quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Estado Laico

Segundo a Constituição Federal de 1988 o Estado brasieliro é laico, ou seja, não tem qualquer vinculação com entidade religiosa ou assume alguma religião como sendo "oficial" da nação, também garantindo liberdade de culto religioso sem discriminação a todos os cidadãos.
Na teoria isso até que de fato acontece, porém no cotidiano das pessoas comuns e dos poderosos com intenções políticas, não é exatamente assim.

O pensamento do brasileiro médio ainda é colonial. E sendo desta forma, é fortemente ligado à religião, em sua grande maioria a católica. Mas como nas últimas décadas os movimentos tidos por evangélicos, pentecostais, ou qualquer uma das inúmeras definições que existem, creio ser mais correto e coerente então me usar da nomeclatura "cristã" para abordar a ideia destas linhas.
Mas como dizia, vivemos em uma época onde o pensamento persiste em ser colonial, baseado em preceitos morais e religiosos que ditaram regras durante séculos. Isso se nota perfeitamente na nossa prieira constituição, promulgada em 1824 pelo Imperador D. Pedro I, onde a Igreja Católica era vinculada e subordinada ao Estado, tendo o monarca plenos depoderes de indicar religiosos aos cargos mais elevados na hierarquia da Igreja. E mesmo da suposta modernização promovida pela nova constituição no já referido ano de 1988, muitos governantes se utilizam da influência de líderes religiosos para obter suas áreas de poder, isso quando os próprios líderes religiosos não tem pretensões de assumirem cargos públicos.

E o debate sobre a laicidade do Estado se acentuou de maneira bastante intensa nas últimas semanas. A campanha eleitoral de ambos os candidatos que disputam o segundo turno tem batido muito na tecla da legalização do aborto e do casamento homesexual, duas questões que são tabus para uma considerável parcela da população, justamente a que se prende em todo o moralismo religioso e que tem pensamento colonial.
Mas o problema de verdade é a volatilidade dos candidatos para agradar essa parcela nada laica; em certo ponto dos discursos para o prmeiro turno muito se falou na possibilidade de ser aprovada a lei do aborto e de permitir que pessoas do mesmo sexo possam se casar. Mas observando que a hipócrita indignação dos moralistas foi intensa, e que a candidata que vinha mais atrás nas pesquisas estava arrebanhando aqueles eleitores, o discurso tratou de mudar no primeiro instante após o pleito do dia 3 deste mês.

Isso não é democracia. O Brasil não tem democracia. O que se entende por isso neste nosso paraíso tropical não passa de instrumento de dominação e de obtenção de poder. Agradar um segmento em detrimento a outro, tendo em vista fins eleitoreiros, é simplesmente segregatório, já que se tem em mente que um grupo (o que me dá apoio e mefaz vencer a eleição) é superior ao outro (minoria que não me faz diferença); e princpipalmente se isso for por causa religiosa, pois fere profundamente o ideal de laicidade do estado.

Nossos políticos são completamente desprovidos da nobre arte da dialética. Campanhas são feitas de acusações e calúnias, ao mesmo tempo que vemos debates onde os dizeres são pobres, mal construídos e vazios de profundidade ideológica. Desta forma, sem ter a maneira intelectual de convencer eleitores de suas "propostas" eles muito espertamente se utilizam dos mais diversos artifícios corruptivos, que englobam as antiquíssimas trocas de favores materiais e nosso caso atual a manutenção de legislações baseadas em preceitos morais que partiram da Igreja em algum momento da história. (NOTA: mesmo esse tal de crisitianismo não costumando dar lá muitos exemplos de moralidade. Curioso, não?)

Essa minha ladainha toda vai do nada ao lugar nenhum, bem sei. Essas palavras todas não vão surtir o menor efeito se não houver uma revolução em todo o modo de ensino nesse país (certa feita li um livro de filosofia e me dei conta que doze anos de escola foram completamente inúteis), que cause uma mudança drástica de mentalidade nas novas gerações, que não se deixem iludir por conversas vazias e que tenham autonomia intelectual de poderem pensar e decidir quais o melhores representantes para gerirem nossa nação.




Um adendo: piadas de internet podem ser infames em muitos casos, mas quase sempre tem algum fundo de verdade.
Li essa e achei uma obra:

É CONTRA O ABORTO? Não aborte
É CONTRA O CASAMENTO HOMOSEXUAL? Não case com alguem do mesmo sexo.
E AGORA PARA DE ENCHER O SACO!

2 comentários:

Rafaela Rocha disse...

Falou tudo Júlio,

muito bom

Van* disse...

hahah, adorei essas últimas frases! WIN!