sábado, 4 de setembro de 2010

"E se...?"

Existem perguntas absolutamente pertubadoras. Já tinha escrito aqui que uma delas é "Quem é você?", talvez a mais complicada de responder e que causasse mais sufocamento e opressão.
Mas nos últimos dias (meses, dependendo do ponto de vista) venho me deparando com uma questão que seja tão opressora quanto: "E se..?". As reticências são um simples generalizador, já que existe uma especificidade que não vem ao caso comentar, e também porque para essa pergunta as especificidades são detalhes absolutamente pessoais.

Nossas escolhas podem ser cruéis; nem tanto pela opção em si, mas sim por causa da dúvida que elas nos provocam sobre como as coisas teriam acontecido se fossem feitas de modo diferente. E isso se enquadra em qualquer tipo de situação, em inúmeos campos da existência, mas causando uma sensação muito causticante.

Quero me ater num ponto mais concreto: o que se relacionada com a covardia.
No âmbito das escolhas pelo menos existe um amenizador, já que se teve a escolha, se tomou uma decisão que causou uma consequência; logo, não teve nadade covarde. Pode ter sido certo ou errado, resultou em bônus ou ônus, mas ao menos houve a personalidade de se tentar.
Mas quando o que impera é a covardia, o medo, a incerteza, a situação muda drasticamente de figura. A sensação de não ter TENTADO é torturante. E nisso, mesmo tentando ao máximo evitar, o "E se..?" surge amargo, cruciante e completamente pertubador.

É uma espécie de dor, num sentido menos intenso da palavra. Vem a tona todas fraquezas, as incertezas e medos se escancaram gritantemente, a auto-estima despenca e ideias depressivas se tornam companheiras corriqueiras. Levando em consideração as individualidades comuns aos seres humanos, as reações para esses sentimentos variam muito; existem aqueles que se consomem, que se culpam demais e acabam  perdendo a vida para suas incertezas. Há aqueles que conseguem de alguma forma mascarar, mas que estão se enganando. Alguns se culpam, se deprimem e se acham completos idiotas, mas que de alguma forma tentam seguir em frente, encarando a amargura das dúvidas com uma espécie de aprendizado.
Eu tento ao máximo me enquadrar neste último tipo.

Nos últimos meses minha vida vem se resumindo a empilhar frustrações, angústias, remorsos e essas dúvidas recorrentas da covardia, e exatamente por isso tento encarar cada rasteira que levo de minhas escolhas como uma lição, uma aprendizado a ser levado para a vida. Entrego minhas horas de insônia diárias a refletir sobre essas coisas, me deixando consumir, me culpando enormemente, isentando qualquer outra pessoa de responsabilidades por tantos fracassos além de mim mesmo. Tudo isso é factual e inegável, mas eu acabaria realmente louco se não tivesse um mínimo de confiança que isso tudo serve como prova, para que quando a maturidade chegar de fato, eu consiga ser um homem melhor que esta adolescente tão diferente dos outros (que tem os mesmo problemas dos demais, só que refletidos em outros espelhos), cheio de remendos no espírito.

O jeito é tentar seguir o conselho que o Angra nos dá em Carry On:

"So, carry on,
There's a meaning to life
Which someday we may find...
Carry on, it's time to forget
The remains from the past, to carry on"

Um comentário:

Van* disse...

"...que tem os mesmo problemas dos demais, só que refletidos em outros espelhos" Isso é muito verdadeiro. Ei, tome as rédeas da tua vida. Nunca é tarde.