sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Romances ingleses

Romances ingleses: esses dias cheguei a conclusão de que exagerei neles.

Fiz uma pergunta qualquer para o meu pai, e por seu comum jeito irritadiço me respondeu um tanto grossamente. Quando ele fez isso acabei me lembrando de uma passagem de um romance inglês onde um distinto nobre sacaneia enormemente um americano um tanto idiota. A forma como ele falava era polida, cínica, fria e absolutamente intimidadora, mas sem mostrar qualquer coisa parecida com algum resquício de irritação. Fiquei imaginando por que é tão complicado para a maioria das pessoas ao menos parecer ser educada, tendo um mínimo de polidez e calma. Eu tento ser assim.

Ontem passei algumas horas de ócio na biblioteca pública da Feliz, e reli uma boa parte de um ótimo romance inglês chamado "Os Senhores de Cashelmara", de Susan Howatch. Um grandioso épico familiar que passa por 50 anos e três gerações de uma importante família da corte britância. Li esse livro em 2006, tinha o achado maravilhoso, e continuei achando quando vi ele de novo parado na mesa estante tanto tempo depois. E relendo algumas passagens acabei me dando conta de uma coisa: sou quase um britânico. Peu jeito polido, um tanto frio, fleumático de certa forma. No exato momento não me dei conta do porquê, daí fiquei fantasiando sobre o tema.  Reparando nisso parei para pensar na quantida enorme de romances de origem inglesa que eu já li.

Já me perguntei algumas vezes por que diabos sou tão frio pra vida desde que comecei a me preocupar com isso. Pensava, pensava e pensava e não conseguia chegar a nenhuma conclusão. Mas então, ontem, relendo aquele livro, tudo ficou claro como água cristalina: romances ingleses. Li dezenas deles, muita coisa mesmo, tantos que por osmose acabei absorvendo o jeito de ser dos britânicos. Mesmo histórias de amor mais acaloradas acabam tendo uma dose pesada de fleuma, de dureza, de estoicismo. Acabei me vendo naquelas páginas amareladas.
Sem querer notei outra coisa: nunca gostei de histórias de amor tórridas, quentes, de "sangue-latino", assim digamos. Sempre tive uma atração maior por coisas que tivessem um cunho racional mais forte em evidencia, contrastando com o sentimentalismo. De certa forma, acredito que isso foi uma forma inconsciente de me identificar, me sentir mais próximo da trama, por nunca conseguir entender os meandros daquilo que os poetas costumam chamar de "coisas do coração".

De que me serviu isso? Provavelmente nada, porque teoricamente eu já deveria saber disso tudo, minha neurose incontrolável me obriga a achar que tenho a obrigação de entender tudo por conta própria. Mas enfim, como ultimamente ando sendo mais aberto a pensar em sentimentalismo e coisas do gênero, acabou sendo interessante essa descoberta de auto-conhecimento.

E no mais, eu adoro romances ingleses, e nem penso em larga-los.

Um comentário:

Van* disse...

Pensando dessa forma, o meu sentimentalismo (quase) exagerado também faz sentido. Não chegava a ler romances do tipo Bianca, Sabrina e etc e tal, mas sempre gostei de histórias de amor. =)