sábado, 21 de dezembro de 2013

Top 20 Músicas de 2013™



Eu tinha feito uma lista dessas no ano passado no meu outro blog. Mas como eu abandonei aquele, resolvi fazer a versão deste ano aqui. Elenco as músicas que eu mais curti em 2013 (que eu mais gostei, não melhores, afinal não sou dono de verdade nenhuma).
É basicamente heavy metal e derivados, mas tem uma e outra surpresinha no meio.



20 – Castles in the Air – Stratovarius
            Que baita disco esse Nemesis. Definitivamente o melhor da banda desde a tumultuada saída do Timo Tolkki. Eu adoro essa música em especial por causa do refrão poderoso e a forma como ela é construída, sendo jogada nas alturas por teclados excelentes e backing vocals fantásticos. E a letra é fantástica também. 






19 - Enshrined in My Memory - Timo Tolkki's Avalon
            O senhor Tolkki criou um baita problema para si mesmo quando começou a repetir-se infinitamente nos clichês que ele próprio criara no metal melódico. Aí ele resolveu lançar esse metal ópera, que ainda é puramente metal melódico, mas que com um pé bem fundo no freio em relação a fritações e clichês. E essa é a música que eu mais gosto, porque lembra o Stratovarius sem ser uma cópia barata, além de que tem a atuação sempre marcante da Elize Ryd. 





18 – Burn With Me – Amaranthe
            As baladas do Amaranthe são sempre muito boas. E com essa não foi diferente. O segundo disco foi em um mesmo nível que o primeiro, mas não se repetiu demais e para mim foi bastante satisfatório. 





17 –– Vision of the Condor – Tierramystica
            Essa banda veio pra ficar. O debut de 2010 já havia sido excelente, e este segundo trabalho chegou pra firmar de vez o nome do Tierramystica no cenário do metal nacional (e por que não mundial?). 





16 – Ditt Endelikt – Sirenia
            Misturar norueguês com espanhol pareceu uma boa ideia pra Morten Veland. E foi mesmo. 






15 - A Lannister Always Pays His Debts - Ramin Djawadi
            Apenas uma palavra: sim. Nada me impede. 



14 - Savior In The Clockwork – Avantasia
            Esse disco demorou pra me ganhar, mas essa música foi paixão a primeira ouvida. 




13 – All is One – Orphaned Land
            Um disco menos denso e complexo dessas lendas israelenses do metal progressivo, mas nem por isso deixa de ser fantástico. E essa faixa traduz com maestria tudo o que se ouve no disco. 





12 – Fantasy – Stratovarius
            Uma canção stratovariana até a medula. Tecladinho maroto e letra positivista do extremo do nosso amigo Kotipelto, o Augusto Cury do metal melódico.




 

12 – Darkest White – Tristania
            Que pedrada meus amigos. Quando eu ouvi a demo dela pela primeira vez, tive convicção de que o Tristania estava de volta à boa forma.





11 - The Age of The Atheist – Sepultura
            O Sepultura de sempre com uma cara totalmente nova.




10 – Himmelfall – Tristania
            Grande atuação do Kjetil Nordhus, que se afirmou de vez nos vocais limpos da banda. Grande atuação da Mariangela também, que arrasa no refrão. 





9 - Those We've Left Behind – Maegi
            Hansi Kürsch né 




8 - Back on the Ground – James Labrie
            Jaiminho manda muito bem na sua carreira solo. Dessa vez lançou um disco ainda melhor que o anterior, e essa faixa foi a que eu mais gostei. 





7 – Frozen North - Bruce Soord with Jonas Renkse
            Um lançamento muito legal. De metal não tem nada, mas têm uma atmosfera meio Katatonia que fecha perfeitamente com a voz do Jonas. 






6 – Deathlike – Ancient VVisdom
            Definitivamente, uma das minhas bandas favoritas da cena occult rock. 





5 – More than Living – Jess and the Ancient Ones
            Definitivamente, a minha banda favorita da cena occult rock. Que música fantástica, transcendental eu ousaria dizer. Irmã gêmea de Sulfur Giants do disco de estreia, mas que mesmo assim tem uma aura poderosa e grandiosa, que te envolve por completo e te leva numa jornada mística quase sem volta. 






4 – Shades of Gray – Amorphis
            Não são 50, mas o suficiente. 






3 – Requiem – Tristania
            Mariangela na sua atuação mais segura e impactante desde que entrou na banda. É a música dela, o seu momento de brilhar e mostrar todo o seu potencial. Em Darkest White ela aparece “menos” que em Rubicon, mas eu não enxergo nada de mal nisso, pois aqui ela é infinitamente melhor aproveitada.







