia, também acaba como um problema: o problema da altivez.
Prefiro ser um capitalista, verme de sistema, e tomar Coca-Cola mesmo.

sábado, 30 de maio de 2009

Nós não precisamos de Heróis

Heróis. Todo mundo gosta deles, é impressionante. Mas eu não gosto.

Essa figura curiosa idealizada lá pelos fins do século XVI deixa entender uma porção de coisas a respeito de nós mesmo e das inúmeras gerações que nos antecederam por cima desta miserável terra.

Bem, é óbvio que os tais de heróis existem a tempos imemoráveis. Certamente todas as culturas já tiveram (ou ainda tem, vai se saber) os seus heróis. Mas por que diabos nós precisamos deles? Sinceramente não sei.
Mesmo não sabendo o motivo real, nutro uma teoria. É muito provavél que essas ideias nem da minha cabeça tenham realmente brotado, mas sim moldadas a partir de ideias de outras pessoas captdas ao léu na imensidão do mundo literário. Mas isso pouco importa; seria mais ou menos assim:
O homem é fraco. Muito fraco. Disfarça sua fraqueza com a intelectualidade que desenvolveu ao longo dos séculos, defendendo assim sua superioridade em relação as demais criaturas que andam por aí. Muito bem, são fracos, medrosos, apavorados e sem motivação desapegada para com nada, e exatmente por isso, estando conscientes disso tudo, ineventam figuras daquilo do que queriam ser: fortes, corajosos, valentes e destemidos. Sua única virtude transforma-se em sua arma: a inteligência. Logo, não conseguindo obter esses ideais, ele os cria em criaturas imaginárias que propaga aos quatro ventos como sendo o modelo de homem de verdade. O Herói.
Pode até se imaginar que isso não tenha nada demais, que seja natural e irrisório. E por um lado até que é mesmo, só que na maioria das vezes o único que sabe quer isso não passa de umas invecionice de um covarde é o próprio autor. Enquanto o idealizador se conforma com a ignobilidade, iludindo-se com suas imaginações, os que ainda mais mundanos e fracos levam aquilo á sério, transformando a figura do herói como sua meta maior da existência.
E eis que é aí que mora o maior de todos os ledos enganos: todos querem serem heróis; mas sua natureza abobada e covarde nunca permitirá, levando de uma frustração a outra, num ciclo eterno de desilusões e fracassos.
Triste, deverás triste.
Mas o maior dos divertimentos humanos é se enganar. Fechar os olhos para a realidade se apegar ferozmente às idealizações, imaginadas por pessoas tão fracas quanto. Idealizações, idealizações e mais idealizações..... Durante quase toda sua história o ser humano não passou de um produto de produção em série, que se obriga a seguir modelos para tudo, de conduta, aparência, posses e ideais. A origininalidade que o intelecto poderia trazer nunca nem existiu.
Estamos todos agrilhoados num mundo sem saída ou escapatória. Quem não é igual ou é louco ou perdedor, um relés idiota, um verme insignificante que não é digno de qualquer atenção ou respeito. Como diria o Metallica: "Sad but true".
Toda essa patavina ainda por cima é mergulhada numa incoerência sufocante. Ora pois, nessa sociedade falida e pútruida, todos tem a obrigação cívica e moral de serem iguais, meras cópias em preto e branco uns dos outros; mas como então se explica a necessidade dos seres superiores, fortes e corajosos? Os heróis? Certamente a única resposta que qualquer um chegaria é: "Sei lá".
Uma campanha de televisão diz que o que move o mundo não são as respostas, mas sim as perguntas. E não vejo nada mais verdadeiro que isso, pois sempre que se encontra uma resposta, brotam outras tantas questões a partir dela. E se por acaso se acha-se um motivo para aquela questão acima, surgiriam mais e mais perguntas, tentando se entender a piada da existência.
Um sujeito chamado Tobias Sammet escreveu uma letra que dizia assim: "We are falling - falling to rise /Pain is the guide out of the wastelands / We don't need a hero" . Mais adiante fala-se em que não precisamos de charlatões que nos mostrem a luz. Por essas e por outras que eu adoro esse cara.
Não, não precisamos de heróis. Se por um acaso do imprevisível destino a humanidade abrir seus olhos há muito lacrados, se verá o quanto eles são estúpidos.

segunda-feira, 13 de abril de 2009

Flmes que não vi


É impressionante a forma como o tempo passa. Parece até um filme Holywoodiano de última classe, cheio de idealizações e cenas previsíveis, onde o desfecho não passa de ilusão.

Um mundo moderno cheio de novidades que se empilham umas sobre as outras a todo momento, num fluxo que não se pode por mais freios, se desenrola de uma forma transloucada bem na nossa frente. Nossas pobres mentes são saturadas por notícias que se repetem incessantemente durantes os noticiários de hora em hora. Somos expostos a uma gama tão grande de coisas, que na maioria das vezes não entendemos nem a metade, mas do mesmo jeito a informação fica retida em algum ponto obscuro de nossa memória, fermentando mais e mais com os outros entulhos que vem chegando sem parar.

Bons eram os tempos em que as pessoas viviam sem saber quase nada sobre o mundo. Viviam suas vidas e se preocupavam só com os seus problemas, e não se martirizavam pelos "dramas" alheios.

Mas hoje, com a absurda interação proporcionada pelos meios modernos de comunicação, nos sentimos muito próximos a pessoas que sequer conhecemos, que se não aparecessem por seja lá o que for na mídia, não daríamos a menor falta.

É estranho ver como existe uma relação paradoxal entre as importâncias dos acontecimentos. As pequenas futilidades do dia-a-dia várias vezes ganham proporções épicas e avassaldoras. Uma lâmpada queimada se torna um crime infinitamente pior que o genocído de Ruanda nos anos 90, ou a fome que aflige os somalianos e os sudaneses, que além da fome precisam driblar guerras cívis que destruíram suas famílias e suas tradições.

Vamos enlouquecendo. Enlouquecendo na pseudo lucidez do mundo globalizado. A saturação midíatica nos faz nos reduzirmos as nossas excentricidades e egoísmos, que refletem em casos de interação com tolices cultivadas pelos próprios meios da imprensa sensacionalista, maquiados na hipócrita indignação inerte, inpulsionada pelos interesses mais baixos possíveis. Enquanto isso pessoas morrem dos jeitos mais tenebrosos e desumanos, ao mesmo tempo que as classes medianas vivenciam os dramas da novela das oito.

O mundo é definitivamente uma loucura. Uma loucura de sentimentos ganaciosos e mesquinhos que tiram o tempo de tudo. Os hábitos saudáveis são indiscriminadamente deixados de lado em detrimento à busca do dinheiro e à fútil felicidade.

Um bom filme num sábado tranquilo...... Utopia. A ganância não permitiria.

E são tantos os filmes que eu não vi.....

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

Tempo, tempo, tempo......

Muito tempo. Tempo demais até.
Talvez um défcite criativo? Pode ser que sim, pode ser que não. Outras preocupações remetem ao esquecimento de outas coisas tão ou até mais importantes.

Pois bem, o tempo do ócio anda por seus últimos instantes, e o tempo passa a correr de uma outra forma: a forma dos penamentos......