quarta-feira, 27 de maio de 2015

Obrigado Mad Men



       
           Não foi muito longo o tempo que Mad Men fez parte da minha vida. Pra ser exato, menos de um ano. Revirando minha timeline do facebook lembro que vi o piloto da série em 22 de junho de 2014, uma entediante e chuvosa noite de sexta feira. Não me recordo muito bem qual foi o motivo que me fez começar a serie naquele momento, talvez mais um dos incontáveis elogios que já havia lido no twitter ou em site de séries. Mas isso não importa, o que realmente importa é a poderosa experiência que as sete temporadas dessa série me proporcionou. 


terça-feira, 5 de maio de 2015

Eu não existo

Eu honestamente tinha pensado que os dias de blábláblá depressivo desse blog fossem coisa do passado (dia desses dei uma olhada nos posts mais antigos e me bate uma vergonha do caralho). Ora, doce ilusão.

Não adianta, cara, quando você carrega consigo todas as suas amarguras e remorsos o tempo todo, quando eles estão sempre ali na espreita prontos para dar o bote, por mais que você tente se esquivar eles sempre vão voltar. É cíclico. Eu tento mudar um pouco minhas atitudes, ser menos exagerado, falar menos bobagem e ser alguém minimamente tolerável, Mas de novo: não adiante. A angústia sempre volta, e demanda ser expurgada por autodepreciação, piadas retardadas e muito, muito amargor nas famigeradíssimas """"redes sociais"""". E eventualmente alguns rabiscos em um blog que ninguém lê.

E aí que reside o maior problemas de todos. Internet.
Eu só existo aqui, em arroubos de estupidez, torrentes de comentários vazios sobre heavy metal e seriados, alguns esportes que ninguém mais gosta. Fora disso? A rotina de acordar-trabalhar-almoçar-trabalhar-jantar-dormir, costurada com as coisas que falo e faço na internet. Vai dizer que não é deprimente? Eu realmente não existo. Eu não saio de casa em um fim de semana, ou pra fazer alguma coisa que eu realmente queira, tem praticamente quatro anos.

Eu posso dizer que já tive amigos de cotidiano, de vida real, ótimos amigos, que se importavam e até certo ponto gostavam de mim. Depois de terminar o ensino médio e fracassar amargamente em tudo o que tentei fazer depois disso, comecei essa clausura e praticamente afastei todas essas pessoas. Acho que na maior parte inconscientemente, e outros poucos talvez com uma dolorosa consciência, em impulsos e palavras ditas sem terem sido medidas antes. Me ligavam convidado pra fazer coisas, mas eu sempre recusava da maneira mais gentil, em um misto de preguiça e falta de vontade (e às vezes também simplesmente não dava, sejamos justos), até o dia em que essas ligações pararam. Eu não recebo uma ligação de um amigo tem uns três anos. Eles se cansaram, como todas as pessoas  com as quais eu me relaciono, nos mais diversos níveis, eventualmente acabam se cansando.  No fim das contas eu sou uma pessoa tóxica, eu irradio o meu mau humor e ressentimentos de uma forma muito mais forte do que as (muito poucas) coisas boas sobre mim. Cedo ou tarde as pessoas se dão conta da casca vazia que eu sou e se afastam.

Mas apesar disso tudo, essas coisas me perturbam bem menos hoje do que em outros momentos da minha vida. É uma questão de aceitação. Eu me aceitem como um saco de lixo humano que vai passar cada dia da sua existência sozinho. Não me entendam mal, eu não tenho depressão nem nada, dizer isso seria uma tremenda bobagem e um desrespeito com quem realmente sofre com essa doença. É apenas a frieza da lucidez falando, apontando com rijos dedos os erros que eu cometi e que me levaram a este bueiro existencial. Também não vou dizer que sou vítima disso ou daquilo, de daddy issues ou de ter sido incompreendido. Não, eu simplesmente sou um fracassado por natureza.

O lance de viver sozinho é a certeza mais forte. Eu não tenho nada pra oferecer. E não digo que eu ache que deveria sustentar minha esposa e toda essa ladainha anos 30. Eu vou viver nesse buraco chamado Roncador pra sempre, me fodendo todo santo dia na roça, porque eu não tenho o menor jeito de fazer qualquer outra da vida. O que isso agregaria na vida de alguma mulher que vai ter a sua carreira, os seus sonhos e objetivos? Nada, nadinha. Eu nunca prenderia alguém a uma vida insossa no meio do nada. Muito menos casaria e formaria uma família pura e simplesmente por conveniência social. 

E vai muito além disso. Quem iria querer manter um relacionamento com uma pessoa com crises de ansiedade que a fazem jogar tudo para o alto de repente? Que tem o toque de Midas reverso e destrói tudo o que de bom poderia ter? Alguém sem perspectiva NENHUMA de futuro? Alguém que mal sabe falar direito porque perdeu a prática? Alguém que a única coisa que causa excitação é um show de heavy metal quase um ano no futuro? Enfim, acho que deu pra entender.

Sabem, isso aqui não é bem um chororô ou uma poça suja de autopiedade. Nem justificativa de nada. Eu não vou tentar me eximir da minha condição de fracassado e inútil. É uma constatação.  Eu meio que senti a necessidade de falar essas coisas. Só falar, botar pra fora, tirar um pouco o peso da angústia na consciência. São pensamentos recorrentes na minha cabeça. Talvez isso me ajude a deixar eles um pouco de lado.

Possivelmente não vai, mas o que vale é a tentativa né?