2 – Year Zero – Ghost
            A síntese da grandiloqüência e teatralidade de uma das melhores bandas surgidas no novo milênio. 






1 – Night on Earth – Tristania
            Acho que a essa altura já ficou bem claro que Darkest White foi de longe o meu disco favorito de 2013. E com certeza Night on Earth é a minha favorita. Eu enxergo aqui tudo o que o álbum traz de melhor: o peso e a intensidade, a virulência, os guturais incríveis de Anders e mais uma espetacular atuação da Mariangela. Um refrão que volta e meia fica na minha cabeça e me faz cantarola-lo um dia inteiro. Realmente fantástico.
            Sim, Darkest White é o disco que eu mais gostei em 2013, e eu o achei tão bom que me deixa triste não vê-lo em mais listas de melhores do ano que saem por aí. Mas enfim, no meu pequeno universo alternativo, foi O melhor.








Bônus: duas músicas que eu adorei, mas não foram de lançamentos “oficiais” das respectivas bandas.



Loneliness Remains – Paradise Lost
            A banda lançou uma coletânea de b-sides e covers, e incluiu esta excelente música inédita, que bebe com vigor na fonte do Doom Metal, com influencias de Black Sabbath e Type O Negative. 





Lei it Burn – Within Temptation
            Demo de uma música inédita que fará parte do disco novo da banda, Hydra, a ser lançado em janeiro próximo. Refrão incrível e grudento, com bastante peso e melodia. Sena demo me ganhou, imagine-se só na versão oficial. 







E pra fechar, uma menção honrosa pro Behemoth que me faz essa OBRA DE ARTE:


terça-feira, 10 de dezembro de 2013

Dragões Dançam e os Ventos vão soprar mais fortes



            Muita gente por aí vem dizendo que George RR Martin não tem mais interesse em As Crônicas de Gelo e Fogo e Westeros, pois entrega muito do seu tempo a outros projetos e aparentemente não coloca todo o seu foco na produção do próximo volume da saga. Tolas crianças do verão...

            Terminei de ler The Princess and the Queen, nova novela do autor que se passa em Westeros, durante a sangrenta guerra civil conhecida como A Dança dos Dragões*, que dividiu a família Targaryen e destruiu com praticamente com todos os dragões. A história se encontra na gigante coletânea multigênero Dangerous Women, editada pelo George em conjunto com seu parceiro de longa data, Gardner Dozois, mais um dessas empreitadas que irritam fãs mundo a fora. Eu, pessoalmente, nunca deixei de acreditar no nosso amigo barbudo do Novo México, mas essa história me fez ter toda uma nova expectativa para como vindouro The Winds of Winter.

            Você pode achar que a criatividade doentia e sangrenta do autor atingiu seu ápice no aclamado A Tormenta de Espadas. Lego engano, camarada. The Princess and The Queen, em suas menos de cem páginas, tem tanto sangue quanto os romances da saga principal. Tem traição, tem intrigas, tem manipulações e tudo mais do que nós tanto amamos. E o melhor de tudo: tem DRAGÕES. Muitos dragões. 

            Os dragões de Daenerys são um dos grandes atrativos da saga, sem dúvidas. Porém eles são jovens, pequenos e mal utilizados ainda por sua dona. Nem sombras são dos seus antepassados, as monstruosas feras aladas que Aegon o Conquistador usou para subjugar Westeros. Mas agora, George nos presenteia com uma narrativa que garante grande enfoque às criaturas, mostrando toda sua ferocidade, poder e magia. As batalhas no ar entre os dragões e seus cavaleiros são de uma grandiosidade impressionante. Realmente de tirar o fôlego e arregalar os olhos. E isso demonstra como George é um excelente contador de histórias. 

            Quando fiquei sabendo que a novela seria em forma de um relato escrito por um arquimeistre da Cidadela, fiquei com o pé atrás. Bem atrás. Honestamente, fiquei com algum medo. Porém, poucas páginas depois de começar a ler, não só entendi a escolha como também a achei perfeita. Se fosse pelo estilo tradicional, pelo ponto de vista dos personagens, a história precisaria de um livro inteiro e tão grande quanto os demais para ser contada. Já o relato do arquimeistre reúne os fatos conhecidos e relatados por outros meistres e escribas diversos, as incertezas e dúvidas sobre como as coisas realmente se desenrolaram, e questiona versões populares sobre os eventos, dando um panorama suficientemente profundo do conflito sem a necessidade mergulhar completamente nele. Ainda mais que a narrativa conta com aquelas piadas, ironias e ditos de nobres e plebeus que deixam a prosa tão cativante e divertida, mesmo com as descrições mais sangrentas e brutais de uma guerra insanamente cruel. 

