sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Big Brother

Todo mundo que tem conta no twitter vem observado nos últimos dias algo que eu consideraria parecido com uma guerra. Uma guerra entre quem ama e quem odeia o reality show Big Brother Brasil exibido pela toda poderosa vênus platinada.
Em meios virtuais do tipo do twitter ou mesmo outras redes sociais, geralmente, tento manter-me fora de qualquer tipo de discussão desse caráter; logo, omito-me de comentar tal programa televisivo. Trago para cá minhas impressões a cerca desde produto.

Sim, produto. Qualquer coisa veiculado por uma emissora de televisão é um produto, que visa retorno finaceiro. Isso não deve ser encarado em todos os casos como algo ruim, já que querendo ou não tudo tem custos de produção, para manter não só a atração mas também o veículo em si. Mas no caso especial do Big Brother, a concepção de produto fica ainda mais acentuda.

Muitos creem que o programa seja armado e que isso e aquilo. Pessoalmente, não acho exatamente isso. Na minha opinião o programa é direcionado e manipulado, não no sentido de já ter um roteiro pré-definido e desde logo haja um vencedor escolhido. Isso já se nota na escolha dos participantes. Cada um deles é quase que cientificamente analisado, para que preencha pré-requisito já definidos pela produção, para que haja acontecimentos previsíveis dentro da casa. Em suma: procuram por esteriótipos que ajam de uma maneira que causem os conflitos que tanto interessam os telespectadores.
Tem mulheres muito bonitas, homens malhados, metidos a engraçados, gordos, magrelos, pessoas de sexualidade dúbia fronte ao preconceito da sociedade e vários outros tipos contrastantes colocados para brigarem.

É curioso analisar o interesse quase doentio das pessoas em geral de observar outras pessoas reclusas. Alguns dizem que é apenas realidade focada num ponto específico. Eu diria que não, apoiado nos argumentos acima. Logo, temos um produto feito perfeitamente para saciar o Voyeurismo da população em geral, que fica "fascinada" com aquilo tudo.

Eu não vou bancar o cult que fala mal de BBB mas que fica olhando todo animado, mas critica pra fazer pose. Já faz pelo menos dois anos que não demonstro o menor interesse nesse programa, por isso abstenho-me de assitir e não teço comentários sobre a edição recente em lugar nenhum.
Ao que me parece, a internet dos dias de hoje é 8 ou 80. Ou você ama ou você  as coisas. O sujeito que ignora, que não dá a mínima para a "moda do momento" ou mesmo para algum tema específico, é hostilizado.

Como disse no começo, é uma guerra. Quem gosta de Big Brother é chamado de idiota, alienado e sem cultura. Quem não gosta é alcunhado de pseudo-cult com síndrome de underground que gosta de aparecer por ser diferente. Por essas e por outras que eu prefiro manter silêncio e ignorar, já que qualquer que seja sua opinião você é chamado de alguma coisa nada amistosa.

Enfim, deixe-se que o programa preencha pautas de programas vespertinos decadentes. Também não olho eles.




E por falar em Twitter, segue aí @jagutheil :~

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

O Bisturi e o Sucesso

Última madrugada. Como de costume, dificuldade em pegar no sono. Estando farto de fantasiar diálogos que provavelmnte nunca acontecerão, ligo o rádio e fico ouvindo o programa "Brasil na Madrugada", da Rádio Gaúcha. Nele se debatia o atual cenário do mercado da cirurgia plástica em nosso país.
Mas o que de fato mais chamou minha atenção foi uma constatação feita por um cirurgião que neste meio é bem conhecido, mas que eu realmente esqueci o nome: a grande maioria das pessoas que procuram clínicas que fazem cirurgias plásticas querem ficar parecidas com alguma pessoa famosa.

Ok, isso não é novidade nenhuma, já que é algo veiculado massivamente na mídia. Mas o que de fato me deixou surpreso foi algo que ele disse depois: "As pessoas querem ficar com partes do corpo parecidas com as de pessoas famosas porque nessas pessoas elas identificam e visualizam o conceito de sucesso. Em geral, assimilando-se a esses 'famosos', as pessoas comuns creem que possam conseguir o mesmo sucesso."

Talvez essa seja uma constatação óbvia feita pelo médico, mas fiquei de fato perplexo ouvindo aquelas palavras.

O ser humano desde sempre tenta observar aspectos e características que indiquem sucesso, seja para copia-las e igualmente obter sucesso ou, no caso instintivo de perpetuar a espécie, conseguir um parceiro ideal. E isso também se aplica a grande maioria dos seres vivos que andam sobre a terra. Logo, como já mencionado, é algo que parte do instinto mais primitivo, do lado irracional do homem.
Só que daí eu me pergunto porque o homem se acha tão racional, tão dono de seus atos, tão superior se se deixa levar por instintos dessa natureza? (Existem vários tipos de instinto, mas me apego nesse, já que dissertar sobre outros não caberia nesse momento).

Mas me ocorre uma possibilidade hipotética: aliado a esse instintivismo, temos a pressão massiva e impactante da mídia, que cria esteriótipos de tipos vencedores, que tem um padrão físico e estético, de personalidade e atitude, que a esmagadora maioria da população alienada compreende como seja o tipo que consegue sucesso, e quando não se é daquele tipo pré-estabelecido, se está fadado ao fracasso.
Portanto, temos uma lastimável soma de instinto primitivo e desnecessário (dado nosso suposto nível intelectual) com a típica alienação midíatica causada por interesses de corporações de todo tipo, numa cadeia de manipulações intrincada e cheia de ramos.

Na minha irrisória opinião, o simples fato de pretender conseguir um algo mais tentando tornar-se parecido com alguem já conseguiu, por si só é um auto-desmerecimento gigantesco. Acaba-se negando a si mesmo, assinando um atestado de inferioridade, algo muito mais auto-depreciativo do qualquer pessoa de baixa-autisma crônica seria capaz de fazer.


Não vejo motivo plausível para crer tanta intensidade que seguindo um padrão há de se obter sucesso. Existem duas coisa infinitamente mais poderosas que um bisturi para atingir seus objetivos: talento e determinação.