            Além disso, há de se louvar essa incitativa de expandir temporalmente a história dos Sete Reinos. Os contos de Dunk and Egg deram início a esse processo, voltando noventa anos no tempo e nos dando toda uma nova percepção sobre Westeros, seu povo e seus senhores. Em The Hedge Knight, vemos acontecer algo que é citado em A Fúria dos Reis, quando o Lorde Comandante dá uma breve lição de história para Jon Snow na Muralha. Já em The Sworn Sword, aprendemos muito mais sobre a rebelião Blackfyre. Por sua vez, The Mystery Knight o fracasso de uma nova tentativa de rebelião e nos apresenta um intrigante personagem que voltaríamos a ver mais tarde. O que tínhamos ouvido da boca dos personagens d’As Crônicas.A História westerosi sendo costurada e tecida em uma grande tapeçaria.

            História. Mas uma História colorida, viva, cheia de emoções. George vai aos poucos consolidando seu universo como algo concreto, vívido, crível. Eu sempre enxerguei os personagens como seu maior trunfo, mas agora, com The Princess and the Queen juntamente com as aventuras do cavaleiro muito alto e do menino careca, o universo se equipara aos personagens, ou melhor, se fundem e se tornam indeléveis. 

            Agora me digam: um escritor que perdeu o interesse em sua maior obra faria tudo isso? Engrandeceria seu mundo a um nível ainda maior? Empenhar-se-ia horas e mais horas nesse objetivo? Presentearia seus fãs com algo tão bom e excitante? 

            Eu acho que não. 

            Por isso tudo, as minhas expectativas quanto a The Winds of Winter não poderiam ser maiores. Aumentou-se o que já era grande. 

            George não perdeu a mão, muito longe disso. Trilhou um caminho tortuoso em O Festim dos Corvos e A Dança dos Dragões, pois depois de A Tormenta de Espadas, ele se deparou com uma história imensamente grande e complexa, tanto que acabou se dando conta que não conseguiria chegar aos seus objetivos como planejara, e por isso um longo desvio com o pé fundo no freio se fez necessário. 

            Observando com atenção os acontecimentos dos dois últimos livros lançados, pode-se vislumbrar algo grande se aproximando, aquilo que George havia imaginado, finalmente tomando corpo. Infelizmente ele tinha nas mãos um nó meerense e não um górdio, e por isso não poderia usar uma solução Alexandrina.

            Mas, ao que tudo indica, vai valer a pena esperar. E como vai.





* Vale fazer nota que não tem qualquer relação com o quinto livro d’As Crônicas, o qual o título original em inglês é A Dance With Dragons, cuja tradução literal seria Uma dança com Dragões.

terça-feira, 26 de novembro de 2013

Ver com mais do que apenas os olhos



            Eu gostaria de ser contista. Dos bons, como Tchekov e sua infinidade de fragmentos de cotidiano, ou James Joyce e suas cenas dublinenses. Daqueles, que com uma história simples e pacata conseguem extrair a mais genuína essência do ser humano, desnudar medos, angústias, amores e alegrias. Mesquinharias e generosidades, melancolias ou euforias. As pequenas coisas que nos definem como humanos. 

            Mas ser contista deve ser uma tarefa complicada. Não é algo tão simples tirar o extraordinário do ordinário, ver algo a mais onde a maioria das pessoas enxerga apenas a vida cotidiana se desenrolar em uma forma fluída e sem muitas surpresas. É preciso um olho aguçado, uma percepção que vai além do óbvio, e o principal de tudo: conhecer pessoas. 

            “Ninguém é uma Ilha”, diz o título de um livro muito bom do austríaco Johannes Mario Simmel. E o contista precisa levar isso muito a sério. Ele deve se envolver com as pessoas que o cercam, além de buscar conhecer novas pessoas a todo o momento. Aprofundar-se em seus sentimentos, ir além da cama superficial da etiqueta social do dia-a-dia. Tirar a máscara que cada um de nós usa, com delicadeza, com cuidado, e ver o que há escondido do outro lado. 

            Tudo isso é demais para alguém como eu, que não tem lá muita ideia de como se relacionar com as pessoas. Mas, por sorte, existem aqueles que sabem, e muito bem, como fazer isso, e nos presenteiam com suas pequenas e reveladoras histórias.